sábado, 4 de janeiro de 2014

A arte moderna foi usada como arma da CIA




Por décadas no circuito da arte, o assunto sempre foi um rumor ou piada, mas agora é fato confirmado.


A CIA usou a arte moderna americana - incluindo trabalhos de artistas renomados: Jackson Pollock,Robert Motherwell, Willem de Kooning e Mark Rothko – como arma na guerra fria, fomentando e promovendo a pintura expressionista abstrata americana em todo o mundo, há mais de 40 anos.

Entre as décadas de 50 e 60, a grande maioria dos americanos desprezava a arte moderna. O então presidente Harry S. Truman, resumiu o ponto de vista popular : “Se isso é arte, então eu sou um hotentote (membro dos hotentotes, povo nômade do sul da África)”. Quanto aos próprios artistas, muitos eram ex-comunistas, e certamente não era o tipo de pessoa que o governo dos EUA apoiaria.

Por que a CIA os ajudou? Porque na guerra publicitária, esse novo movimento artístico poderia ser uma prova da criatividade, liberdade intelectual e do poder cultural americano. A arte russa, encalhada na ideologia comunista fechada, não poderia competir.



A decisão de incluir cultura e arte no arsenal americano da guerra fria, foi tomada assim que a CIA foi fundada, em 1947. Impressionada com o poder que o comunismo ainda exercia sobre alguns intelectuais e artistas do ocidente, a agência criou uma divisão, a “Propaganda Assets Inventory”, que em seu auge poderia influenciar mais de 800 jornais, revistas e organizações públicas.

O próximo passo veio em 1950, quando a Divisão de Organizações Internacionais foi instituída por Tom Braden. Foi este escritório que subsidiou a versão animada de “A Revolução dos Bichos” deGeorge Orwell, e também patrocinou artistas de jazz americanos e recitais de ópera. Seus agentes foram colocados na indústria cinematográfica, em editoras, e até no guia Fodor (um dos primeiros guias de viagens do mundo).

Um ex-oficial do caso, Donald Jameson, quebrou o silêncio:

“Quanto ao expressionismo abstrato, eu adoraria dizer que a CIA o inventou só para ver o que aconteceria em Nova Iorque e no centro da SoHo!” brinca. “Mas acho que o que fizemos realmente, foi reconhecer a diferença. Foi reconhecido que o expressionismo abstrato era o tipo de arte que faria o realismo socialista parecer muito mais estilizado, rígido e confinado do que era.”

A peça central da campanha da CIA se tornou o Congresso para a Liberdade Cultural, uma grande reunião de intelectuais, escritores, historiadores, poetas e artistas (eles não sabiam de nada) que foi posta em prática e financiada pela agência. Esse foi o front ideal para cobrir seus interesses no expressionismo abstrato. Foi também o patrocinador oficial das exposições e suas turnês, estas, visitaram todas as grandes cidades europeias na época.



As obras eram caras para transportar e expor, logo, milionários e museus foram chamados no jogo. Preeminente nisso, foi Nelson Rockefeller, no qual a mãe foi co-fundadora do MoMA. Como presidente do que ele chamava de “Museu da mamãe”, Rockefeller foi um dos grandes apoiadores do expressionismo abstrato. Seu museu foi contratado pelo Congresso para a Liberdade Cultural, para organizar e fazer a curadoria da maioria das exposições mais importantes.

O museu foi também linkado à CIA por várias outras ligações. William Paley, o presidente da CBS e um dos fundadores da CIA, fazia parte do conselho de membros do intercâmbio de obras do museu. John Hay Whitney, que serviu a predecessora da agência nos tempos de guerra, a OSS, foi presidente. E Tom Branden, principal fundador das Divisões de Organizações Internacionais da CIA, foi secretário executivo do museu em 1949.

Agora, nos seus 80 anos, o Sr. Braden vive em Woodbridge, numa casa cheia de obras expressionistas abstratas, guardadas por enormes pastores-alemães. Ele explicou os objetivos da Divisão de Organizações Internacionais:

“Nós procuramos unir todas as pessoas que eram escritoras, todas que eram músicos, todas que eram artistas, para demonstrar que o Ocidente e os EUA eram devotos da liberdade de expressão e da conquista intelectual, sem barreiras rígidas como “o que você deve escrever”, o que você deve dizer, o que você deve fazer, e o que você deve pintar, como acontecia na União Soviética."

“É preciso um papa ou alguém com muito dinheiro para reconhecer a arte e apoia-la.”, diz Branden, “E depois de muitos séculos, as pessoas dizem, ‘Oh! Eis aqui a Capela Sistina, a mais bela criação na Terra!'. É algo que a civilização enfrenta desde sempre, desde o primeiro artista e o primeiro milionário ou papa que o apoiou. E ainda assim, se isso não tivesse sido feito, nós não teríamos tido a arte”.

Poderia ter sido o expressionismo abstrato, o principal movimento artístico pós-guerra sem esse patrocínio? A resposta provavelmente é sim. Igualmente, é errado achar que quando você observa uma obra expressionista abstrata, está sendo enganado pela CIA.


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