Como as folhas outonais que se suicidam das árvores, estrelas despencam do céu, evidenciadas, desafiando luzes artificiais.
Meus olhos veem, minha retina as acolhe, meu cansaço as abraça.
O dia farto de calor imenso, mas a brisa fresca chega feito um beijo.
Tudo se norteia suave e o coração vai desacelerando, guardando as emoções primatas para o refinamento do desconhecido amanhã.
Tudo pede para amanhecer, mas nada é garantia.
Sei que hoje estou feliz e calmamente previsível: vou dormir, é fato.
Sei destes próximos minutos. Mas ignoro o dia seguinte e isto me instiga.
Tudo é novidade e página em branco, somente as palavras anseiam a dança dos dedos e o pensamento ativo.
Por enquanto, escuto o oceano Atlântico com suas águas “uterúnicas”, ventre materno para mergulhos e satisfação da criança interior que ainda quer brincar.
Talvez amanhã, as ondas rebentem fortemente, talvez apenas dancem delicadas e convidativas.
E, agora, tudo mora neste talvez.
Marla de Queiroz
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