O arco-íris é um belo efeito físico da incidência e separação das cores espectrais do sol sobre as gotículas de água suspensas na atmosfera. - Salto Barão do Rio Branco - Foto do autor do artigo
Para o insaciável comilão, a gula é o pecado da alma; o leitor compra o livro segundo a introdução lida no prefácio; para o fotógrafo, a melhor paisagem é a vista pela agudez e sensibilidade dos olhos; o caçador de cachoeiras move e remove montanhas e ao comprovar in-loco a veracidade do enunciado, suspira a singeleza da satisfação. E satisfazer o ego de modo tácito, é descobrir-se na simplicidade da criação.
Indubitavelmente, a curiosidade move o homem e ao ler algo chamativo, a imaginação irá por onde a leitura a levar. Razão pela qual, ao ler um título como o do artigo, por mais reticente que seja, o leitor sente-se instigado, atingido por uma pontada de ânimo, desejoso de saber se realmente existe “A terra das cachoeiras gigantes”. Uma imagem até pode auxiliar no desvende dos fatos; mas, jamais substituirá o que os cristalinos dos olhos registrarem e o que as digitais dos dedos tocarem. Todavia, assim como o experimentalismo e o empírico estão para os peritos; os desafios e as dificuldades estão para aqueles que não se assustam com o tamanho do abismo, o qual preserva a sete chaves os benévolos mistérios naturais. Para adentrá-lo, o homem tem que ser mais que simplesmente homem, daí o motivo dos abismos naturais permanecerem relativamente intactos; o que é excelente, porque em tudo que o homem comum toca, em anéis de fogo para o seus dedos queimar, se transforma.
O mundo está esparramado pelo Brasil adentro e um pedaço da Ucrânia, representado pelo município de Prudentópolis; que separado em duas palavras, a primeira é proveniente de prudente e o radical grego polis, significa cidade. Em sentido amplo e literal, Prudentópolis significa a cidade de homens prudentes, disciplinados, hierárquicos. Colonizada pelos ucranianos, o município paranaense, cujo símbolo é representado pela esguia araucária, árvore que dá o pinhão, um fruto altamente calórico e rico em nutrientes, é pequeno e pacato; mas grandioso em recursos naturais. Por todos os lados, o que se vê e respira é a pureza exalada pela simplicidade dos seres que habitam e compõem a Natureza em toda a sua inteireza.
O traçado geométrico urbano segue um quadriculado bastante regular, com o perímetro dos lotes acima da média para áreas urbanas; ruas largas com invejável arborização fronteiriça. No quesito árvore por metro quadrado, devido à campanha “Plante uma árvore para o bem de seu filho”, estima-se que o município esteja entre os mais arborizados do país; motivo da excelente qualidade do ar.
Ao chegar à cidade, o turista se deparará com um paradeiro quase que absoluto. Total calmaria; e fora o único atrativo urbano para se visitar, que é a igreja São Josafat em estilo bizantino e construída pelos colonizadores, os demais atrativos turísticos não estão muito distantes do centro; mas demanda uma boa espichada de perna e pulmões saudáveis para filtrar a poeira das estradas; principalmente no inverno, estação em que predomina o clima seco.
Para quem acredita que uma determinada carga de dinamite principia o rompimento da dureza de certas rochas, e para o outro que parou no tempo ruminando as consequências do desânimo, limitando-se a elas, abrir o compasso das pernas por mais de 100 km para visitar uma cachoeira, é dispender energia demais para obtenção do pouco êxtase de fazer uma selfie.
No entanto, para esses menos atirados às estradas, existem atrativos mais próximos do centro da cidade, e ao deslocar por cerca de 20 Km (ida e volta) os olhos se fartarão com o volume retumbante de água que desce do Salto Manduri e Salto Barão do Rio Branco; que represado, move uma potente turbina, gerando energia para a fábrica de celulose dona das terras.
(Foto: Adriana Justi / G1)
O terceiro roteiro é bastante peculiar; mas, indigesto para executá-lo. Estradas de terra batida salpicada por pontiagudos pedregulhos levam ao salto Sete.
Salto Sete – Foto do autor do artigo
Mesma cachoeira vista de baixo.
