Arte Barroca
Barroco significa pérola imperfeita. Esse nome está intimamente ligado as raízes barrocas da incerteza e da dúvida vividos no contexto em que essa arte surgiu. O barroco teve início no período histórico da Contrarreforma católica. Esteve presente de meados do século XVI ao século XVIII, cedendo lugar ao Neoclassicismo. A arte barroca tomou espaço com a evolução da Reforma Católica, pois sua fonte inspiradora era a passionalidade dessa empreitada da igreja. A Reforma Católica tinha a missão de reestruturar a igreja, a fim de que novamente ocupasse um lugar de destaque, assim como de suspender o avanço protestante.
O barroco é uma arte dramática, de expressão de sentimentos que objetiva envolver emocionalmente as pessoas. Teve início na Itália e logo se expandiu para outros países da Europa, chegando a América. A religiosidade é bastante significativa. Os temas das obras barrocas, além da religião, eram a mitologia e o direito divino dos reis, teoria que acreditava no reinado do monarca pela escolha de Deus, poder vindo Dele, e não dos súditos. Nessa arte observa-se muito a ambiguidade e a dualidade de tudo. Céu e inferno, perdão e pecado, religião e ciências, entre outras duplicidades de sentidos.
A arte barroca envolveu a literatura, a escultura, a música, a arquitetura e a pintura. Nesta arte encontra-se presente a dúvida, visto que estava inserida em um contexto de retomada das crenças católicas, mas diante de avanços científicos bastante significativos. Avanços estes que deixavam o homem desse período histórico convivendo entre dois mundos, sem mais a certeza de que tudo era vindo de Deus e com a consciência de seu valor. A arte era rebuscada e de forte emoção.
Pintura barroca
Características da pintura barroca:
• Composição assimétrica, em diagonal - que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista.
• Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) - era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade.
• Realista, abrangendo todas as camadas sociais.
• Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática.
Dentre os pintores barrocos italianos:
Caravaggio
- o que melhor caracteriza a sua pintura é o modo revolucionário como ele usa a luz. Ela não aparece como reflexo da luz solar, mas é criada intencionalmente pelo artista, para dirigir a atenção do observador.
Obra destacada: Vocação de São Mateus.
Andrea Pozzo
- realizou grandes composições de perspectiva nas pinturas dos tetos das igrejas barrocas, causando a ilusão de que as paredes e colunas da igreja continuam no teto, e de que este se abre para o céu, de onde santos e anjos convidam os Inícions para a santidade.
Obra destacada: A Glória de Santo Inácio.
A Itália foi o centro irradiador do estilo barroco. Dentre os pintores mais representativos, de outros países da Europa, temos:
Velázquez
- além de retratar as pessoas da corte espanhola do século XVII procurou registrar em seus quadros também os tipos populares do seu país, documentando o dia-a-dia do povo espanhol num dado momento da história.
Obra destacada: O Conde Duque de Olivares.
Rubens
(espanhol) - além de um colorista vibrante, se notabilizou por criar cenas que sugerem, a partir das linhas contorcidas dos corpos e das pregas das roupas, um intenso movimento. Em seus quadros, é geralmente, no vestuário que se localizam as cores quentes - o vermelho, o verde e o amarelo - que contrabalançam a luminosidade da pele clara das figuras humanas.
Obra destacada: O Jardim do Amor.
Rembrandt
(holandês) - o que dirige nossa atenção nos quadros deste pintor não é propriamente o contraste entre luz e sombra, mas a gradação da claridade, os meios-tons, as penumbras que envolvem áreas de luminosidade mais intensa.
Obra destacada: Aula de Anatomia.
Música barroca
Trata-se de uma das épocas musicais de maior extensão, fecunda, revolucionária e importante da música ocidental, e provavelmente também a mais influente. As características mais importantes são o uso do baixo contínuo, do contraponto, o violino e da harmonia tonal, em oposição aos modos gregorianos. Na realidade, trata-se do aproveitamento de apenas dois modos: o modo jónio (modo “maior”) e o modo eólio (modo “menor”). A música barroca é geralmente exuberante: ritmos enérgicos, melodias com muitos ornamentos, contrastes de timbres instrumentais e sonoridades fortes com suaves. A maioria das novas tendências teve origem em Itália e os seus músicos dominaram em todos os campos. No entanto, no final do período, emergiram novos estilos nacionais distintos. O período foi de enorme criatividade desde Shakespeare e Cervantes na literatura, a Newton e Galileu, nas ciências. Durante o período Barroco, os compositores desenvolveram novas técnicas instrumentais, bem como novos instrumentos, como o órgão, e o cravo.
