quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O desfile do São Paulo Fashion Week foi repleto de vestidos, saias e chemises inspirados em telas como Abaporu, Cidade e Antropofagia


O desfile do São Paulo Fashion Week foi repleto de vestidos, saias e chemises inspirados em telas como Abaporu, Cidade e Antropofagia

 POR BETA GERMANO FOTOS

Oskar Metsavaht segue estreitando os laços entre arte e moda! Para criar a coleção de verão de 2018, a equipe da Osklen teve uma aula sobre a obra de Tarsila do Amaral com Tarsilinha, sobrinha-neta da artista. O resultado? A perfeita sintonia entre os excessos do tropicalismo da época e a sofisticação da praia urbana com Ipanema soul!


O lado chic-cool da marca apareceu em looks inspirados nas vestimentas amigos da artista que andavam de linho branco – caso de Oswald de Andrade, por exemplo – e com grafismos criados a partir dos esboços feitos pela artista com nanquim.



As telas célebres como Abaporu, Cidade e Antropofagia se transformaram em vestidos, chemises, macacões e saias de seda e tecidos fluidos – quase sempre em cores vivas fieis às obras. Já o autorretrato Manteau Rouge foi o ponto de partida para uma série de looks vermelhos e mais secos.



Abaixo Metsavaht relata como foi a experiência.

Manteau Rouge, autorretrato Tarsila do Amaral
Campanha da coleção de verão da Osklen

O que mais impressiona na obra e vida de Tarsila?

Ela foi capaz de compreender, interagir e expressar o Zeitgeist dos anos 1920. Ela traduziu as transformações do mundo e do Brasil de um jeito próprio, representou o nosso brazilian soul de uma forma pessoal e, ao mesmo tempo, global pois estava inserida no modernismo – movimento líder na Europa na época. Ela era também interessantíssima como indivíduo. Me encanta a sua postura feminista de uma maneira elegante e feminina. Neste contexto, diria que a Tarsilla foi a nossa Coco Chanel.

Quais são os elementos da obra de Tarsila que mais estão presentes na coleção?

De sua arte, usamos o grafismo dos traços puros dos desenhos e esboços, feitos com lápis ou nanquim – como o da Negra – e as cores tropicais das telas, como Abaporu e Antropofagia. Mas seu estilo pessoal também nos inspirou: os longos brincos, seu manteaux vermelho criado por Jean Patou e o batom vermelho. Para o masculino, a inspiração foram a alfaiataria e os trajes de linho em branco dos amigos poetas com quem ela convivia na época, como o Oswald de Andrade, por exemplo.


Qual foi o maior desafio na hora de transformar obras de arte em moda?

O de não interferir na obra. Acho que em um exercício de arte eu digeriria, interferiria, transformaria o trabalho dela em uma nova obra. Mas no exercício do design, o da moda, é diferente. Eu quis manter o trabalho dela puro e então "imprimi-lo" em novas formas. O resultado tinha que ser algo novo com a expressão e a alma da arte dela e o design e estilo da Osklen. Este foi o maior desafio.

Você acha que o processo criativo de um estilista, um diretor de arte ou um artista plástico é o mesmo?

Acho que o processo inicial é o mesmo. É abstrato, instintivo, espiritual e emocional em todos. Porém os objetivos são diferentes. Na moda há uma estratégia funcional além da emocional; na direção de arte há a de contar, de envolver uma história; na arte o porquê está no íntimo do artista, não racionalizado, talvez nem compreendido por ele mesmo. Mas uma coisa, para mim há nos três, a estética a fim de seduzir.

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