Conheça a história do Natal e descubra sua origem e simbologia,que remontam aos milenares rituais pagãos.
Ao longo dos séculos, os símbolos representaram a mais profunda manifestação das aspirações dos povos. Em Civilização e Cultura (Global, 2004), Câmara Cascudo comenta que "nenhuma civilização desaparece completamente no mundo. Sobrevivem resíduos transmitidos às civilizações (...). A superstição está nessa classe. Destroços de cultos desaparecidos fixam-se na mentalidade popular, distante ou vizinha, com espantosa vitalidade."
Na Idade Média, árvores enfeitadas faziam parte de todas as grandes festas – por exemplo, das festas da cumeeira (tradição adotada também no Brasil, durante o colonização europeia). A primeira menção do uso de pinheiros na ornamentação das festas natalinas data de documentos de 1419. Nas vésperas do solstício de inverno, os povos pagãos da região dos países bálticos (nordeste europeu) cortavam pinheiros e os levavam para seus lares, enfeitando-os para que, depois da queda das folhas no inverno, os espíritos das árvores retornassem. Entre os egípcios, o cedro se associava a Osíris. Os gregos ligavam o loureiro a Apolo, o abeto a Átis, a azinheira a Zeus. Já os germânicos colocavam presente para as crianças sob o carvalho sagrado de Odin.
Escultura em madeira de São Bonifácio, século 18
A tradição de adornar a árvore durante o solstício de inverno foi mantida ao longos dos séculos na Europa. A árvore de Natal tal qual a conhecemos atualmente teve origem na Alemanha, por volta do século 16. Na tentativa de acabar com a crença dos povos pagãos, no início do século 18, o monge beneditino São Bonifácio cortou um pinheiro sagrado que os locais adoravam no alto de um monte. Sem sucesso na erradicação da crença, São Bonifácio decidiu então associar o formato triangular do pinheiro à Santíssima Trindade e suas folhas resistentes e perenes à eternidade de Cristo.
"Adão e Eva no Paraíso", de Lucas Cranach, 1526
A etnóloga Christel Köhle-Hetzinger, da Universidade de Jena, na Alemanha, conhece uma série de histórias que tentam explicar a origem da árvore presente na tradição medieval: "Sabe-se também que árvores verdes eram postas nas igrejas na época de Natal. Era, sem dúvida, uma alusão à árvore do paraíso, que desempenha um papel próprio em toda a liturgia cristã. Ou seja, uma árvore cristã da vida. Como na história de Adão e Eva."
Adorno muito utilizado no topo das árvores na celebração natalina, a estrela representa simbolicamente o "guia celeste" dos três Reis Magos: assim teriam sido guiados Gaspar, Baltazar e Melchior ao local do nascimento de Cristo. No ano 5 a.C., documentos astronômicos indicam que teria ocorrido uma grande explosão estrelar, resultando numa grande luminosidade que permaneceu no céu por inúmeros dias. Em 1606, o astrônomo e matemático alemão Johannes Kleper afirmou que a "estrela" era, na realidade, uma rara conjunção da Terra com os planetas Júpiter e Saturno, transitando pelo Sol. Esta conjugação se apresentou aos olhos dos observadores da época como uma luz muito intensa, similar a de uma estrela.
A etnóloga Christel Köhle-Hetzinger, da Universidade de Jena, na Alemanha, conhece uma série de histórias que tentam explicar a origem da árvore presente na tradição medieval: "Sabe-se também que árvores verdes eram postas nas igrejas na época de Natal. Era, sem dúvida, uma alusão à árvore do paraíso, que desempenha um papel próprio em toda a liturgia cristã. Ou seja, uma árvore cristã da vida. Como na história de Adão e Eva."
Adorno muito utilizado no topo das árvores na celebração natalina, a estrela representa simbolicamente o "guia celeste" dos três Reis Magos: assim teriam sido guiados Gaspar, Baltazar e Melchior ao local do nascimento de Cristo. No ano 5 a.C., documentos astronômicos indicam que teria ocorrido uma grande explosão estrelar, resultando numa grande luminosidade que permaneceu no céu por inúmeros dias. Em 1606, o astrônomo e matemático alemão Johannes Kleper afirmou que a "estrela" era, na realidade, uma rara conjunção da Terra com os planetas Júpiter e Saturno, transitando pelo Sol. Esta conjugação se apresentou aos olhos dos observadores da época como uma luz muito intensa, similar a de uma estrela.
