terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

UM POEMA DE AMOR



Quero escrever um poema que diga o quanto é precioso sentir amor e expressá-lo. Isso que parece lençol cheiroso, trocado ainda agora, quando fala macio com o corpo da gente. Isso que parece o mar quando ele canta a sua música feita com acordes de ondas e silêncio. Isso que parece flor recém-nascida da planta viçosa que a semente sonhou. Isso que parece sol de manhãzinha, quando ele sorri, tranquilo, pra longa noite do mundo.

Quero escrever um poema que diga que eu me descobri mais feliz quando comecei a me amar melhor e a estender esse amor. Quando não estamos nos amando, vivemos com a percepção de que apenas o amor recebido é capaz de nos alimentar. De que teremos somente o que pudermos receber, as mãos sempre estendidas na expectativa ansiosa do recebimento. Mas, quando sentimos o amor circular em nós, descobrimos uma sutileza até então ignorada: dar amor é também recebê-lo.

Quero escrever um poema que diga que crescer é percorrer, passo a passo, esse caminho. Tornar-se cada vez mais alegre por esse puro exercício do querer bem. Por essa vontade tão clara, tão limpa, de que as pessoas sejam felizes e desfrutem da liberdade. Por essa ideia amorosa de que tenham saúde no corpo e não lhes falte saúde na alma. De que se for inevitável sofrer, que passe logo. De que descubram o contentamento que, por natureza, nos habita. De que não saiam dessa vida sem descobrir a força radiante e transformadora do amor.



© ANA CLÁUDIA SALDANHA JÁCOMO
In Cheiro de flor quando ri 1
(publicado em 3 de Agosto de 2008)

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