"Van Gogh - Painting with Words".
O artista holandês Vincent Van Gogh (1853-1890), é um dos artistas mais filmados. Talvez o misto de mistério em relação a sua doença, a ideia do suicídio - que recentemente foi desconstruída por historiadores -, as cores e expressividade das obras, seu temperamento difícil, as inúmeras biografias e laudos psiquiátricos tenham tenham fomentando na mente de diretores e roteiristas de todo mundo. Desde 1948 a vida do pintor holandês chegou as telas de cinema - ou diretamente para televisão. O fascínio, pela vida atormentada e trágica de Vincent gerou mais de uma dezena de filmes e curtas. Cada um com uma visão que busca elucidar sua trajetória pessoal. Alguns são obras-primas cinematográficas, outros bela biografia e ainda há outros que estão para divertimento.
Confira alguns filmes imperdíveis sobre a vida do artista que mais atraiu os olhares das câmeras:
Van Gogh (Van Gogh) Direção: Alain Resnais Ano: 1948
Van Gogh de Alain Resnais.
Curta produzido pelo cineasta francês Alain Resnais, é uma encomenda para coincidir com uma exposição que ocorreria sobre Van Gogh em Paris. Filmado inicialmente em 16mm, foi refeito em 35 mm. O curta ganhou um prêmio na Bienal de Veneza em 1948 e o Oscar de Melhor Curta.
Por que assistir? Esse é o primeiro filme tratando sobre Van Gogh. Resnais através de um "passeio" por entre as telas e narração demonstra as transformações emocionais e artísticas pelas quais passa o pintor. Se utilizando de montagem, closes, ângulos e planos, e ritmo das cenas, Resnais penetra em cada obra oferecendo uma visão unica. Realizado em preto e branco - o que só comprova o poder das obras de Van Gogh. Mais do que uma ode a Van Gogh, o curta é um dos exemplos de experimentação cinematográfica.
Sede de Viver (Lust for life/A Vida Apaixonada de Van Gogh) Diretor: Vincent Minnelli Ano: 1956
"Sede de Viver" de Vincent Minnelli.
Adaptado do livro "Lust for life" (Sede de Viver) do romancista americano Irving Stone (1903-1989), o filme se inicia em 1877, com Van Gogh em sua tentativa de ser pastor na Bélgica, junto aos mineiros. Vivido pelo ator Kirk Douglas, o jovem Vincent no decorrer da película conhece outros artista, passa por desilusões amorosas. O filme culmina com o intenso convívio com o pintor francês Paul Gauguin (1848-1903), interpretado por Anthony Quinn.
Por que assistir? 'Sede de viver' poderia ser um daqueles filmes que enaltecem a figura do artista, quase divinizando sua figura. Por meio de enquadramentos, jogos de zoom e uma trilha sonora intensa e tocante, Minnelli consegue construir uma narrativa para demonstrar a trajetória do artista em seus momentos de rupturas. Cada cena parecer ter sido baseada em uma de suas pinturas, tamanho o preciosismo da fotografia. As imagens de suas obras ainda são utilizadas para intensificar elementos de sua personalidade conflitante e suas crises emocionais. Sem contar a interpretação intensa e marcante de Douglas e Quinn - e pela qual foram agraciados com Oscar e Globo de Ouro.
"Sede de Viver" de Irving Stone.
Cena de "Sede de Viver", com Kirk Douglas e Anthony Quinn.
Vincent & Theo (Van Gogh - Vida e Obra de um Gênio) Direção: Robert Altman Ano: 1990
"Vincent e Théo", de Robert Altman.
O filme de Altman - que originalmente seria uma mini-série para exibição na Holanda - conta a história Vincent van Gogh, vivido pelo ator Tim Roth, através de sua relação com seu irmão mais novo - e mantenedor - Theo Van Gogh. A cena inicial é com leilão do quadro "Girassóis" por £ 39.850.000, é o ponto inicial para narrar a tempestuosa vida de um dos pintores mais caros do mundo, que no entanto, viveu na pobreza e na loucura. Situação ricamente construída por Altman em cada cena.
Cena de "Vincent e Théo", de Robert Altmam com Tim Roth.
Cena de "Vincent e Théo", de Robert Altmam.
Sonhos (Dreams/Yume) Direção: Akira Kurosawa Ano: 1990
"Sonhos" de Akira Kurosawa.
Esse não é bem um filme sobre Van Gogh, mas um interessante leitura do artista. Na década de 1990, Akira Kurosawa lançou "Sonhos", um filme composto por uma série de curtas sobre sonhos - baseado nos sonhos do próprio Kurosawa. Em um desses sonhos, intitulado "Corvos", Kurosawa, um visitante "entra" em uma das obras de Van Gogh - interpretado pelo diretor Martin Scorsese - e conhece o pintor.
Por que assistir? O sonho "Corvos" é uma interpretação livre e sensível sobre Van Gogh feita pelo mestre japonês Kurosawa. O jovem japonês visitante do museu - e aspirante a pintor - se perde ao fitar a obra "Campo de trigo com corvos" e acaba se perdendo em sua obra. Durante o curta, o jovem - representa o diretor - se perde por outras obras e acaba conhecendo Van Gogh. Sensível, os dez minutos de duração do curta, trazem o âmago do artista holandês. Frenético em seu ofício e de gênio irascível em uma das frases mais memoraveis do curta, Van Gogh afirma: “Ontem eu tentava completar um auto-retrato. Não conseguia acertar a orelha, então cortei a orelha e a joguei fora”..