Gaspar, Baltazar e Melchior em mosaico - Basílica de Santo Apolinário Novo, Itália, século 6
É conhecido que os fenômenos naturais como por exemplo a chuva, aurora boreal (nos países nórdicos) e relâmpagos eram tidos como sinais divinos pelos povos pagãos. Jacques-Noël Pérès, professor de história antiga da Igreja da Faculdade de Teologia Protestante de Paris, em seu artigo publicado na revista História Viva(edição № 35, Dezembro 2011), comenta que os cometas eram tidos como mau presságio, "sinal antecipador de catástrofes naturais e epidemias devastadoras, como a fome ou a peste, e quando não pura e simplesmente o fim do mundo. Eles eram acompanhados por reações coletivas de pânico e temor, mas também por conversões em massa."
Escultura de presépio de José Gonçalves - Palácio Nacional de Mafra, Portugal
Já os registros mais antigos dos primeiros presépios em escala reduzida nas igrejas datam do ano de 1223, com Francisco de Assis. Ele teria reproduzido um "presépio vivo" com personagens e animais em sua igreja em Greccio, na Itália. Os personagens reais que realizaram a encenação eram habitantes da própria aldeia, tradição que disseminou-se rapidamente.
É conhecido que os fenômenos naturais como por exemplo a chuva, aurora boreal (nos países nórdicos) e relâmpagos eram tidos como sinais divinos pelos povos pagãos. Jacques-Noël Pérès, professor de história antiga da Igreja da Faculdade de Teologia Protestante de Paris, em seu artigo publicado na revista História Viva(edição № 35, Dezembro 2011), comenta que os cometas eram tidos como mau presságio, "sinal antecipador de catástrofes naturais e epidemias devastadoras, como a fome ou a peste, e quando não pura e simplesmente o fim do mundo. Eles eram acompanhados por reações coletivas de pânico e temor, mas também por conversões em massa."
Escultura de presépio de José Gonçalves - Palácio Nacional de Mafra, Portugal
Já os registros mais antigos dos primeiros presépios em escala reduzida nas igrejas datam do ano de 1223, com Francisco de Assis. Ele teria reproduzido um "presépio vivo" com personagens e animais em sua igreja em Greccio, na Itália. Os personagens reais que realizaram a encenação eram habitantes da própria aldeia, tradição que disseminou-se rapidamente.
Banda de música no Presépio Tradicional Português, de José Conçalves, 2010
Alguns anos depois, por volta de 1803, os habitantes de Provença começaram a reproduzir os personagens folclóricos do presépio em massa de modelar, conhecidos como santons. O livro O pequeno mundo dos santinhos de Provença (Equinoxe, 2010), de Laurent Giradou, possui cerca de 130 páginas com registros da coleção de santos confeccionados por Gilbert Orsini, um dos mais conhecidos mestres artesãos.
Curiosamente, termo bastante similar a origem latina de "presépio" (praesepium), oPraesepe - como também é conhecido o Messier 44 - é um aglomerado estelar aberto localizado na constelação de Câncer. Por ser visível a olho nu, o M-44 (também conhecido como o "Aglomerado do Presépio") é conhecido desde a Antigüidade.
Alguns anos depois, por volta de 1803, os habitantes de Provença começaram a reproduzir os personagens folclóricos do presépio em massa de modelar, conhecidos como santons. O livro O pequeno mundo dos santinhos de Provença (Equinoxe, 2010), de Laurent Giradou, possui cerca de 130 páginas com registros da coleção de santos confeccionados por Gilbert Orsini, um dos mais conhecidos mestres artesãos.
Curiosamente, termo bastante similar a origem latina de "presépio" (praesepium), oPraesepe - como também é conhecido o Messier 44 - é um aglomerado estelar aberto localizado na constelação de Câncer. Por ser visível a olho nu, o M-44 (também conhecido como o "Aglomerado do Presépio") é conhecido desde a Antigüidade.
