Criar a identidade visual de um filme engloba diversas funções, como decorar um set, escolher o figurino dos personagens, determinar quais são os props (objetos que os atores manuseiam) usados em cada cena, fazer a concepção gráfica e por aí vai. Todas essas equipes possuem um diretor que por sua vez respondem para o produtor de design, antes chamado de diretor de arte - desde 2012 a categoria deixou de ser Melhor Direção de Arte para ser Melhor Produção de Design. Cabe a ele, portanto, coordenar todos os funcionários da equipe visual a partir daquilo que foi pensado em conjunto com o diretor e diretor de fotografia para dar vida à determinada história.
Com a cerimônia do Oscar 2018 se aproximando (ela acontece no dia 04 de março), A Arte do Cinema separou um especial sobre as categorias estéticas para todo o mês de fevereiro. Aqui, a primeira delas, revela as curiosidades sobre a produção de design dos cinco finalistas da premiação. Confira!
“The Shape of Water”, Paul D. Austerberry, Jeffrey A. Melvin e Shane Vieau
Pensado para ser gravado em preto e branco, o filme de Guilhermo del Toro não tinha orçamento para tal aventura. Ainda bem. A nova narrativa fantástica conta sobre o amor entre uma mulher que trabalha em uma base militar secreta e um homem-anfíbio, experimento do governo. Para equilibrar a estética visual, Paul D. Austerberry, Jeffrey A. Melvin e Shane Vieau misturaram o quê teatral e mágico típico de del Toro com a época em que se passa o filme, 1962, para garantir a noção de tempo/espaço do enredo. Foram quatro semanas de pesquisa intensa em arquivos da Guerra Fria para alinhar o tom dos sets. Universidades e laboratórios em Toronto serviram como locação para o filme, por conta dos elementos arquitetônicos pesados, como o concreto, e atmosfera sombria. Já para o espaço onde o homem-anfíbio fica e se envolve com Eliza os produtores de design tiraram o “dark” e transformaram em algo romântico, com cores mais alegres, o azul mais marcante, por exemplo.
Para o ambiente íntimo de Eliza, Guilhermo del Toro pensou em algo mais lírico. Apaixonado pela arquitetura do icônico Massey Hall, o diretor pediu para que a equipe de arte desenvolvesse o cinema onde a personagem vive em um apartamento conjugado com o amigo. Contrastando com os cenários acinzentados e azulados do centro de trabalho, a casa é mais acolhedora com tons quentes como o marrom, o laranja e o vermelho fechado. A água, elemento importante do filme, não deixa de dar o ar da graça por aqui. Paul D. Austerberry se inspirou nas pinturas japonesas de ondas do mar para encomendar à um artista pinturas semelhantes para pincelar a decoração das paredes do apartamento de Eliza, desde a porta de entrada.
“Beauty and the Beast”, Sarah Greenwood e Katie Spencer
Filme feito para sonhar acordado, A Bela e a Fera versão “real” é tão mágico quanto a versão em desenho. Para reconstruir o cenário do clássico da Disney, a equipe de arte foi composta por mais de mil funcionários. Partes dos ambientes foram feitas em CGI e a outra em réplicas fiéis ao filme original. Sarah Greenwood e Katie Spencer elaboraram ambientes ricos em objetos com estilo rococó francês predominante. A província de Villeneuve é inspirada na comuna francesa de Conques e foi construída com mais de 2 mil metros quadrados no estúdio de Shepperton, em Londres. Por ali, a equipe de arte também desenvolveu a oficina de relógios de Maurice (pai de Bela), com as criações feitas por ele baseadas nos trabalhos do artesão Johann Melchior Dinglinger (século 17 e 18).
No castelo, dois estilos dividem as atenções: Sarah e Katie optaram por separar os moods do filme com duas fontes de inspiração. Portanto, as cenas mais alegres e coloridas trazem elementos franceses e as cenas mais sombrias e de suspense remontam o barroco italiano. O salão principal, por sua vez, foi montado exatamente como no desenho, feito a partir de mármore falso com motivos beneditinos da República Tcheca, e iluminação de dez lustres de vidro feitos com base nos registros de Versalhes. Outro cenário que merece atenção é a biblioteca do castelo, desenvolvida de acordo com a estética da Biblioteca Joanina, em Coimbra, Portugal. Os mil livros dispostos nas inúmeras prateleiras são todos verdadeiros, feitos sob medida para o filme.
