Mas é possível um mundo sem tristeza? Ele seria melhor? Apesar de inúmeras pessoas acreditarem que um mundo sem a tristeza seria bem melhor a verdade é que é preciso ficar triste, saber se entristecer. Sem a tristeza jamais conseguiríamos elaborar nossas perdas, nossos lutos e nunca nos tornaríamos verdadeiramente humanos. Sem tristezas seriamos maníacos.
Por maníaco entende-se alguém que, freneticamente, fica pulando de uma atividade a outra, de um interesse a outro, sem nunca poder elaborar, assimilar e digerir bem o que se está vivendo. Em outras palavras, seríamos idiotas. No entanto, ao se entristecer podemos parar para pensar sobre o que nos ocorre na vida e as experiências vividas se tornam então material para crescimento. Aprendemos com a vida e com as dores que esta sempre faz questão de nos fornecer. A sabedoria de saber se entristecer está em falta ultimamente.
Saber se entristecer não implica em entrar numa depressão patológica. Esta é um estado mental empobrecedor e danoso onde a vida fica desinvestida. Não há aprendizagens, mas apenas um deserto estéril. Já se entristecer é um momento necessário para refletir e re-significar a própria vida. Na animação recente da Pixar, Divertida Mente(2015), fala justamente da importância que a tristeza desempenha em nossa saúde mental. A tristeza é uma oportunidade para nos reorganizarmos psicologicamente e não uma inimiga para combatermos e depreciarmos.
Sylvio Schreiner
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