Raramente educadores e pais param para pensar que o modelo curricular da escola é muito cansativo, principalmente para pessoas mais criativas. Quem é mais focado na área de Exatas leva vantagem pois mais da metade das aulas são dedicadas a estas disciplinas. Além da escassez de aulas em Humanidades, o jeitão de ensinar é bem fechado.
Cresci achando que odiava estudar. Durante as aulas, principalmente as de Exatas, escrevia poesia, pensava na vida e imaginava um mundo que poderia existir. Muitas crianças e jovens passam por preguiçosos e desinteressados pelo saber porque não gostam de ir à escola e fazer as lições de casa.
Mas raramente educadores e pais param para pensar que o modelo curricular da escola é muito cansativo, principalmente para pessoas mais criativas. Quem é mais focado na área de Exatas leva vantagem pois mais da metade das aulas são dedicadas a estas disciplinas. Além da escassez de aulas em Humanidades, o jeitão de ensinar é bem fechado. Obviamente alguns professores de todas as disciplinas conseguem de vez em quando romper com o esquema muito certinho e propor dinâmicas novas. Mas de um modo geral, a nossa educação não prepara para a autonomia de pensamento, hierarquiza os saberes e não estimula a descoberta de novas ideias.
Eu sei que falar é fácil. Propor uma educação realmente revolucionária no dia a dia não é tarefa simples. Apesar das limitações que a minha escola apresentou como todas as outras, posso dizer que recebi apesar dos pesares uma formação mais libertária em muitos sentidos. Apesar da priorização das disciplinas de exatas como ocorre em qualquer escola, o excesso de atividades para casa e as aulas de Educação Física que pareciam um verdadeiro treinamento militar, recebi na minha formação a oportunidade de aprender música na infância, fazer teatro durante toda a minha trajetória, estudar Filosofia no segundo grau, fazer pesquisas desde a infância e apresentar seminários, o que me conferiu muita desenvoltura para desenvolver meu mestrado e doutorado.
Minha escola focava na formação e não na informação. Cada vez mais se faz necessário focar na formação, visto que informação se consegue em tudo que é lugar. Não basta ler. Não basta estar informado. Precisamos saber o que fazer com as informações. O que diferencia uma pessoa simplesmente bem informada de alguém com boa capacidade cognitiva e maturidade intelectual é como ela processa as informações e as traduz para o dia a dia. Vamos a um exemplo? Muita gente memoriza nomes e datas de livros, filmes, pinturas e eventos históricos. Mas só consegue descrever o que foi memorizado, sem estabelecer conexões mais profundas com outras obras e eventos. É o que chamamos de cultura de almanaque. Muitas destas pessoas que acumulam informações memorizadas passam por cultas em uma sociedade tão pouco intelectualizada como a nossa.
Infelizmente, a nossa educação ainda, em grande medida, nos prepara apenas para reproduzir. Só teremos uma sociedade realmente apta a mudanças quando formos estimulados a criar. E quando falo criar, não me refiro às artes simplesmente, mas a todo tipo de conhecimento.
© obvious: http://obviousmag.org/cinema_pensante/2015/07/talvez-o-seu-filho-nao-seja-preguicoso-pode-ser-a-escola-que-seja-chata.html#ixzz3gzlEj5Lv
Primeiro dia de aula meu filho olhou pra mim e disse: Tantos lugares pra ir, tantas coisas pra serem feitas e eu aqui indo pra escola... ufffff!!!!
ResponderExcluirNossa escola precisa retirar os resquícios do século XVIII para que seja vista como um lugar atrativo e indispensável ao conhecimento.
ResponderExcluirImenso abraço!