A depender da ótica que se dê a esta questão, creio que será possível encontrarmos inúmeras respostas a ela, mas, neste momento, prefiro ater-me apenas a uma delas. A de que na medida em que vamos vivendo, vamos abandonando nossa originalidade, nosso estado de criança onde prevalecia a autenticidade e um modo de ver a vida em sua essência de liberdade, para, com o passar do tempo, irmo-nos deixando enredar por condicionamentos que nos aprisionam e fazem aflorar nosso medo de ser.
Embora alguém possa livremente divergir dessa abordagem, por diversas razões acredito que o tornar-se adulto seja o deflagrador dos nossos medos, uma vez que nessa trajetória, através dum processo educativo e rico em temores, é que vão sendo repassados elementos coercitivos do nosso modo de ser natural. E dessa ruptura entre o que essencialmente somos para o que nos levam a crer que devemos ser, é que começamos a assumir posturas inadequadas que dificultam a melhor compreensão da nossa existência e, por consequência, de quem verdadeiramente somos. É aí que, de certa forma, passamos a ter medo da vida e de tudo quanto a envolve. É como se começássemos a respirar menos e aproximarmo-nos da morte, um temor que, por si só, causa-nos desconfortos emocionais e físicos consideráveis.
O medo de morrer e o medo de viver são faces de uma mesma moeda, pois se amparam no medo de ser. Tanto isso é verdade que, por incrível que pareça, muitas pessoas temem igualmente tanto o sucesso como o fracasso, tanto amar como serem amadas. E, por não se permitirem serem essencialmente autênticas, criam um universo de incertezas e inseguranças, onde o viver torna-se algo tão assustador o que contraditoriamente as leva, mesmo que gradativamente, rumo à morte que tanto temem. A todo momento temos que escolher entre o ser e o não ser, entre enfrentar a vida e vivenciá-la de modo a que não abdiquemos da nossa qualidade essencial de sermos tanto quanto possível autênticos e naturais, ou entregarmo-nos à negação de nós mesmos, dos nossos sentimentos e emoções, permitindo que nossa existência fuja ao nosso domínio e nos tornemos prisioneiros do medo.
Portanto, não nos resta melhor alternativa que a de revitalizarmos a consciência do que realmente somos, fazendo fluir com toda a intensidade um novo modo profundo de ver, sentir e viver a vida em toda sua essencialidade, em toda sua divina profundidade, por assim dizer. Se o que desejamos é a plenitude prazerosa de viver, então, o melhor é enamorar-se da vida e nutri-la todos os dias, permitindo-nos simplesmente ser livres." Por Willes S. Geaquinto.
Boa reflexão para você!
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