O período barroco assistiu ao nascimento da Ópera, ao crescimento das orquestras e ao florescimento da música instrumental. A Ópera surgiu em meados de 1590, cortando com a tradição, ou seja a maneira de compor e os próprios sons utilizados, eram completamente distintos dos que se utilizavam na era Medieval, nomeadamente com os Trovadores e com a Polifonia. «Em vez de várias vozes, o novo estilo colocava uma voz solista, ou um instrumento, por cima de um simples acompanhamento que consistia numa linha de baixo a que se sobrepunham acordes» (1). Tal como outros movimentos musicais (Canto Gregoriano, Trovadores) inovaram, a Ópera não foi excepção. Até à época Barroca, a música era apenas ouvida por reis ou príncipes, que nos seus castelos ou palácios ouviam bandas que tocavam apenas para eles em sessões privadas. A Ópera surgiu como uma ruptura neste aspecto, pois com este movimento a música passou a ser ‘para as massas’. Foi durante este período que se criou o concerto, onde o compositor ou a banda tocavam para uma plateia em locais próprios, normalmente fechados. A música, nomeadamente a Ópera, era agora para quem quisesse ouvi-la e tivesse possibilidade de assistir aos concertos dos artistas. A primeira ópera surgiu pela mão de Giulio Caccini, Jacopo Peri e ao poeta Ottavio Rinucini sobre o mito de Orfeu. A Igreja proibiu os enredos ‘imorais’ de certas óperas e proibiu a sua representação durante o Advento e a Quaresma.
Concerto de Ópera.
Pianoforte
Para além da classificação/inclusão da figura do compositor num período como o Barroco, será interessante questionar a intemporalidade da música de Bach e os efeitos revolucionários que causou mesmo para a contemporaneidade. O mesmo se estende a Beethoven. Pode considerar-se Johann Sebastian Bach, o ‘pai’ da música Barroca, nascido em Turíngia, na Alemanha em 1685, J.S.Bach que viria a morrer em 1750, é nome mais sonante da música no período Barroco, já que foi um organista e compositor extraordinário. «O seu papel na história da música, representa a síntese de um trabalho de séculos que ele levou à maior perfeição e à máxima expressão. A sua vasta obra, quer instrumental quer vocal, é de tal categoria e reveste um cunho de tal forma individual que, nunca, no seu género, foi ultrapassada.» (2) Tal como muitos artistas, J.S.Bach não foi famoso na altura em que viveu. Muitas das suas obras reflectem uma grande profundidade intelectual, uma expressão emocional profunda e, sobretudo, um grande conhecimento técnico. O mais impressionante de J.S.Bach, era a capacidade de criar, compor e inovar. Quando falamos no período Barroco, decidimos falar no caso de Bach por ter sido uma figura marcante, se não a mais importante neste período, já que conseguiu através da evolução dos instrumentos e da noção de espectáculo, criar um estilo próprio, ou seja, as suas composições na altura foram de uma qualidade e inovação muito elevadas. O órgão e o violino, eram os instrumentos de referência de Bach, «Pertencia já a uma numerosa família de músicos e foi de uma fecundidade extraordinária que abrange todos os géneros, desde as cantatas e missas até peças para violino…» (3) que na hora de compor, e com eles, construiu excelentes melodias paralisando plateias. Vários artistas inspiraram-se em Bach e aproveitaram o que de bom este deixou na música para assim continuarem aquilo que este tinha começado. Sem dúvida que o período Barroco, foi marcante por uma mudança nos costumes musicais.
J. S. Bach
A escultura barroca caraterísticas e representantes
A escultura barroca é marcada por um intenso dramatismo, pela exuberância das formas, pelas expressões teatrais e pelo movimento.
Na Itália, destacou-se o trabalho de Gian Lourenzo Bernini.
Em Portugal, António Ferreira e Machado Castro foram os escultores de maiores destaques.
No Brasil, Antônio Francisco de Lisboa (Aleijadinho).
Bernini, apesar de não ser um escultor brasileiro, merece um lugar em destaque, na Itália, entre as esculturas mais representativas do estilo, e as que inauguraram o barroco, foram as de Berninim arquiteto e escultor praticamente exclusivo do Vaticano na época do papa Urbano VIII.
Suas esculturas ao invés de muitas outras, pareciam estar posando vivas sobre a base de pedra, prester a criar vida e irem embora.Os rostos sofrem, se esforçam, apertando os lábios, ou abrindo-os como para dar um gemido.Os músculos em tensão constante, e as veias parecem pular sobre a pele.Até os cabelos e barbas, despenteados, emanam um estado de espírito.
As esculturas barrocas, foram se formando quase cidadãos, multiplicando de acordo com a vontade do escultor, anjos, arcanjos, santos e virgens, heróis míticos e deuses pagões;
O êxtase de Santa Teresa, por Bernini
O barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo barroco português, porém, com o tempo, foi assumindo características próprias. A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidade auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas cidades eram ricas e possuíam um intensa vida cultura e artística em pleno desenvolvimento.O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa também conhecido como Aleijadinho. Sua obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil.
Aleijadinho, considerado por muitos o maior escultor da América Latina, que antes dos 50 anos, ele é acometido por uma doença degenerativa, que deforma e atrofia seu corpo, desencadeando a perda progressiva do movimento dos dedos das mãos e dos pés. Passa a trabalhar com os instrumentos atados às mãos por seus escravos, que o carregam até os locais de trabalho.
Daí o apelido de Aleijadinho.
detalhes de Caminho para o calvário, por Aleijadinho
Suas características são: o predomínio das linhas curvas, dos drapejados das vestes e do uso do dourado, os gestos e os rostos dos personagem revelam emoções fortes e o limite físico humano, exaustão.
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