quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

CINCO MINUTOS

Queres que fale? Tudo bem. Mas eu não quero. De momento não me ocorre nada. Mas se me deres cinco minutos, prometo que te consigo dizer porque te amo. Ou odeio. Ainda não sei.
Dá-me tempo. Eu descubro.

(conversas que, ouvidas pela metade, dão letras para outras histórias)



Dá-me antes seis. Dez minutos. Ou doze, o número perfeito que de perfeição só tem o nome. Doze, a sério? Porquê? Porque são doze as horas de meio dia, doze os meses do ano? Dizes-me, então, que o perfeito é sinónimo de pedaço? De parte de algo maior?
Odeio-te por isto. Por todas as vezes que me chamas e me explicas, e me prendes nessa ilógica racional que é só tua, e que não entendo porque - dizes - não me esforço.

Esforço.
Tá.

Então o que me pedes é isso: esforço. Força. Persistência. Ou resiliência, como gostas de dizer desde que leste esta palavra num anúncio a colchões ou sofás e que, como a aspirina, usas a torto e a direito só porque te dói que eu não te entenda ou não te queira entender.
Estou farta, percebes? Farta.
De ti.
E de mim.
Acho que me fartei de ser, que me cansei de andar. Estou fatigada do que sou.
Mas não do que conseguimos ser.


Estranho. Irrito-me porque me irritas, enervo-me porque me enervas, canso-me porque me cansas, mas - no fundo - gosto desta maneira que me fazes ser: nervo, cansaço, grito.
E penso que, se calhar - será? - perdes tempo a tentar-me fazer entender porque queres que TE entenda.
Porque queres que te perceba. Porque esperas que, contigo, seja capaz de nos construir.

Afinal, acho que te amo. Sei-o.
E não precisei de mais do que cinco minutos para perceber isso.
Fonte: Obvious

2 comentários:

  1. Ah! esta ambiguidade que acompanha muitas vezes nossos sentimentos.Lindo texto.Adorei.felicidades sempre.Bjs Eloah

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