Assim como existem diversas interpretações de uma obra de arte, existem diversas possibilidades de releituras dessa obra. Uma boa releitura irá depender de uma boa compreensão na leitura da obra. Reler uma obra é totalmente diferente de apenas reproduzi-la, pois é preciso interpretar bem aquilo que se vê e exercitar a criatividade. Ao recriar uma obra não é necessário empregar a mesma técnica usada pelo artista na obra original. Na releitura de uma pintura podemos utilizar outras formas de expressão artística como o desenho, a escultura, a fotografia ou a colagem. O mais importante é criar algo novo que mantem um elo com a fonte que serviu de inspiração. Uma boa proposta de releitura se baseia em um conhecimento prévio do artista e da obra: a época em que ele viveu, sua biografia, artistas que admirava, outros artistas de seu tempo, o tema da obra e de outros trabalhos seus, a técnica utilizada, etc. Há inúmeros casos de grandes artistas que a utilizaram para se aperfeiçoar, homenagear seus mestres ou alguma obra em especial. No caso das artes, as atividades de releitura possuem um enorme valor educativo e, algumas vezes, geram resultados que se tornam conhecidos e resultam em uma sequência de obras, em outros tempos e estilos. Existem vários exemplos disso na arte, como é o caso da pintura Almoço na Relva de Manet que inspirou o quadro de Picasso. Manet se inspirou em Concerto Pastoral de Giorgione e em uma gravura de Marcantonio Raimondi, O Julgamento de Paris, gravura baseada em desenho de Rafael Sanzio. Ou, ainda, O Balcão de Manet de Magritte, releitura de O Balcão de Manet, que releu O Balcão de Goya. Acima, exemplos interessantes de releitura de alunos dos cursos de Design Gráfico, Design de Produto, Design de Ambientes e Licenciatura em Artes Visuais da UEMG.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Quem é Aldemir Martins?
Queridos alunos, resolvi postar esta entrevista de 2003 para sanar as dúvidas de muitos quanto às expectativas de Aldemir em relação as suas obras. Beijos.
Reportagem da Revista Isto É em 10/02/2003
Uma vida em nome da arte
O artista plástico cearense comemora 80 anos em plena produção e se orgulha de realizar o sonho de pintar somente aquilo que gosta
Dirceu Alves Jr.
Dirceu Alves Jr.
Em 1946, o artista plástico Aldemir Martins chegou a São Paulo com um sonho. Queria fazer apenas aquilo que quisesse, trabalhar na hora em que bem entendesse e escolher para quem vender sua obra. Aparentemente, muita pretensão do rapaz nascido em Ingazeiras, no interior do Ceará. Mas, aos 80 anos completados em novembro, Aldemir Martins respira feliz por ter conseguido o que tanto almejava. É dono do próprio nariz e, há mais de meio século, vive de arte. Sem dar a menor satisfação para ninguém. Ou melhor, para quase ninguém.
A única pessoa que faz Aldemir adoçar essa eterna rebeldia adolescente é Cora, sua mulher há 53 anos e mãe de seus filhos, Pedro, 52, e Mariana, 43, que lhe deram três netos. “Cora implica até hoje que ando sujo de tinta, que fico com as unhas grandes. Não se acostuma. Por isso, só trabalho em casa se tenho alguma encomenda urgente”, conta ele, que mora próximo ao Parque do Ibirapuera e mantém um ateliê no bairro do Sumaré, também na capital paulista. “A Cora é uma companheira. Quando foi morar comigo, precisávamos de 100 contos todo dia para comprar comida. Saía com meu trabalho debaixo do braço e precisava vender para comer”, lembra o marido, sem disfarçar a emoção.
Em nome da arte, Aldemir ainda driblou a teimosia do pai, que sonhava em transformar o filho em um estabilizado funcionário público. “Meu pai passou a vida olhando meus quadros e perguntando o que era aquilo”, conta Aldemir, que, na adolescência, em Fortaleza, foi aconselhado por uma professora a desistir da pintura. A partida do Ceará, em 1945, começou repleta de frustrações. Depois de viajar 15 dias em um navio, ele chegou ao Rio de Janeiro e viu que não garantiria o sustento apenas como ilustrador de jornais. “Para ser funcionário público teria ficado no Ceará, fui buscar outras chances em São Paulo e aqui estou até hoje”, diz.
