quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

PAISAGEM NOTURNA POR MARLA DE QUEIROZ






Como as folhas outonais que se suicidam das árvores, estrelas despencam do céu, evidenciadas, desafiando luzes artificiais. 
Meus olhos veem, minha retina as acolhe, meu cansaço as abraça. 
O dia farto de calor imenso, mas a brisa fresca chega feito um beijo. 
Tudo se norteia suave e o coração vai desacelerando, guardando as emoções primatas para o refinamento do desconhecido amanhã. 
Tudo pede para amanhecer, mas nada é garantia. 
Sei que hoje estou feliz e calmamente previsível: vou dormir, é fato. 
Sei destes próximos minutos. Mas ignoro o dia seguinte e isto me instiga. 
Tudo é novidade e página em branco, somente as palavras anseiam a dança dos dedos e o pensamento ativo. 
Por enquanto, escuto o oceano Atlântico com suas águas “uterúnicas”, ventre materno para mergulhos e satisfação da criança interior que ainda quer brincar. 
Talvez amanhã, as ondas rebentem fortemente, talvez apenas dancem delicadas e convidativas. 
E, agora, tudo mora neste talvez.

Marla de Queiroz

Retratos de Tule

O tule é um tecido que geralmente vemos em vestidos de noiva entre outros, mas o artista britânico Benjamin Shine o utiliza para criar retratos incríveis.



Usando apenas um ferro de passar, seu talento e um único pedaço de tule (às vezes até 50 metros) Benjamin cria suas obras que mais parecem tridimensionais. 


A transparência do tule, formando tons e sombras, cria uma aparência de fotografia quando vista de longe. 













Décor do dia: a natureza no urbano via Casa Vogue






As plantas e os outros elementos naturais do spa e o espaço gourmet deste dúplex, em Caxias do Sul, RS, em contraste com a vista de inúmeros edifícios, passa a impressão de um canto de harmonia em meio ao caos urbano. Era esse o desejo do jovem casal, que escolheu as arquitetas Claudia Rombaldi e Vanessa Reiriz para imprimir ao apartamento um estilo clássico-contemporâneo. Neste ambiente, predominam os tons neutros e terrosos, que emprestam ar ao mesmo tempo elegante e aconchegante. O uso consistente do marrom – seja no deque do ofurô, na mesa de centro, no revestimento da parede ou nos móveis de vime – dialoga com a presença de plantas e almofadas verdes, remetendo sempre a um clima de graciosidade florestal. O toque final fica por conta da charmosa libélula afixada à parede.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O jardim subiu no telhado




Com a crescente demanda por soluções ecológicas para as casas dos dias de hoje, os chamados telhados verdes têm ganhado espaço cada vez maior na arquitetura. Mas a prática não é de nada contemporânea: em países escandinavos, por exemplo, é empregada há séculos. Inclusive, até o século 19, construções com cobertura vegetal eram dominantes em áreas rurais dessas nações.

Seguindo o advento de materiais industrializados, como o ferro corrugado, a natureza perdeu espaço para o manufaturado, com os telhados ecológicos permanecendo apenas em áreas rústicas do interior. Mas, antes que pudessem desaparecer por completo, foram resgatados na Noruega pela vontade de alguns de manter vivas as tradições mais antigas do país. O conceito tem se tornado popular em casas de férias de regiões frias e foi valorizado por todo o mundo em construções contemporâneas como museus, chegando até a prédios corporativos.

São diversas as vantagens de optar por um telhado desse estilo. O peso da estrutura confere estabilidade à casa, e as plantas reciclam os gases nocivos do entorno, purificando o ar. Além disso, a cobertura é um isolante térmico – no inverno, preserva o calor dentro da casa e, no verão, mantém o frescor interno. O peso aproximado de 250 kg por m² de telhado verde comprime o material das paredes da casa, levando a menor incidência de correntes de ar, algo necessário em moradas de inverno. Uma camada de bétula abaixo da terra faz com que a cobertura seja à prova-d’água. Com benefícios diversos, tanto para a sociedade quanto para a natureza, a onda de telhados ecológicos ganhou até uma premiação: desde 2000, o melhor projeto escandinavo ganha reconhecimento do Scandinavian Green Roof Association.




















