terça-feira, 19 de janeiro de 2016

As melhores exposições de janeiro


Mondrian em São Paulo, John Akomfrah, Jeff Wall, Bruce Nauman, Fabio Mauri, Steve McQueen e mais pelo mundo
POR BETA GERMANO; 
FOTOS DIVULGAÇÃO

Frame do vídeo Tropikos

1. Ativismo lírico

Fã do Andrei Tarkovsk e famoso por filmes políticos e poéticos – ele mistura história, ficção e mitologia –, o artista inglês John Akomfrah apresenta dois novos trabalhos que investigam memórias pessoais e coletivas, pós-colonialismo, temporalidade e estética. EmTropikos, Akomfrah nos transporta para a Inglaterra do séc.16 para falar sobre a exploração do continente africano. Nos outros dois trabalhos, filmados na Grécia e em Barbados, expõe a atual crise de refugiados na Europa e evoca os relatos do escritor George Lamming sobre brasileiros que se instalaram na ilha caribenha, fugidos da Inquisição Católica, em 1654. Em tempo: este mês também apresenta a vídeo instalaçãoVertigo Sea, feito para a última Bienal de Veneza, na Arnolfini, em Bristol, entre os dias 16 de Janeiro e 10 de Abril. De 22 de Janeiro até 25 de Março. Lisson Gallery, Londres, Inglaterra

Changing Room de Jeff Wall

2. Comédia da vida privada

Um dos pioneiros da arte conceitual dos anos 1970, Jeff Wall segue produzindo imagens enigmáticas do cotidiano. Sempre em diálogo com a pintura e o cinema (sem esquecer referências fotográficas como Robert Frank e Paul Strand), o canadense é conhecido pelas composições meticulosas ao recriar momentos diários que presenciou, mas não eternizou com a câmera na hora. Desafia, assim, a noção da fotografia como registro do instante livrando-a de qualquer compromisso com a verdade. “O ´não fotografar´ me dá liberdade imaginativa para reformular o que vi – o que é crucial para a arte”. Os temas? Assim como Frank e Strand, ele analisa a sociedade moderna e comportamento humano. É o caso deChanging Room, em que “uma mulher sobrepõe dois vestidos num provador cubículo como se estivesse escondendo algo”, explica o artista. Até 26 de Janeiro. White Cube, Hong Kong, China
Escultura Knot Knot de Jean-Luc Moulène
Shit in Your Hat de Bruce Nauman

3.Inimigos da amnésia

Quatro artistas de diferentes gerações. Um objetivo: desafiar a memória, relendo histórias pessoais, sociais ou até mitológicas. Curada por Jean-Pierre Criqui, Sculpture 4tet une belíssimas obra de Luciano Fabro, Jean-Luc Moulène, Bruce Nauman e Danh Vō (que representou a Dinamarca na última Bienal de Veneza e curou uma mostra na Punta della Dogana).

Misturando escultura e gravura, Fabro resgata o mito de Sísifo e a arquitetura palladiana – para traduzir o seu próprio museu imaginário. Luc Moulène evoca máscaras grotescas para falar tanto do adorno popular quanto dos tempos de guilhotina, enquanto Nauman revisita a era arte da mímica com uma instalação sonora e escultura de cera. Já Danh Vō apresenta uma Madonna de madeira medieval questionando da lógica do ready-made. Até 20 de Fevereiro. Galeria Marian Goodman, Londres, Inglaterra
Pasto nero (Picnic o Il buon soldato) de Fabio Mauri

4. O poder da imagem

O artista e dramaturgo italiano Fabio Mauri (recentemente homenageado nas bienais de Veneza e Istambul) ganha mostra histórica na galeria Hauser & Wirth depois de 20 anos sem expor em Londres. Famoso pelas performances, filmes, instalações e esculturas que questionam fatos históricos e o poder da linguagem e ideologia, Mauri tem um importante corpo de trabalho que da luz à dimensão política da imagem – que se projeta e se prolifera por toda a sociedade contemporânea – e estas foram as obras selecionadas paraOscuramento. The Wars of Fabio Mauri. Até 6 de Fevereiro. Hauser & Wirth, Londres, Inglaterra
Master & Servant de Elmgreen & Dragset
Emergency Exit de Elmgreen & Dragset
Plus One de Elmgreen & Dragset

