O arquiteto é o sétimo japonês a ser premiado
E deu Japão de novo. Depois de Kenzo Tange (1987), Fumihiko Maki (1993), Tadao Ando (1995), Ryue Nishizawa, Kazuyo Sejima (2010) e Toyo Ito (2013), Shigeru Ban é o mais novo profissional do país a ingressar no Olimpo da arquitetura. É dele o Pritzker de 2014, anunciado na tarde desta segunda-feira pela Hyatt Foundation. O Oscar da arquitetura vai para as mãos de um autor versátil, conhecido tanto por seus projetos privados – residências e edifícios comerciais –, quanto por obras públicas – museus, salas de concerto e outros prédios de diferentes usos. Acima de tudo, um arquiteto cuja obra se destaca por sua dimensão humanitária: já há duas décadas Ban visita locais de acidentes e desastres naturais em busca de entender as necessidades das vítimas, para depois construir abrigos e obras comunitárias.
Informado por um representante do júri de que era o ganhador da premiação máxima em sua área, Ban reagiu com cautela: “Receber este prêmio é uma grande honra e, com ele, preciso ter cuidado. Devo continuar a ouvir as pessoas para quem eu trabalho, seja nos projetos residenciais privados, seja nos trabalhos pós-desastres. Eu vejo o prêmio como um incentivo para continuar a fazer o que eu faço – não para mudar, mas para crescer.”
Originalidade, sustentabilidade, economia e uso inteligente dos materiais. Eis as marcas do trabalho do japonês, cuja unidade estética da obra pode não ser tão marcante quanto a de ganhadores do passado (Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha, por exemplo, para ficar só nos brasileiros), mas de força conceitual igualmente poderosa.
Ban tem nas estruturas de madeira um de seus artifícios preferidos, como comprovam o Centre Pompidou de Metz, na França, a sede da empresa suíça Tamedia, em Zurique, ou o Pavilhão Japonês da Expo 2000, em Hannover, Alemanha. E traz também no currículo as mais inventivas soluções, como os famosos tubos de papel – feitos a partir de tubos de alumínio onde o papel reciclado é enrolado, colado e tratado com cera à prova de água – material que ele estuda e utiliza em edificações desde o inicio da década de 1990, e que empregou, por exemplo, na reconstrução da catedral de Christchurch, na Nova Zelândia, destruída por um terremoto em 2011.
Foi com estes mesmos tubos de papel que o arquiteto realizou as estruturas de seu primeiro projeto humanitário, os abrigos para os refugiados da guerra Civil de Ruanda, iniciada em 1994. Ao emplacar a ideia junto às Nações Unidas, ela acabou reciclada e aplicada na construção de diversas outras casas temporárias: para as vítimas do terremoto de Kobe, no Japão, em 1995, e de outros desastres ou conflitos na Turquia, na Índia, no Sri Lanka, na China, no Haiti, na Itália e nas Filipinas.
Nascido em Tóquio em 1957, filho de um executivo da Toyota e de uma estilista da alta costura japonesa, Shigeru Ban aproveitou-se de uma ótima educação para enveredar por um caminho bastante próprio. Apesar de sua arquitetura incorporar valores muito em voga nos dias de hoje, especialmente no que diz respeito à ecologia e sustentabilidade, o japonês afirma se pautar por estas questões desde o início: “Quando eu comecei a trabalhar, ninguém falava sobre o meio ambiente. Mas essa forma de fazer as coisas veio naturalmente para mim. Sempre tive interesse nos materiais locais, recicláveis e de baixo custo”. Se a ideia do prêmio, como afirma o seu júri, é “reconhecer arquitetos capazes de contribuir de maneira consistente e significante para a humanidade”, o Pritzker não poderia estar em melhores mãos.
Catedral de Christchurch, 2013, Nova Zelândia
Pavilhão Japonês, Expo 2000, Hannover, Alemanha
Centre Pompidou-Metz, 2010, França
Paper Concert Hall, 2011, Áquila, Itália
Haesley Nine Bridges Golf Club House, 2010, Coreia
Paper Log House, 2001, Índia
Paper Log House, 1995, Kobe, Japão
Paper Log House, 1995, Kobe, Japão
Abrigo para o Haiti, 2010, Haiti
Paper Temporary Studio, 2004, Paris
Sede da empresa Tamedia, 2013, Suíça
Fonte: Casa Vogue
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