quinta-feira, 3 de julho de 2014

Meus livros


Meus livros

Os meus livros (que não sabem que eu existo) 
São tão parte de mim como este rosto 
De fontes grises e de grises olhos 
Que inutilmente busco nos cristais 
E que com a mão côncava percorro. 
Não sem alguma lógica amargura 
Penso que as palavras essenciais
Que me exprimem se encontram nessas folhas 
Que não sabem quem sou, não nas que escrevi. 
Melhor assim. As vozes desses mortos 
Vão me dizer para sempre.

Jorge Luis Borges, em: "A Rosa Profunda"

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