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domingo, 31 de agosto de 2014

Festival traz jardins deslumbrantes


Mix de paisagismo e arte em Chaumont-sur-Loire


Carbon Pool, de Chris Drury, critica as queimadas das florestas

Diga-me como é o seu jardim e te direi quem és. Este ditado não existe, mas não deixa de ter um fundo de verdade: não era por meio da beleza arquitetural do parque de Versalhes, maior expressão do estilo à la française, que Luís XIV comunicava seu controle não só sobre os homens, como também sobre a natureza? Cientes da capacidade estética e intelectual dos espaços verdes, os organizadores do Festival Internacional de Jardins, que acontece desde 1992 em Chaumont-sur-Loire, a duas horas de Paris, criam uma singular e estimulante mistura entre jardinagem, paisagismo, urbanismo, botânica e arte. Cerca de 150 profissionais – paisagistas, arquitetos, cenógrafos, artistas, designers, antropólogos e paleólogos – participam desta edição, cujo tema gira em torno dos pecados capitais. Mas não espere nenhuma beleza óbvia: uma visita a essa antiga propriedade da rainha Maria de Médicis é uma experiência de abrir os olhos – e sobretudo a cabeça.

Private Garden: Ficou com vontade de ter seu próprio jardim e criar soluções e estéticas inusitadas? 

“Nós temos muitos jardins que falam dos pecados da sociedade, como a acumulação e o desperdício”, diz Chantal Colleu-Dumond, diretora do festival. É o caso da Carbon Pool, do inglês Chris Drury, que propõe o fim das queimadas e a degradação da energia com uma instalação feita a partir de pinheiros e troncos de álamo, dispostos em movimento circular. Para ele, as árvores devem morrer, cair e serem sugadas por uma espécie de vórtice dentro da terra para dar vida a novas plantas, em vez de liberar carbono na atmosfera durante incêndios.
Castelo da propriedade, do séc. 15, nomeado pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade

Já o impressionante Paraíso Invertido, de Arie van der Hout, faz uma crítica radical ao crescente abandono da natureza e à cobiça do homem, que deve sentir uma punição intensa no seu jardim durante o verão: as plantas do holandês foram cobertas por pedaços de pneus reciclados e uma vegetação bem árida (árvores mortas, cactos, agaves e flores do deserto). A negridão, aliás, foi uma das tendências mais presentes, aparecendo também na criação de Ana Morales, que optou por mostrar os pecados como qualidade, e não defeitos. A artista-paisagista revestiu seu terreno com cimento tingido de negro e abriu uma fenda no meio, revelando uma vegetação vivaz de floresta virgem, rica em samambaias, gramíneas e herbáceas. “Eu quis provar que este cimento pode ser belo, dando ênfase ao seu aspecto vulcânico. Além disso, quis lembrar que é possível plantar no centro dele porque é um material que deixa a água passar e serve inclusive como barreira antirrizoma”, revelou Ana. A ideia inicialmente pode parecer longe da realidade, mas o efeito é tão surpreendente que você acaba visualizando o material como um must nos jardins do futuro.
Le Toucher d’Or, dos arquitetos Bertrand Colson e Gaëlle Le Borgne, com folha de ouro inspirada no mito do rei Midas

Os artistas vêm deixando nos últimos anos uma marca visível nos 42 hectares de Chaumont-sur-Loire – há várias obras se tornando elementos permanentes do parque. Quem teria coragem de destruir o arbusto da francesa Betty Bui, cuja forma parece de longe saída de um jardim de André Le Nôtre, mas imita, na realidade, um espremedor de limão? Entre outros artistas que dividem espaço com jovens paisagistas, estão ainda Gabriel Orozco, Giuseppe Penone, Yan Pei-Ming e o nosso Henrique Oliveira, que está com instalação no MAC de São Paulo. Andando em direção à saída do festival, uma bruma sublime tomava conta de uma parte do jardim. O nevoeiro não era um fenômeno climático, e sim uma escultura da japonesa Fujiko Nakaya. Natureza conceitual ou arte natural?

Festival Internacional de Jardins de Chaumont-sur-Loire
Local: Chaumont-sur-Loire
Endereço: 10 rue des argillons, 41150 Chaumont-Sur-Loire, Centre, France
Data: até 2 de novembro

Paraíso Invertido, do holandês Arie van der Hout, coberto por pedaços de pneus reciclados e vegetação árida


Pintura de Gabriel Orozco inspirada nas camadas de papel de parede dos castelos locais


Escultura de Nicolay Polissky, feita a partir de pedaços de vinhedo encontrados na região


Jardim de Carré&Rond criado para o festival de 2013 e que virou obra permanente


O jardim da francesa Betty Bui – que lembra os projetos de André Le Nôtre – também não foi destruído.

Fonte: Casa Vogue

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