quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Museu anuncia descoberta de obra desconhecida de Van Gogh


'Pôr do Sol em Montmajour' estava em coleção privada na Noruega.
Ela será exposta a partir de 24 de setembro em Amsterdã.

'Pôr do Sol em Montmajour', de Van Gogh (Foto: AP)


O museu Van Gogh de Amsterdã anunciou nesta segunda-feira (9), após dois anos de pesquisa, a descoberta de um quadro até agora desconhecido do autor de "Os Girassóis", que data de 1888 e representa uma paisagem com árvores e arbustos.

O título da obra, descoberto em um coleção privada na Noruega, é "Pôr do Sol em Montmajour" e pertenceà fase na qual Vincent Van Gogh (1853-1890) pintou seus conhecidos quadros florais.

O quadro chegou a ficar algum tempo em um sótão. O nome do colecionador não foi divulgado.

O diretor da pinacoteca, Axel Rüger, disse à imprensa que "uma descoberta desta magnitude nunca aconteceu na história deste museu. É uma raridade que se possa acrescentar uma nova pintura à obra de Van Gogh".

É a primeira obra nova do artista descoberta desde 1928.

A pintura será exibida a partir do dia 24 de setembro no museu holandês, disse a instituição.

A época em que Van Gogh passou pela cidade francesa de Arles, onde o quadro inédito foi pintado, é para muitos especialistas o ápice do pintor, disse o museu em comunicado.

Durante a estadia em Arles, Van Gogh criou quadros como "Os Girassóis", "A Casa Amarela" e "O Quarto", hoje pontos de referência de sua extensa obra.

A atribuição do quadro a Van Gogh é resultado de dois anos de pesquisa nos quais os especialistas da pinacoteca Louis van Tilborgh e Teio Meedendorp analisaram o estilo, a técnica e o tipo de suporte da obra.

"Tudo indicavque se trata de um quadro de Van Gogh, estilística e tecnicamente, além de ter muitos paralelismos com outros quadros seus do verão de 1888", segundo os especialistas.

A investigação técnica confirmou que os pigmentos utilizados na pintura correspondem aos que Van Gogh usava em Arles, incluindo a descoloração tão típica da obra de Van Gogh e na qual casualmente a pinacoteca aprofunda na exposição "A oficina de Van Gogh", que pode ser visitada atualmente.

Os especialistas constataram, além disso, que o mesmo tipo de tela foi utilizada "pelo menos" em outro de seus quadros: "As Rochas", que se encontra no Museu de Artes de Houston, e tem uma "alta semelhança em termos de estilo" com a obra agora apresentada.

Os investigadores também puderam constatar que o novo título pertenceu à coleção do irmão de Van Gogh, Theo, em 1890 e foi vendido em 1901.

Além disso, identificaram uma colina perto de Arles e próxima a Montmajour como o lugar que representa a paisagem do novo quadro.

Com umas medidas de 93,3 cm de altura por 73,3 cm de largura, "Pôr- do-Sol em Montmajour" também destaca-se, segundo o museu, por suas dimensões "relativamente grandes", o que aumenta a excepcionalidade, segundo a pinacoteca.

Duas cartas de Van Gogh datadas de 1888 fazem também uma "referência literal" ao quadro, e nelas o artista se mostra descontente com o resultado, comentado que não conseguiu o efeito que queria.

"Van Gogh tinha grandes ambições com esta pintura, com a qual queria mostrar-se como um poeta entre os pintores de paisagens, mas se decepcionou porque sentia que não tinha conseguido

resolver convincentemente alguns problemas", explicou a pinacoteca.

"O quadro faz parte de um grupo excepcional de pinturas nas quais Van Gogh experimenta. Inclusive podemos dizer que é uma pintura de transição, porque a partir dela Van Gogh sente a necessidade de usar mais e mais camadas", segundo a opinião do especialista Van Tilborgh, envolvido nas análises desta descoberta.

Museu
O Museu Van Gogh reabriu as portas ao público no início de maio com destaque para algunas das melhores obras do pintor holandês.

O edifício tem 200 obras, 140 produzidas pelo próprio Van Gogh e as demais por artistas contemporâneos.

Com a reabertura, o museu espera atrair aproximadamente 1,2 milão de visitantes no próximo ano. De acordo com a cidade de Amsterdã, este é um dos 25 museus mais famosos do mundo.
Axel Ruger dá entrevista em frente à obra (Foto: AP)

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