5. Very Important (artsy) People

A dupla escandinava Elmgreen & Dragset desembarca pela primeira vez em Singapura para criticar as feiras de arte. The Well Fair reúne 80 trabalhos de Michael Elmgreen e Ingar Dragset distribuídos entre os conhecidos booths e reservas técnicas de um evento que já terminou ou está para começar (as tradicionais caixas de madeira usadas para transportar obras são uma constante!). Há, ainda, um “lounge VIP”, um “café”, uma “área de recepção” e uma “saída de emergência” – todos bastante sugestivos. De 24 de Janeiro até 17 de Abril. Ullens Center for Contemporary Art, Singapura
Vista da exposição da Pia Camil

6. México Moderno

Inspirada pela paisagem da Cidade do México (onde nasceu e cresceu) Pia Camilquestiona a história do modernismo, explorando o que chama de "estetização da falha." Em sua primeira individual no New Museum, ela faz pinturas, esculturas e performances para expor problemas do movimento e possibilidades latentes dentro ruína urbana. Os ambientes teatrais formados com os tecidos coloridos, por exemplo, são referências aosoutdoors comerciais da cidade mexicana. Destaque, ainda, para os vasos de cerâmica. Até 17 de Abril. New Museum, EUA
Um dos caleidoscópios de Olafur Eliasson da exposição Barroque Barroque

7. Realidade negociada

De acordo com o artista islandês Olafur Eliasson, o caleidoscópio – elemento constante em sua obra – serve para nos mostrar que as percepções podem ser facilmente desorganizadas e reconfiguradas. Ou seja, nossa visão de mundo é tanto uma faculdade nata como uma construção cultural – sempre em constante negociação. Não à toa, o artista é conhecido por “brincar” com imagens reais e virtuais dos espaços expositivos e visitantes. Na mostra Barroque Barroque, no palácio que pertenceu ao príncipe Eugênio de Savoia no ápice da Viena barroca, o artista convida o visitante a explorar justaposições de tempos e relações entre objeto, observador e arquitetura – dando origem a um novo conceito do estilo sobreposto em si. Até 6 de Março. The Winter Palace of Prince Eugene of Savoy, Viena, Áustria
Oval, tela que rerpesenta um dos momentos de transformação da obra de Mondrian

8. Parceiros de crime

O que é uma tela composta por retângulos amarelos, azuis, vermelhos e brancos delimitados por linhas pretas? Um Mondrian, claro. O nome do pintor neerlandês modernista está diretamente ligado à imagem descrita, mas nem sempre foi assim. Na mostra Mondrian e o movimento De Stijl, os brasileiros poderão entender o processo de transformação do artista que começou fazendo paisagens sombrias características da pintura holandesa do século 19 e, aos poucos, se libertou da figuração além de reduzir sua paleta de cores às primárias. Mas é impossível reconhecer um gênio sem compreender a época que viveu. Pensando nisso, o curador Pieter Tjabbes reuniu, ainda, peças de outros artistas, designers e arquitetos que defendiam a pureza das formas e cores para atingir uma harmonia universal. Entre eles, está Gerrit Rietveld que desenhou a famosa Red and Blue. De 25 de Janeiro até 4 de Abril. CCBB, São Paulo
Ilustração de Peter Gentenaar para a Pierre Frey

9. Tradição ousada

São 80 anos celebrando o estilo parisiense de combinar cores e traços. Pierre Frey e suaMaison ganham, a partir deste mês, merecida homenagem na retrospectiva Pierre Frey.Tissus inspires. Se passar por Paris, não deixe de ver os mais de 200 padrões criados pelo francês fundador e por outros artistas influenciados pelo “Pierre Frey way of life” – caso de Réflexion, criado ano passado por Peter Gentenaar. Os visitantes poderão, ainda, conferir croquis e fontes de inspiração, além de aprender sobre os métodos de produção. Alucinante. De 21 Janeiro até 12 de Junho de 2016. Musée des arts décoratifs, Paris, França
Filme Ashes, apresentado na última Bienal de Veneza
A nova instalação de Steve McQueen é composta por 77 neos da frase Remember Me

10. Preciso Me Encontrar

Só o filme Ashes, apresentado na última Bienal de Veneza, vale a visita à exposição deSteve McQueen em Paris. Quando produzia Caribs' Leap em Grenada, McQueen fez imagens de um garoto em um barco no mar caribenho. A aparente liberdade e poesia destas cenas contrastam com o que fica projetado do outro lado da galeria. Aquele personagem faleceu e quando o artista voltou ao país, oito anos depois, registrou o cemitério local. De quebra, ele expõe três novos trabalhos. Entre eles, uma instalação com 77 neons da frase Remember Me. “Quero colocar o público em uma situação onde todos se tornam extremamente sensíveis em relação a si mesmos, a seus corpos e respiração”, explica. Justo. Até 27 de Fevereiro. Galeria Marian Goodman, Paris, França.

Fonte: Casa Vogue

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