No Facebook, o escritor Ricardo Lisias lamentou a morte de Candido: "Para sempre o professor Antonio Candido será um exemplo de imensa coragem e dignidade no ambiente intelectual brasileiro."
Durante a carreira, Candido ganhou os principais prêmios da literatura nacional, como Jabuti (1960, 1965, 1966, 1993), Alfonso Reyes (2005), Juca Pato (2007), Camões (1998) e Machado de Assis (1993).
Além de escritor e crítico literário, Candido era militante e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Ele declarou apoio à candidatura de Dilma Rousseff nas últimas eleições.
O crítico e ensaísta se definia como um sobrevivente. "Sou provavelmente o último amigo vivo de Oswald de Andrade, um escritor dono de uma personalidade vulcânica", comentou Candido, em rara entrevista, em Paraty, onde, em 2011, fez a conferência de abertura da 9.ª Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip. Como o homenageado era justamente o autor de "Marco Zero, Candido decidiu quebrar seu silêncio - não gostava de ser entrevistado tampouco de fazer aparições públicas.
O ensaísta mantinha fortes lembranças de Oswald (1890-1954) justamente por causa de sua personalidade marcante. "Ele tinha traços de gênio: mesmo não sendo um grande leitor, Oswald captava a essência dos assuntos e discursava como grande entendedor."
A amizade entre eles começou depois de uma crise - o escritor não gostou de uma crítica escrita por Candido sobre "Marco Zero", romance de 1943. "O comunismo fez mal para ele, que passou a escrever uma literatura mais engajada, longe da linguagem telegráfica que era seu melhor estilo", contou Candido "Eu era um jovem crítico, estava com 24 anos, e não aceitava aquele silêncio que rondava a obra de Oswald, considerado um autor inatacável."
Passado o tempo, o próprio Antonio Candido reconheceu o exagero de sua escrita, a ponto de produzir um longo ensaio em que reconhecia o valor literário do autor. Foi o suficiente para estabelecer uma amizade profunda e sincera, que resistiu até às novas críticas de livros.
O exercício, aliás, era arriscado. Candido comentou que o crítico literário de sua época era obrigado a lidar com nomes que, naquele momento, ainda eram desconhecidos."
Correio Braziliense
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