sexta-feira, 15 de maio de 2015
'Sistema funcionou', diz Inep sobre redação do Enem com brincadeira
Espelho da redação do Enem já pode ser consultado (Foto:Reprodução/Francinaldo Guedes)
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep), Francisco Soares, afirmou na tarde desta quinta-feira (14) que o sistema de correção das provas de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) funcionou no caso do estudante paraibano Francinaldo Guedes Pereira, de 16 anos, que incluiu uma brincadeira sobre seu aniversário na prova de 2014.
Na redação, o adolescente escreveu: "Esse tipo de propaganda no Brasil é permitido, são proibidos em alguns países porque a propaganda infantil é vista como atração de crianças a despertarem um querer pelo produto proposto. Que tem essa finalidade porque é meu niver". O aniversário dele foi no mesmo dia da prova, 9 de novembro.
"Ele colocou essa frase, que não está descontextualizada. Isso que está aqui não pode ser corrigido como se fosse descontextualizado. Esse aluno agiu dessa maneira. Agora, o sistema funcionou, a sociedade pode ter segurança de que nós estamos corrigindo as redações através de um sistema confiável. Quando corrigimos, estamos tranquilos", explicou ele. "Quando ele diz, olha, um presente pro meu niver, não tá fora. Agora ele não recebeu todos os pontos, então não é uma boa descrição dizer que isso tá acontecendo."
"O nosso sistema está completamente equilibrado. Se há discordância ele passa por um outro corretor. Os corretores são acompanhados ao longo do tempo. Nós temos um painel que mostra ao longo do tempo como cada corretor está se comportando", afirmou Soares.
O presidente do Inep diz discordar da sugestão de que a frase do estudante sobre seu aniversário está descontextualizada do restante do texto. "No ano passado tivemos um conjunto de jornalistas que foram fazer a prova. Mas os jornalistas, quando instruídos a escrever mal, nem assim eles foram mal". exemplificou Soares sobre as tentativas de testar o sistema de correção. "Aqui preciso de milhares de corretores introjetando o sistema de correção e todos corrigindo do mesmo jeito. Estamos, entretanto, trabalhando para ele ter uma variação menor ainda", disse.
"O sistema como sistema é um sistema no qual creditamos, e acreditamos porque temos evidência, porque estamos monitorando."
Entenda o caso
Ao acessar o espelho da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014, Francinaldo descobriu que tirou 600 pontos na redação mesmo após ter escrito uma brincadeira sobre a data do aniversário dele. Para Francinaldo, a nota que lhe foi atribuída não foi justa com outros candidatos que se dedicaram mais que ele.
O estudante teve cada uma das cinco competências que são avaliadas no Enem pontuadas com a mesma nota: 120 pontos. A nota máxima em cada competência é 200 pontos (veja quais são elas mais abaixo).
O adolescente afirmou que a frase que ele incluiu na redação deveria ser motivo suficiente para que ela fosse anulada, uma vez que no edital do exame consta que a redação “que apresente parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto” será considerada nula.
Sendo passado despercebido esse meu erro, é quase certeza ter erros em todas as edições do exame"
Francinaldo Guedes Pereira, estudante
O adolescente disse que fez o Enem no ano passado apenas para testar os conhecimentos, porque está cursando o 3º ano do ensino médio apenas neste ano. O estudante acredita que vários outros erros em redações possam ter passado despercebidos pelos corretores. "Dentre milhões de redações há poucos corretores. Sendo passado despercebido esse meu erro, é quase certeza ter erros em todas as edições do exame", disse o garoto.
Francinaldo, que mora no município de Aguiar, no Sertão da Paraíba, explicou que vai levar o Enem a sério em 2015 e não vai repetir a brincadeira. Ele ainda não tem certeza do curso que quer fazer, mas está pensando em tentar uma vaga para o curso de sistemas de informação ou para jornalismo.
Notas da redação
As competências avaliadas no Enem são:
1 - Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa;
2 - Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema;
3 - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista;
4 - Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;
5 - Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.Fonte: G1
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