Depois de participar da Bienal de São Paulo, Aldemir carimbou o passaporte e levou o prêmio internacional de desenho da Bienal de Veneza, em 1956, um estímulo para passar dois anos em Roma. “Vi de perto a obra de Michelangelo e Gioto. Achei tudo uma droga. Gosto é dos artistas brasileiros”, diz o pintor, que também assinou as capas das primeiras edições de Terras do Sem Fim, Gabriela, Cravo e Canela e Pastores da Noite, do amigo Jorge Amado. “Para a capa do Pastores da Noite, desenhei um negro, e o rapaz era branco. Lia os textos, mas, às vezes, me passava”, diverte-se.
Aos 80 anos, ele evita listar conselhos para uma maturidade saudável. Garante que é só ter consciência de que não tem mais 40 anos. “Se a gente ainda pudesse mentir para si mesmo, mas não dá. Uma hora começam a aparecer as doenças crônicas, como essa cardiopatia que tenho”, conforma-se. O cigarro foi abandonado há poucos anos, e o charuto, agora, é um parceiro fiel. Aldemir come toucinho, carne-seca, feijoada e saboreia uma boa cachaça. Seu descanso é o trabalho. O ano de 2002 foi fechado com cerca de 70 quadros produzidos, motivo de orgulho. Só uma coisa deixa Aldemir Martins irritado: ouvir que o carro-chefe de sua obra são os retratos de gatos. “Eu odeio gatos, mas comecei a pintar e vende feito água. Prefiro os pássaros, que são livres. Juro que nunca vou pintar um cachorro. Venderia muito e eu não pararia jamais”, promete. Concessões em nome de seus admiradores à parte, Aldemir Martins exibe um largo sorriso e confirma, satisfeito: “Realizei meu sonho”.
Aldemir Martins
"Acho que o Aldemir tem o dom de captar tanto as pessoas como as frutas e objetos inanimados em obscuros momentos de revelação, o que dá ao seu desenho e à sua pintura - diretos e claros à superfície do papel ou da tela - uma espécie de segundo momento dramático, ou indiscreto." Antonio Callado
"Seja na aspereza dos cangaceiros em branco e preto, seja no lirismo colorido dos pássaros e dos peixes, ele mostra sempre a capacidade soberana de usar os recursos de sua arte para ser diverso sendo sempre o mesmo". Antonio Cândido
"O que se pode aconselhar ao jovem cearense é o trato da decoração mural e mesmo da tapeçaria, não devendo nunca se afastar da observação da humanidade popular brasileira". Di Cavalcanti
"Os seus cangaceiros, os seus cactus, os seus bichos incorporam-se definitivamente à iconografia brasileira". Ferreira Gullar
"Talvez por ser assim tão violento o sol, tão áspera a terra, tão cruel a seca, tão devastadoras as enchentes, tão pobre o homem em chão rico, talvez para compensar tanta dificuldade a enfrentar e a vencer, da sofrida (não, porém, vencida) humanidade do Nordeste nascem os grandes criadores, os poetas, os romancistas, os músicos, os pintores. Nasce Aldemir Martins, mais do que nordeste, o próprio Nordeste". Jorge Amado
"Os gostos de Aldemir são da mesma espécie como os dos primeiros de Miró; as aves e sobretudo os galos são parentes daqueles que se encontram nos "Bestiários" de Medicevo; as estrelas parecem esferas próprias para os céus dos ex-votos dos artesãos perdidos nas montanhas; os cangaceiros emergem dos contos populares ou das cerâmicas cozidas no sol das feiras de Pernambuco. Aldemir, como todos os artistas de valor, gosta das imagens que a história salvou em sua cornucópia". Pietro Maria Bardi
Fonte: www. art-bonobo.com.br
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Painéis Guerra e Paz de Portinari
Em 1952,o então Secretário Geral da ONU, Sr. Trygve Lie, sugere que cada nação membro da Organização das Nações Unidas faça uma contribuição cultural àquela instituição cuja sede está sendo construída.
O projeto foi desenvolvido pela Comissão Internacional dos Arquitetos da ONU, chefiada por Wallace K. Harrison e que teve Oscar Niemeyer como um de seus membros.
Fonte: www.portinari.org.br