Nietzsche afirma em um dos seus livros que “temos a arte para que a verdade não nos destrua.” Mas o que Berk öztürk nos apresenta é justamente a via contrária, um choque de realidade que nos mostra o quanto a vida pode ser breve, dramática e incrivelmente dura. É como se através de suas gravuras ele quisesse chamar atenção para o fato de termos que aproveitar o hoje, o agora, pois o amanhã pode não existir, o amanhã pode nem chegar.
Por isso o artista trabalha com duas grandes premissas: a morte representada por imagens poéticas ou cruas e a solidão, representada muitas vezes por uma figura extremamente recorrente em seus traços: os peixes, levando-nos a mais uma das possíveis leituras que a arte nos revela. Talvez os peixes apresentem exatamente essa idéia da fluidez da vida, essa inquietação que muitas vezes nos faz querer sair do nosso lugar de origem e buscar novos ares, novos amigos e novos quereres. Nesse grande oceano que é o mundo, vivemos à mercê da grande rede que fazemos, seja de amigos, de colegas de trabalho, de amores. Até mesmo nossa rede virtual é permeada por valores muitas vezes fugidios e frágeis.
Em dias em que o mundo tem se tornado cada vez mais hostil, se referir à morte de maneira tão crua e ao mesmo tempo tão poética, parece nos mostrar uma saída, pois enquanto houver a arte tudo se tornará mais leve, até mesmo a morte, essa senhora que mal conhecemos e da qual evitamos saber. A morte do corpo, a morte da alma ou até mesmo a morte dos sonhos ainda em vida. Tudo isso é mote para que o traço do artista nos promova essa revisitação ao fundo de nós mesmos, aos nossos dias de solitude e de vazio. Por que é no vazio que muitas vezes residem as respostas para os questionamentos que tanto nos fazemos ao longo da vida.
Afinal, no fim, o que restará de nós mesmos e dos nossos sonhos?
Imagens retiradas da página do artista no facebook:E de suas galerias: Galeria 1 e Galeria 2
© obvious
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