A guirlanda, símbolo tradicional do Natal, é também conhecida como "adorno de chamamento"
Também muito utilizadas durante os solstícios de inverno (como convite para a moradia dos Deuses durante o inverno), as guirlandas eram símbolos de bênção dos ambientes. Consideradas simbolicamente como "adornos de chamamento", a tradição do uso das guirlandas permaneceu durante a Roma Antiga: oferecer um ramo de planta significava um voto à saúde. Isso proporcinou o costume de enrolar os ramos em uma coroa.
Escultura do imperador romano Júlio Cesar - Museu do Louvre, Paris
O mais conhecido dos três arbustos é o azevinho; ele é composto de folhas verdes e frutos em tom vermelho vivo, que simbolicamente representam o aspecto masculino das divindades celtas e dizem ter o poder de repelir o mal. Já o visco branco têm folhas mais arredondadas e de textura macia. Os frutos brancos estão ligados ao aspecto feminino das divindades celtas, representando a imortalidade e fertilidade. Todos estes arbustos são ditos protetores, e eram colocados nas portas para afastar os maus espíritos e o azar.
Também muito utilizadas durante os solstícios de inverno (como convite para a moradia dos Deuses durante o inverno), as guirlandas eram símbolos de bênção dos ambientes. Consideradas simbolicamente como "adornos de chamamento", a tradição do uso das guirlandas permaneceu durante a Roma Antiga: oferecer um ramo de planta significava um voto à saúde. Isso proporcinou o costume de enrolar os ramos em uma coroa.
Escultura do imperador romano Júlio Cesar - Museu do Louvre, Paris
O mais conhecido dos três arbustos é o azevinho; ele é composto de folhas verdes e frutos em tom vermelho vivo, que simbolicamente representam o aspecto masculino das divindades celtas e dizem ter o poder de repelir o mal. Já o visco branco têm folhas mais arredondadas e de textura macia. Os frutos brancos estão ligados ao aspecto feminino das divindades celtas, representando a imortalidade e fertilidade. Todos estes arbustos são ditos protetores, e eram colocados nas portas para afastar os maus espíritos e o azar.
"A morte de Jacinto", de Merry-Joseph Blondel, século 19
Ilustração publicitária de Haddon Sundblom, que consolidou a figura folclórica do Papai Noel
Maior ícone da tradição natalina, o Papai Noel também tem origem nórdica: os xamãs das aldeias vikings reuniam-se sob o pinheiro e, acendendo velas sobre as árvores, eles ofereciam pedidos em seus rituais, desejando que luz vencesse a escuridão. Após a escolha de um rapaz em rito da passagem da adolescência para a idade adulta, o xamã mandava-o para a caça de um urso, símbolo da força viking. O escolhido ia então à caça do animal e, se retornava, como mandava o ritual, deveria trajar sua pele. (Devido ao inverno rigoroso, era comum que os pelos do lado externo do corpo do urso fossem utilizados para aquecer o corpo do caçador. Assim, a capa vermelha do Papai Noel seria, na verdade, o lado interno do animal ferido).
Ilustração publicitária de Haddon Sundblom, que consolidou a figura folclórica do Papai Noel
Maior ícone da tradição natalina, o Papai Noel também tem origem nórdica: os xamãs das aldeias vikings reuniam-se sob o pinheiro e, acendendo velas sobre as árvores, eles ofereciam pedidos em seus rituais, desejando que luz vencesse a escuridão. Após a escolha de um rapaz em rito da passagem da adolescência para a idade adulta, o xamã mandava-o para a caça de um urso, símbolo da força viking. O escolhido ia então à caça do animal e, se retornava, como mandava o ritual, deveria trajar sua pele. (Devido ao inverno rigoroso, era comum que os pelos do lado externo do corpo do urso fossem utilizados para aquecer o corpo do caçador. Assim, a capa vermelha do Papai Noel seria, na verdade, o lado interno do animal ferido).