Cena de "Sonhos" de Akira Kurosawa, com Martin Scorsese.
Cena de "Sonhos" de Akira Kurosawa.
Desenho de Akira Kurosawa para "Sonhos".
Van Gogh (Van Gogh) Direção: Maurice Pialat Ano: 1991
"Van Gogh" de Maurice Pialat.
Vencedor do Prêmio César de Melhor Ator em 1992, Jacques Dutronc, deu vida ao pintor holandês em seus últimos 67 dias. Retomando questões do relacionamento entre Vincent e Theo, Pialat, também trás a película a relação do artista com seu médico Dr. Garchet - reconhecido na história por seu retrato feito por Van Gogh. A relação de Van Gogh com as mulheres - incluindo com a filha adolescente de seu médico - ganha espaço nas na tela.
Por que assistir? O filme do diretor Maurice Pialat, é considerado por muitos críticos um contraponto a dramático "Lust for Life". É possível perceber claramente as diferenças entre ambos. Pialat opta por um enfoque mais realista de Van Gogh. Sai o pintor da alma perturbada e entra o artista meticuloso, homem comum, doente e inserido em um contexto histórico de fim século. As relações pessoais do pintor são encaradas com naturalidade, a doença não se torna o motivo de sua genialidade. E principalmente, sua processo criativo possui um papel principal no filme, o que possibilita um outro olhar para o pintor.
Van Gogh: Pintando com palavras (Van Gogh: Painted with Words) Direção: Andrew Hutton Ano: 2010
"Van Gogh - Painted with Words" com Benedict Cumberbatch.
Produzido pela BBC, este drama/documentário trás Benedict Cumberbatch na pele de Van Gogh, em um roteiro baseado diretamente nas cartas do artista a seu irmão, amigos e a familiares, além das cartas de resposta de Theo, Gauguin, entre outros. Ganhou o prêmio Rockie for Best Arts Documentary at the Banff World Media Festival.
Por que assistir? Uma das mais recentes adaptações da vida de Van Gogh, tem como principal trunfo ter seu roteiro totalmente baseado nas correspondências trocadas pelo artistas, possibilita um apronfundamento na figura do artistas. Com apenas algumas aparições de outras figuras, o documentário deixa Cumterbatch brilhar em cada cena, com uma interpretação sensível sem cair em exageros e melodramas.
Vincent e O Doutor (Vincent and The Doctor) Direção: Jonny Campbell Ano: 2010
Cena do episódio "Vincent and the Doctor", com Tony Curran.
Esse não é bem um filme ou uma biografia sobre Van Gogh. Na verdade é décimo episódio da quinta série, do programa mais longo da Inglaterra, "Doctor Who". Durante uma pausa, O Doutor leva sua amiga a uma exposição do pintor, quando percebe algo errado em sua obra, assim resolve ir ao seu encontro no século XIX.
Por que assistir? Excluindo a questão da ficção cientifica, o episódio, possui muita sensibilidade em retratar Vincent. Sensível, meigo, amável e com uma certa insegurança, Van Gogh possui um olhar único do mundo, que muitas pessoas não conseguem ver ou entender. É sua percepção única que lhe confere o poder de produzir obras maravilhosas. Uma especial atenção para o final do episódio, quando O Doutor, leva Vincent para o futuro e lhe mostra seu legado. Simplesmente emocionante, mesmo sendo pura ficção.
Cena do episódio "Vincent and the Doctor", da série inglesa Doctor Who".
Outros vídeos
Outras obras cinematográficas tratam da vida de Van Gogh. Menos conhecidas e disseminadas, são pequenos marcos na cinebiografias do artista holandês, alguns possibilitam novos olhares ou retomam velhas ideias:
Vincent (Vincent: The Life and the dead of Vincent Van Gogh) Direção: Paul Cox Ano: 1987
O filme do diretor australiano, é uma sucessão de imagens de época e obras de Van Gogh com fatos de sua vida narrados pelo ator inglês John Hurt.
The eyes of Van Gogh (The eyes of Van Gogh) Direção: Alexander Barnett Ano: 2005
Após o trágico episódio da orelha em Arles, após uma briga com Gauguin, Van Gogh interna-se voluntariamente em um asilo em Saint-Remy. O filme trata os momento que artista passou no local, por meio de alucinações, sonhos e flashbacks. A grande ideia do filme é a mente atormentada em compasso com a genialidade artística.
The yellow house (The yellow house) Direção: Chris Durlacher Ano: 2007
O filme cobre as nove tempestuosas semanas em que Van Gogh e Gauguin dividiram uma casa amarela na cidade de Arles, ao sul da França. O sonho de uma comunidade de artistas, terminam com um rompimento brusco, o fim de uma amizade e o deterioramento da saúde mental de Vincent.
Moi, Van Gogh (Moi, Van Gogh) Direção: François Bertrand Ano: 2009
Curta filmado em IMAX, trás uma análise da obra de Van Gogh, filmando dos documentos, cadernos, desenhos e cartas do artista. Além dos closes magníficos nas obras e planos das paisagens que inspiraram seus quadros.
Agora escolha o seu filme Van Gogh favorito.
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