Fonte: Casa Vogue

Show!

Lindo, apesar de ser muito venenoso!

Um lugar lindo: Lençóis Maranhenses

Parece um deserto, mas trata-se de um fenômeno geológico muito especial, formado longo de milhares de anos através da ação da natureza. Gigantes dunas de areia, numa região onde ocorrem chuvas e que é banhada por rios.
Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses-MA, Brasil.










Leia mais: http://obviousmag.org/sphere/2013/02/um-lugar-lindo-lencois-maranhenses.html#ixzz2M8H6K94r

Belo texto de Fernando Campanella, leiam! REDUNDÂNCIAS À PARTE



Foto por Fernando Campanella



Vícios de linguagem, com destaque à redundância, são apresentados no ensino formal da Língua Portuguesa como recursos linguísticos absolutamente indesejáveis, espécies de “capetinhas” a serem esconjurados.

Lembro-me de correções de professores, aqueles abomináveis riscos vermelhos em meus trabalhos de redação, as quais faziam meus escritos parecer atos criminosos contra a sacrossanta e indomável Língua Pátria.

Pleonasmos, por outro lado, adquiriam status de figura de linguagem, sendo louvados caso viessem de um autor literário ou de um  compositor de música popular brasileira consagrados.

Redundâncias como “hemorragia de sangue”, “esposa do marido” soam obviamente estranhas a ferem-nos os ouvidos. Mas nunca podemos esquecer que linguagens são produtos de diferentes culturas, têm cor local, variantes de uma língua-padrão, efetivas em seu meio, e, sobretudo,  que tantas vezes muitos  de seus massacrados vícios trazem  uma carga ou reforço que enriquecem afetivamente a comunicação.

Quando ainda menino eu passava as férias numa fazenda de parentes, e minha tia às vezes me levava em visitas a uma amiga de um sítio vizinho. Ao chegarmos, eram evidentes a alegria e a hospitalidade da anfitriã, dona Fiinha. Esta, quando abria a porta, com o mais largo sorriso nos lábios (belo pleonasmo), dizia à minha tia: entra pra dentro com o menino, dona Lela, vamo tomá um café cuado agorinha.

E que café, numa mesa transbordante de gostosuras da roça, sem sofisticação, mas muito limpa e bem posta. Aquilo era uma lição de civilidade e boa convivência que talvez nenhuma matéria escolar conseguisse ensinar tão bem. Eu gostava daquele tom carinhoso vindo de dona Fiinha, sempre que nos recebia.  Só mais tarde viria a aprender no colégio que ela cometia vícios de linguagem. Mas tais vícios já lhe foram perdoados, todos, com certeza, a boa mulher hoje deve continuar  distribuindo gentilezas lá do céu, extensão da prodigalidade de sua alma.

Há alguns dias, após tantos anos, Dona Fiinha e as peculiaridades de seu falar tão inerente, natural, vieram-me à memória. Em visita a uma pequena cidade aqui da região, encontrando-me perto da prefeitura, ouvi dobres fúnebres do sino da igreja matriz na tarde. Uma senhora que passava na rua cumprimentou um amigo ou conhecido perto de mim  e lhe perguntou quem havia falecido.  Diante do desconhecimento do homem sobre a identidade do defunto, ela expressou sua curiosidade com esta pérola de redundância:

- Quem será que pode ter sido?

Pleonasmos ou vícios de linguagem? Em alguns meios, ou situações, qual a diferença real entre eles? Quantas vezes já devo ter perguntado algo como  “o que será que pode ter acontecido?” e nem me dei conta, não parei para refletir sobre impropriedades linguísticas. Falei, falamos, assim, aqui na região, e isso nos comunica. E a curiosidade da senhora ao ouvir o dobre triste do sino naquela cidade foi tão verdadeira, tão sentida,  que, naquele contexto, ela foi enfática, quase hiperbólica, sua redundância no uso de tempos verbais funcionou plenamente. Eu entendi muito bem o que ela quis dizer, e também fiquei curioso em saber “quem seria que podia ter sido o defunto”, embora estivesse apenas de passagem e desconhecesse quase todo mundo ali.

