Marcela reclamava do tempo que tinha que esperar no sinal vermelho. Havia acabado de completar seus 18 anos, e ganhara um carro do pai de presente. Aqueles 50 segundos que ficava parada em frente ao semáforo era algo totalmente atormentador para ela.
O Paulo detestava ler qualquer texto na internet com mais de 3 linhas. Não queria perder tempo com textos longos. Inclusive parou de ler esse texto quando falei acima da Marcela.
O Gustavo não gostava de sofrer, e por isso mesmo excluía qualquer um da sua vida (e do Facebook também), ao primeiro sinal de desagrado. Queria evitar a fadiga.
A Júlia esperou 5 minutos a mais pela entrega da pizza em sua casa. O folheto da pizzaria dizia que o pedido chegava em no máximo 30 minutos. Chegou em 35. Ironizou o motoboy: "Cortou caminho, foi?"
A Gabriela não sabia ouvir um “não”. Ou era do jeito dela, ou fazia um escândalo. Sua frase lema era: “Eu nasci assim, eu cresci assim, eu fui sempre assim...”.
O Michael achava que estava sempre certo. Não via qualquer problema em ensinar outras pessoas a forma correta de se fazer as coisas, que era a forma dele é claro. Dizia ele: “Eita povo burro!”
O Guilherme era trollador. Seu nick nos fóruns de games era: “Troll Master”. Passava o dia inteiro ofendendo qualquer um. Tudo pela zoeira. Dizia que bullying era coisa de gente fresca que não sabe brincar.
A Isabella amava chamar atenção. Gravou um pornozinho com o namorado e mandou para um grupo de amigos do Whatsapp. Na pressa em compartilhar a proeza, mandou para o grupo errado. Depois disse que foi o namorado quem gravou sem a permissão dela. Só não soube explicar porque ela estava segurando o celular.
A Fernanda comprou mexerica descascada. Uma bandeja com 16 gomos cuidadosamente posicionados e embalados. Um pouco mais caro que o normal. Reclamou que veio com semente.
A geração dos que já nascem especiais (é o que acham) está aí, pronta para pagar o preço que for para não perder tempo, para chamar atenção, para ter o direito de ser preguiçosa, para continuar sendo especial.
E você? Vai pagar o preço?
© obvious
Às pessoas, em particular os brasileiros, sobretudo os nascidos nos últimos 30,40 anos, acostumados a "lei do gerson" passam achar que o mundo lhes permite tudo, o estado de desinteresse com as coisas necessárias desse país é de causar espécie.
ResponderExcluirE esse modo estranho é cada vez mais usual em todos os níveis do estrato social
Concordo com seu comentário!
ResponderExcluirE fico extremamente feliz com sua participação!