quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

PAISAGEM NOTURNA POR MARLA DE QUEIROZ






Como as folhas outonais que se suicidam das árvores, estrelas despencam do céu, evidenciadas, desafiando luzes artificiais. 
Meus olhos veem, minha retina as acolhe, meu cansaço as abraça. 
O dia farto de calor imenso, mas a brisa fresca chega feito um beijo. 
Tudo se norteia suave e o coração vai desacelerando, guardando as emoções primatas para o refinamento do desconhecido amanhã. 
Tudo pede para amanhecer, mas nada é garantia. 
Sei que hoje estou feliz e calmamente previsível: vou dormir, é fato. 
Sei destes próximos minutos. Mas ignoro o dia seguinte e isto me instiga. 
Tudo é novidade e página em branco, somente as palavras anseiam a dança dos dedos e o pensamento ativo. 
Por enquanto, escuto o oceano Atlântico com suas águas “uterúnicas”, ventre materno para mergulhos e satisfação da criança interior que ainda quer brincar. 
Talvez amanhã, as ondas rebentem fortemente, talvez apenas dancem delicadas e convidativas. 
E, agora, tudo mora neste talvez.

Marla de Queiroz

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