Fernando Campanella 
Abaixo, GOTEIRA NAS "TEIA", de Sérgio Penna e Fábio Sombra, vídeo por Fábio Sombra.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Reveja alguns momentos inesquecíveis do Oscar 2013!




A atriz Jennifer Lawrence e seu tombo nas escadas do palco, onde recebeu o prêmio de melhor atriz no Oscar, neste domingo (24)


Adele Adkins e o compositor Paul Epworth sobem ao palco para receber o prêmio de canção por "007 - Operação Skyfall"


Jennifer Lawrence discursa ao ganhar o Oscar de melhor atriz; na sala de imprensa, sobre o tombo: "Como assim, o que aconteceu? Olhe para esse vestido! Pisei no tecido e foi isso"


Ang Lee recebe o Oscar de melhor diretor por "As Aventuras de Pi" do ator Michael Douglas


Meryl Streep entrega o Oscar de melhor ator para Daniel Day-Lewis; com "Lincoln", ele conquistou sua terceira estatueta.


Karen Lawrence (à esq.) cumprimenta a filha Jennifer Lawrence, enquanto ela conversa com o colega de "O Lado Bom da Vida", Bradley Cooper


Meryl Streep entrega o Oscar de melhor ator para Daniel Day-Lewis; com "Lincoln", ele conquistou sua terceira estatueta


A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, anuncia o prêmio de melhor filme 


A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, anuncia o prêmio de melhor filme.


O diretor Ben Affleck faz discurso e agradece o Oscar de melhor filme para "Argo", em frente à equipe, na noite de domingo (24)


O diretor Ben Affleck faz discurso e agradece o Oscar de melhor filme para "Argo", em frente à equipe, na noite de domingo (24)


Daniel Day-Lewis discursa ao ganhar o Oscar de melhor ator por "Lincoln"

Fonte: Folha de São Paulo
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/14035-oscar-2013-premiacao#foto-247286

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Metro de Moscovo - os segredos do palácio subterrâneo

publicado em arquitetura por luís pereira em Obvious.


Entrar numa estação de metro como quem entra para um palácio. Este transporte de Moscovo nasceu na era estalinista e, apesar das diferenças, teve em mente o metro de Londres. O seu aspecto imperial convida à admiração, mas qual o objectivo de toda essa glorificação? Obter mais poder ou mantê-lo? Certo é que até os cães o usam a horas certas.


© Metro de Moscovo, Estação Kievskaya (Wikicommons, A. Savin).

Quilómetros de “metro” na capital do império

Com 188 estações, mais de 313 km de comprimento e com uma profundidade que chega aos 84 metros em algumas estações, o metropolitano de Moscovo encetou um desenvolvimento grande e progressivo desde a sua abertura, em 1935, ao modo da cultura soviética e com um rasto de imperialismo pelos extensos quilómetros a partir de Moscovo, a capital russa e antiga capital da U.R.S.S., para as diversas direcções. Faz parte do conjunto de metropolitanos mais antigos do mundo e permanece sendo o terceiro metropolitano mais usado pelos passageiros, logo a seguir ao metro de Tóquio e ao metro de Seul.

Os primeiros planos de construção de uma rede metropolitana remontam, na prática, ao período pós-I Guerra Mundial, pós-Revolução Russa e pós-Guerra Civil e os primeiros estudos datam dos anos 20 do século passado até ao início dos anos 30.


© Metro de Moscovo, Estação Slavyanskiy Bulvar (Wikicommons, Eugeny1988).


© Metro de Moscovo, Estação Kievskaja (Wikicommons, George Dembowski).


© Metro de Moscovo, Estação Novokuznetskaya (Wikicommons, Sergey Rodovnichenko).


© Metro de Moscovo, Estação Kurskaya (Wikicommons, Denghu).


© Metro de Moscovo, Estação Belyayevo (Wikicommons, Mikhail Shcherbakov).

