quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A MÃO DE VÉIO: A ESTÉTICA DO ALTO SERTÃO


Mãos que transformam. Essa é a expressão adequada para a arte criada por um artesão que não somente cria a sua obra, mas dá vida a cultura de um povo em seu trabalho. Sua arte mistura elementos da vida cotidiana e lendas do folclore brasileiro.

O que você faria com um pedaço de madeira? Pergunta estranha? Para um artesão do nordeste brasileiro, isso se torna arte. Arte nascida no alto sertão suas personagens se misturam à paisagem que cerca sua “casa museu”, ou como o próprio artista chama sítio “SóArte”



Cícero Alves dos Santos, mais conhecido como Véio nasceu no alto sertão de Sergipe no povoado de São Domingos, Município de Feira Nova. De família de lavradores, foi apelidado de Véio por conta da convivência com pessoas idosas. Desde criança já fazia esculturas com cera de abelha.

Na infância, o artesão utilizava cera de abelha como matéria prima para criar suas esculturas. Logo depois se dedicou a trabalhar com a madeira, que até os dias atuais é seu objeto de trabalho. Sua arte é de uma peculiaridade sem precedentes. Suas figuras representam mulheres, homens, crianças e figuras de formas ímpares. Sua residência é considerada por ele mesmo como museu, quem visita a residência do artista perceber logo na chegada uma visão incomum, a começar pelo nome que o artesão deu ao seu recanto; sítio “SóArte”.


A arte criada em madeira bruta trespassa nossa alma ao percebermos os contornos criados pelas mãos do artista. Suas obras são admiradas por artistas do cenário nacional e mundial, poetas compõem ao se deslumbrarem com as obras do artesão que ficam expostas ao sol e chuva. Para o artista, as obras começam a perder vigor de suas formas de acordo com a natureza, nascem e morrem. Dessa forma novas esculturas ("pessoas") vão surgindo em sua casa, para compor novas famílias.



A cultura do povo sertanejo ganha vida a cada escultura que o artista traz à vida criando novas formas de arte a cada trabalho. Sua mão criar formas na consciência de quem pela primeira vez se depara com tal arte tão popular e tão desconhecida aos nossos olhos.


Suas esculturas já formam expostas na Galeria Estação, em São Paulo ano de 2010 e na Fundação Cartier, em Paris ano de 2012, Paço Imperial Rio de Janeiro também em 2012.

A arte de Véio será lembrada na posteridade. Um documentário de Adelina Pontual, resgata as principais obras do artesão sendo possível uma grande reflexão sobre a concepção de arte criada por Véio.

Fonte das fotos: Site Overmundo, por Jane Malaquias.

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