“Blade Runner 2049”, Dennis Gassner, Alessandra Querzola
Se tem uma coisa que Dennis Villeneuve tem é o tino para fazer cenas minimalistas - lembre-se de A Chegada. Na continuação do aclamado Blade Runner não foi diferente. E para acompanhar a belíssima fotografia (que também concorre ao Oscar), a produção de design de Dennis Gassner e Alessandra Querzola é de tirar o chapéu. Seguindo a noção existencialista do roteiro, as cenas são compostas por poucos elementos, mas pontuais e extremamente enriquecedores para a narrativa, que consomem os personagens em foco. Além disso, o filme desconfigura o ideal de futuro e critica o comportamento social contemporâneo, revelando anos nada promissores para a continuidade da existência das espécies. Ambientes escuros, neon e carros voadores trazem a nostalgia do primeiro filme, e o suspense da trama ficcional. A simplicidade é uma constante e é a paleta de cores que dita a diferenciação de cidades presentes ao longo do filme. Los Angeles é o reduto tecno (quase Tóquio) e Las Vegas ganha atmosfera radioativa com o laranja estourado na tela inteira. A cor também aparece em nuances estratégicos na sede da empresa Niander Wallace, outro ponto alto da direção de arte. O espaço bem misterioso joga com o poder da arquitetura na concepção de luz e sombra.
“Darkest Hour”, Sarah Greenwood e Katie Spencer
A grande metáfora para o desenvolvimento deste filme para o diretor Joe Wright, em suas palavras, foi o jogo entre claro e escuro para justificar a saída de Winston Churchill das sombras para a luz, se tornando primeiro ministro no final da Segunda Guerra Mundial. Assim como Dunkirk, o filme não mostra nada dos alemães, deixando-o o mais inglês possível - inclusive no humor. As produções de época têm sempre a dificuldade de balancear as questões históricas com o conceito do longa.
Sarah Greenwood, nomeada ao Oscar também por Anna Karenina, Orgulho & Preconceito e Desejo & Reparação (todos de Joe Wright), teve certa liberdade para brincar com o mood das locações clássicas. Para os takes gravados dentro do Palácio de Buckingham, por exemplo, ela reconstruiu os ambientes dentro de uma antiga casa em Yorkshire; já o War Room deixou de ser algo linear como o banker no underground de Londres para se transformar em um verdadeiro labirinto, com muitas portas, janelas e entradas secretas para tratar de assuntos da guerra.
“Dunkirk”, Nathan Crowley, Gary Fettis
Amigo de longa data de Christopher Nolan e produtor de design de todos os seus filmes, Nathan Crowley começou o projeto de Dunkirk como sempre: na garagem da casa de Nolan. As conversas chegaram a tal ponto que ambos concordaram que precisavam visitar a cidade famosa na história, principalmente entre os ingleses, e lá decidiram que iriam gravar o filme por ali - o que facilitou de um lado e complicou de outro. Crowley e sua equipe, acostumados a trabalhar com Nolan, sabem da regra “fazemos tudo de verdade até onde não conseguimos mais fazer”, ou seja, a maioria dos cenários, navios, aviões, etc., não eram de CGI, eram reais.
Foram meses de pesquisa, leituras em livros históricos e muitos contatos para conseguir os objetos originais da época. Alguns aviões a equipe conseguiu fazer réplicas, outros foram emprestados de museus da Europa e colecionadores. Crowley também comandou as obras para o píer, onde estavam os inúmeros soldados ingleses, e reformas necessárias das peças emprestadas - o navio de assistência hospitalar foi pintado de branco, porque o real vindo da Holanda precisava de retoques.
Fonte: Casa Vogue
Adorei The Shape of Water, mas o filme que eu mais adorei pelos efeitos especiais e cenários. Foi um filme muito interessante! Sempre acompanhei o trabalho de Christopher Nolan, e quando soube que lançaria o filme Dunkirk, esperei com todo o meu ser a estréia. Amei desde que eu li o Dunkirk filme resumo. Mais que filme de ação, é um filme de suspense, todo o tempo tem a sua atenção e você fica preso no sofá. Realmente vale a pena todo o trabalho que a produção fez, cada detalhe faz que seja um grande filme. Realmente recomendo.
ResponderExcluirAmei o seu comentário! Obrigada pela dica!
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