No entanto, uma construção desta envergadura começou a ser pensada nos tempos do Império Russo e o sentido do grandioso e da ideologia nunca deixaram de estar patentes. A exposição e a promoção de temas socialistas por entre o espaço público, juntamente com demonstrações de grandeza, do culto do chefe e da força a partir da desejável, sempre desejável, unidade política e cultural do país, pretendia um discurso de um país a uma só voz: a de Joseph Estaline. Quanto mais tempo o mesmo regime político durasse, mais oportunidades poderia ter de criar e de manter, para a posteridade, novas correntes identitárias junto da sociedade civil, com as quais o regime se identificasse. É sabido que o metro de Moscovo serve para transportar, mas a sua grandiosidade interior não reflecte apenas um sinal da cultura de agora mas, sim, da cultura que se queria que viesse.


© Metro de Moscovo, (Wikicommons, Deror Avi).


© Metro de Moscovo, Estação Maryina Roshcha (Wikicommons, Mikhail Shcherbakov).


© Metro de Moscovo, Estação Kievskaya (Wikicommons, Antares 610).

Uma cultura soviética com métodos britânicos

Este sentido da “glorificação” desencadeada e mantida pelo regime soviético teve a particularidade de ter sido pensado e feito, ao modo do regime, por engenheiros britânicos, descendentes do trabalho realizado no desenho e construção das infraestruturas do metropolitano mais antigo do mundo, apesar do esforço e do trabalho dos próprios russos. O metro de Londres serviu, por isso, de exemplo-base mas para ser adaptado à realidade local.

Apesar da decisão da construção deste transporte ter sido tomada pelo Comité Central do Partido Comunista da União Soviética, aspectos como o design de algumas estações, os trajectos e os planos de construção da obra tiveram a mão de especialistas relacionados com o metro londrino que, ainda assim, não escaparam a uma vigilância apertada, por parte do regime, sobre a sua intervenção. Inclusive, alguns destes britânicos foram detidos por supostas acções de espionagem, em Moscovo, num período de crescente instabilidade ao nível do relacionamento diplomático entre países (próximos de entrarem, na altura, numa guerra mundial). Ainda assim, ao construírem túneis em vez de “rasgarem” o espaço físico mediante a normal colocação de uma cobertura, ao optarem por escadas rolantes em vez de elevadores, entre outros detalhes, contribuíram para inovar a forma de olhar o transporte de pessoas, numa União Soviética em desenvolvimento económico progressivo.

O metro de Moscovo foi uma das obras arquitectónicas soviéticas de referência. O brilhantismo e a crença num futuro radiante constituíram duas preocupações do governo russ, que fez com que esta obra transparecesse isso. A imagem de um “sol subterrâneo”, de um “paraíso debaixo do chão”, significariam o resultado brotado do solo a partir dos sacrifícios do povo proletário, representado no chefe Estaline, com vista a uma nova organização social que mais satisfizesse as pessoas, enquanto grupo. Esta “legitimidade” permitiria que se mantivesse durante mais tempo o(s) poder(es) nas mesmas mãos.

Um metro de cães

Curioso, mas certo, é o facto de alguns cães vadios se contarem como um outro conjunto de utilizadores que o metro de Moscovo acaba por satisfazer. Sem perder o rumo, dizem as imagens e quem observa diariamente, que estes cães apanham o metro de manhã em direcção ao centro da cidade onde buscam comida e regressam, no final do dia, para os subúrbios da cidade. Alguns especialistas referem que o cálculo do tempo realizado por estes animais, durante a viagem, permite-lhes sair numa das estações situadas no centro da cidade e que preferem fazer a viagem de metro nas pontas das composições por, aparentemente, poderem-se encontrar menos pessoas e poderem estar mais relaxados. Para Andrei Poiarkov, do Instituto de Ecologia e Evolução de Moscovo, este fenómeno pode ter a ver com o facto de os cães vadios, normalmente, se abrigarem em zonas e complexos industriais. Contudo, ao deslocalizarem-se para os subúrbios, estes cães ter-lhes-ão seguido o rasto e sentido as diferenças de sobrevivência entre o centro e as zonas tangenciais. Aparentemente desprovidos de “poder” no mundo dos humanos, ainda assim, parecem fazer face ao dia-a-dia. Que “poder” cada um de nós terá?


© Metro de Moscovo, Estação Slavyansky Bulvar (Wikicommons, Jaime Silva).

Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2013/02/metro_de_moscovo_-_os_segredos_do_palacio_subterraneo.html#ixzz2Lqq5VxkI