"Urso e Viking lutando - Combate vigoroso", arte em litografia, autor e ano desconhecidos
Representação russa de São Nicolas, de Nikola Lipnyy, 1294
Nascido em Patara, na Ásia Menor, o bispo Nicolau foi santificado após várias lendas e milagres - e sua fama de generosidade com as crianças - terem sido a ele atribuídos. A uma delas lhe deve o mito de distribuidor de presentes. Sua figura foi então relacionada com as crianças, para as quais ele deixava presentes, vestido de bispo e montado em um burro.
Ilustração de Thomas Nast, que ajudou a modernizar a imagem do Papai Noel, 1881
Ilustração do Papai Noel para campanha da Coca-Cola, de Haddon Sundblom
Ao longo do século 19, a imagem de Papai Noel foi representado de diferentes formas, com diferentes tamanhos, vestimentas e expressões. Pouco a pouco foi adquirindo estatura, barriga, mandíbula, barba e bigode branco, aparece no Pólo Norte, rodeado de complementos como o abeto e o visco. Com a chegada da cromolitografia (litografia em cores), em 1837, suas roupas foram coloridas com um vermelho brilhante. Em 1931, a Coca-Cola encomendou ao artista Haddon Sundblom a remodelação da figura do Papai Noel, que o tornou ainda mais verossímil. Para a recriação do Papai Noel, Sundblom teria se inspirado no amigo, Lou Prentice, um vendedor aposentado. A partir de então, a imagem do Papai Noel se consolidou tal qual a conhecemos atualmente.
Câmara Cascudo disse certa vez que "todos os povos são parecidos e dessemelhantes". Isto porque os mitos e rituais sagrados estão presentes em todos os tempos das sociedades. São, porém, elementos que naturalmente ganham novas configurações e significados à medida em que a vida humana vai se transformando e necessita de uma perspectiva mais próxima à sua realidade. Como diria Campbell: "Todos nós precisamos contar nossa história, compreender nossa história. Todos nós precisamos compreender a morte e enfrentar a morte, e todos nós precisamos de ajuda em nossa passagem do nascimento à vida e depois à morte. Precisamos que a vida tenha significação, precisamos tocar o eterno, compreender o misterioso, descobrir o que somos."
Representação russa de São Nicolas, de Nikola Lipnyy, 1294
Nascido em Patara, na Ásia Menor, o bispo Nicolau foi santificado após várias lendas e milagres - e sua fama de generosidade com as crianças - terem sido a ele atribuídos. A uma delas lhe deve o mito de distribuidor de presentes. Sua figura foi então relacionada com as crianças, para as quais ele deixava presentes, vestido de bispo e montado em um burro.
Ilustração de Thomas Nast, que ajudou a modernizar a imagem do Papai Noel, 1881
Ilustração do Papai Noel para campanha da Coca-Cola, de Haddon Sundblom
Ao longo do século 19, a imagem de Papai Noel foi representado de diferentes formas, com diferentes tamanhos, vestimentas e expressões. Pouco a pouco foi adquirindo estatura, barriga, mandíbula, barba e bigode branco, aparece no Pólo Norte, rodeado de complementos como o abeto e o visco. Com a chegada da cromolitografia (litografia em cores), em 1837, suas roupas foram coloridas com um vermelho brilhante. Em 1931, a Coca-Cola encomendou ao artista Haddon Sundblom a remodelação da figura do Papai Noel, que o tornou ainda mais verossímil. Para a recriação do Papai Noel, Sundblom teria se inspirado no amigo, Lou Prentice, um vendedor aposentado. A partir de então, a imagem do Papai Noel se consolidou tal qual a conhecemos atualmente.
Câmara Cascudo disse certa vez que "todos os povos são parecidos e dessemelhantes". Isto porque os mitos e rituais sagrados estão presentes em todos os tempos das sociedades. São, porém, elementos que naturalmente ganham novas configurações e significados à medida em que a vida humana vai se transformando e necessita de uma perspectiva mais próxima à sua realidade. Como diria Campbell: "Todos nós precisamos contar nossa história, compreender nossa história. Todos nós precisamos compreender a morte e enfrentar a morte, e todos nós precisamos de ajuda em nossa passagem do nascimento à vida e depois à morte. Precisamos que a vida tenha significação, precisamos tocar o eterno, compreender o misterioso, descobrir o que somos."
Fonte: Obvious.
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