domingo, 25 de janeiro de 2015

"O PROBLEMA NÃO É VOCÊ, SÃO SEUS ERROS DE PORTUGUÊS"


Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. A produção deste texto não é uma vivência específica, mas a soma de experiências próprias, bem como a de pessoas próximas levemente exigentes e com esperanças de encontrar um eu que conjugue o verbo amar.



Toda relação é idealizada e, antes que se concretize, algumas expectativas, inevitavelmente, são criadas. Eu, bem como algumas amigas, sempre fui muito exigente. Imaginava e listava uma série de adjetivos que a pessoa perfeita deveria ter. Inteligência, bom humor, beleza, integridade, ambição, romantismo, sensibilidade, coragem, determinação, bom gosto e algumas semelhanças políticas e ideológicas.

Acontece que, conforme o tempo passa e você envelhece, percebe que estas exigências são muito altas.

(Até porque, nem você mesma as atinge)

Logo, os critérios para um suposto envolvimento vão ficando menores e chega um momento que você pensa: Tem todos os dentes na boca? Toma banho? Cursou o ensino fundamental?

Se respondeu SIM para, pelo menos, duas destas questões, tem chances!

(ATENÇÃO: não se empolguem! Este é o último estágio e envolve desespero exacerbado e um medo irracional de ficar sozinha para sempre)

Obviamente, não estou neste estágio e ainda tenho esperança de atingir parcialmente o meu ideal. Portanto, minha lista permanece com algumas exigências básicas. Partindo deste princípio, eu posso tolerar bermuda com meias, um gosto musical duvidoso, manias estranhas e até a escolha de um candidato que detesto. Eu compreendo um leve fanatismo por futebol, algum exagero alcoólico e uma péssima memória para datas importantes.

Agora, o que não dá para aceitar, de jeito nenhum, é uma pessoa que não sabe, minimamente, escrever. E não estou falando de erros bobos cometidos por todos nós e totalmente aceitáveis.

(Aposto que pessoas mais exigentes que eu devem estar, neste momento, buscando falhas neste texto e, já adianto, vão encontrar muitas. Eu encontro uma dezena cada vez que releio algo que escrevi)

Enfim, estou falando de N antes de P e B, de nome próprio com letra minúscula e de verbo que não acompanha o sujeito. Eu até queria relevar seu estado ANCIOSO, o MENAS, o ESTEJE e o SEJE que você soltou. Eu poderia tolerar um MAIS em vez de MAS e até algumas abreviações excessivas desta linguagem cibernética. O problema é que o seu AGENTE (e não estou falando do agente da lei) não me deu chances. Você se perdia nos porquês, no onde e no aonde. Colocava um Ç no lugar de um (ou dois) S e um S no lugar de um Z!

Quantos Rs comidos? Quantos Ls substituindo Us de forma indevida?

Eu queria muito fechar os olhos (ou os ouvidos), mas te ouvir dizendo que iria SE arrumar para sair era DE MAIS para mim. Aliás, como o seu mim conjugava verbos... Percebi que ter concluído o ensino básico, passado no vestibular e entrado para um curso superior não significava absolutamente nada, ortograficamente e coerentemente falando.

“Não te amo mais”, “Estou te traindo com sua melhor amiga”, “Sou um psicopata”, “você está gorda”!

Não, nada disso foi dito!

As palavras que me penetraram o ouvido, olhos e coração foram:

ENQUANDO, DENOVO, DEREPENTE, EM FIM, NÓIS, FELIS e CONCERTEZA!



Bem, eu queria fugir das frases clichês para explicar o motivo de não ter dado certo, mas preciso dizer...



O problema não é você, são seus erros de português.





Obs.: Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. A produção deste texto não é uma vivência específica, mas a soma de experiências próprias, bem como a de pessoas próximas levemente exigentes e um tanto esperançosas.



© obvious: http://lounge.obviousmag.org/monologos_dialogos_e_discussoes/2015/01/o-problema-nao-e-voce-sao-seus-erros-de-portugues.html#ixzz3PpRKfRNL

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