Enamorar-se.
Será que é só querer para conseguir?
Roberto Shinyashiki
Será que apenas a vontade consciente
é capaz de fazer alguém amar?
Acreditamos que não.
Apenas a decisão racional
de querer encontrar alguém não é suficiente
para possibilitar o encontro.
Há pessoas que têm esse desejo,
passam anos e anos à procura de alguém,
mas não se enamoram e culpam os outros,
o ambiente e a falta de sorte por sua solidão.
Às vezes,
chegam a sentir alguma emoção por alguém,
começam a envolver-se, mas, como um relâmpago,
o estímulo desaparece.
Ou então, encantam-se por alguém
e começam a ter a sensação de não ser queridas
pelo outro, permanecendo na solidão.
Na realidade, quem não encontra alguém
é porque, internamente, não está predisposto a amar. Não está disponível para envolver-se e, erroneamente, pensa que está querendo compartilhar o amor.
Quem se acomoda com a solidão dificilmente
vai se enamorar porque, para isso,
é necessário estar sentindo o incômodo da solidão
e ter a percepção realista
de que estar só o(a) faz infeliz.
É uma visão dialética.
Se por um lado é necessária a sensação de incômodo,
de falta de algo na vida,
para o movimento em direção ao amor,
por outro lado é fundamental que se queira crescer
no amor e que se confie em si mesmo
e na própria capacidade de viver em amor.
Só assim, num caminho crescente,
depara-se ao mesmo tempo com o desconforto
provocado pela consciência da lealdade à solidão
e com o impulso de ir ao encontro da felicidade,
despertado pela beleza do amor.
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