quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Detalhes de um Rio que pouco se vê


Mostra reúne imagens de ornamentos arquitetônicos
Baixo-relevo em argamassa na antiga Boaventura da Silva & Ferreira e atual lanchonete Parque Royal, fachada de 1905, no Largo de São Francisco de Paula

Fragmentos de fachadas, detalhes de abóbadas e de ornamentações arquitetônicas que não mais fazem parte do cenário moderno de uma grande capital, como o Rio de Janeiro, podem passar despercebidos pela maioria da população, mas não escaparam das lentes de Luiz Eugênio Teixeira Leite. O fotógrafo pesquisa, desde 2000, exemplares particulares de edifícios do centro da Cidade Maravilhosa, reunindo um total de 974 ornamentos mapeados e catalogados, inclusive com informações, como seu uso original, o nome do projetista, a técnica e data da execução de cada obra.

Parte deste trabalho resultou na exposição O Rio que o Rio não vê - a ornamentação simbólica na fachada carioca, que abre oficialmente nesta quarta-feira, dia 29 de janeiro, às 19h. A mostra, que reúne 36 imagens, fica em cartaz no Centro Cultural dos Correios até o dia 16 de março. Na legenda das fotos é possível identificar o imóvel em que está inserido o ornamento, isto porque elas serão apresentadas com minifotografias, que mostram a fachada completa e possibilitam que o visitante veja posteriormente, ao vivo, o que está nos cliques de Luiz Eugênio Teixeira Leite.

Baixos-relevos, tão bem trabalhados como estes, estão desaparecendo da paisagem urbana brasileira. A forma pela qual se idealiza um programa ornamental para a fachada de uma construção já teve papel de destaque na arquitetura, mas hoje este tipo de decoração está em declínio, chegando a ser tratado quase com repulsa por uma nova escola de arquitetos.

Luiz Eugênio, que também é historiador, organizou parte da pesquisa em um livro intitulado O Rio que o Rio não vê - os símbolos e seus significados na arquitetura civil do centro da cidade do Rio de Janeiro, lançado em 2012. Além da publicação, existe um catálogo que acompanha a individual. Nele, estão as reproduções de todas as fotos expostas, com texto de Joaquim Marçal Ferreira de Andrade, mestre em design pela PUC-Rio.

O Rio que o Rio não vê - a ornamentação simbólica na fachada carioca
Local: Centro Cultural dos Correios
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20, Rio de Janeiro
Data: até 16 de março de 2014
Horário: de terça a domingo, 12h às 19h.
Agência central dos Correios, localizada na Rua Primeiro de Março, projeto original de Antonio Paula Freitas, de 1875


Antiga Câmara dos Deputados e atual Assembléia Legislativa do Estado do RJ, projeto de Archimedes Memória e Francisque Cuchet, 1921, na Av. Presidente Antonio Carlos


Baixo-relevo em argamassa da Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, na Av. Rio Branco


Baixo-relevo em bronze da Biblioteca Nacional, que fica na Av. Rio Branco, projeto de Hector Pépin


Esculturas em cimento modelado na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, projeto do escritório técnico Heitor de Mello


Painéis de azulejos no Clube dos Democráticos, projeto de 1930, localizado na Rua do Riachuelo


Edifício Forense, projeto de José Amaral Neddermeyer, 1931, na Rua Erasmo Braga


Edifício Guinle, projeto de Gusmão, Dourado e Baldassini Ltda, 1928, na Av. Rio Branco


Baixo-relevo em argamassa no edifício Heydenreich, projeto de 1926, Rua Alvaro Alvim


Antiga Biblioteca Nacional e atual Escola de Música da UFRJ, projeto de fachada de Cipriano Lemos, 1919, na Rua do Passeio


Antiga fábrica Almeida Comércio e Indústria de Ferro e atual Centro Cultural Fundição Progresso, projeto de 1881, Rua dos Arcos


Antiga Escola Nacional de Belas Artes e atual Museu Nacional de Belas Artes, projeto original de Adolfo Morales de Los Rios, 1906, Av. Rio Branco


Baixo-relevo em argamassa e escultura em cimento modelado na antiga fabrica de perfumarias Lambert


Baixos-relevos em argamassa no atual Centro Administrativo do Tribunal de Justiça, projeto de Humberto Nabuco dos Santos, 1941

Fonte: Casa Vogue

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