Salto Milot – Foto do autor do artigo
Quase 200 m de altura separam um céu azulado do chão, fazendo com que um salpicado de minúsculas estrelas iluminem o recanto que fica incrustado no sopé do rochedo à espera que alguém mergulhe debaixo de uma saia de espumas.
Onde há cachoeiras gigantes, há também a oportunidade para os extremistas testarem suas forças e emoções através dos esportes radicais. A adrenalina vai a mil quando pendurados numa corda, descem o despenhadeiro abismal sob as águas da cachoeira, esporte conhecido por alguns como cachoeirismo e por outros, como rapel. Já para aqueles que querem se ver nas alturas e somente apreciar o cenário sem ter contato com as águas gélidas, a tirolesa e o arvorismo são os esportes recomendados.
Desperdício de tempo é tomar conhecimento de algo magnificamente belo, sem dar a devida ênfase à beleza, saciar os instintos mais aventurosos, contemplando-o. E admitir através do espetáculo promovido gratuitamente pela Natureza, que as obras naturais foram cinzeladas por um Deus-artesão perdido nos recônditos mais inóspitos de mundo; porque, em meio à multidão, impera somente a impaciência, a intolerância, a indiferença, a injustiça e o poder material do quem puder mais, devoram, trituram os ossos dos de menos poder; princípios que não condizem com a simplicidade da Natureza.
Afinal, embora ela não se iluda com as manias e gigantismos de seus acervos, os mosaicos naturais não mentem nunca; ao contrário, torna verossímil a existência, não de uma, mas de muitas “Terras das cachoeiras gigantes” e para conhecê-las, basta um pouco de insanidade e muita humildade aventureira; sobretudo, perante os seus recursos, quanto mais destemido o homem for, mais presa fácil dela será; motivo das águas calmas ou turbilhonares terem aprisionado, abocanhado muitos invasores sob os seus domínios.
A Natureza é justa e não aceita negociatas, por isto, deve-se reverenciá-la, sempre; no entanto, acima da reverência, respeitá-la é regra indissociável.
Não há misticismo inclemente maior que o das águas e como manda do dito popular, as águas altas ou baixas, correntes ou paradas, preferem os medrosos e tacanhos, porque os atirados, os atiçados, a ela pertence.
Foto do autor do artigo
© obvious: http://obviousmag.org/ministerio_das_letras/2016/07/a-terra-das-cachoeiras-gigantes.html#ixzz51CLTzoAB
Onde há cachoeiras gigantes, há também a oportunidade para os extremistas testarem suas forças e emoções através dos esportes radicais. A adrenalina vai a mil quando pendurados numa corda, descem o despenhadeiro abismal sob as águas da cachoeira, esporte conhecido por alguns como cachoeirismo e por outros, como rapel. Já para aqueles que querem se ver nas alturas e somente apreciar o cenário sem ter contato com as águas gélidas, a tirolesa e o arvorismo são os esportes recomendados.
Desperdício de tempo é tomar conhecimento de algo magnificamente belo, sem dar a devida ênfase à beleza, saciar os instintos mais aventurosos, contemplando-o. E admitir através do espetáculo promovido gratuitamente pela Natureza, que as obras naturais foram cinzeladas por um Deus-artesão perdido nos recônditos mais inóspitos de mundo; porque, em meio à multidão, impera somente a impaciência, a intolerância, a indiferença, a injustiça e o poder material do quem puder mais, devoram, trituram os ossos dos de menos poder; princípios que não condizem com a simplicidade da Natureza.
Afinal, embora ela não se iluda com as manias e gigantismos de seus acervos, os mosaicos naturais não mentem nunca; ao contrário, torna verossímil a existência, não de uma, mas de muitas “Terras das cachoeiras gigantes” e para conhecê-las, basta um pouco de insanidade e muita humildade aventureira; sobretudo, perante os seus recursos, quanto mais destemido o homem for, mais presa fácil dela será; motivo das águas calmas ou turbilhonares terem aprisionado, abocanhado muitos invasores sob os seus domínios.
A Natureza é justa e não aceita negociatas, por isto, deve-se reverenciá-la, sempre; no entanto, acima da reverência, respeitá-la é regra indissociável.
Não há misticismo inclemente maior que o das águas e como manda do dito popular, as águas altas ou baixas, correntes ou paradas, preferem os medrosos e tacanhos, porque os atirados, os atiçados, a ela pertence.
Foto do autor do artigo
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