A lógica-Godard não é para ser dissociada dos seus filmes, na verdade, é o tipo de composição que se aprecia, que se sujeita a tentar absorver, longe de querer encontrar uma linguagem-padrão ou uma significância concreta.
O experimentalismo estético de Godard - e como ele trabalha o ato de olhar - é um assunto muito complexo. Não diria autobiográfico (a nomenclatura pode sugerir uma coisa que não é), diria projetivo. A delicadeza de Godard é resultado do seu olhar para com ele e as coisas ao seu redor, a verdadeira percepção de algo, um jogo íntimo de aproximação e apropriação.
O filme Pierrot le fou (O demônio das onze horas 1965), ilustra bem essa empreitada, um dos filmes que melhor representam Godard e a Novelle Vague. Ele é um diretor que enxerga o mundo de outra maneira, existe uma singularidade no seu olhar para com o cinema, como se fosse uma espécie de poeta fílmico. Pierrot le fou se caracteriza pela premissa do subjetivo, é um filme assimétrico, inusitado e questionador. Fazendo uma breve análise de Pierrot le fou, levantamos as seguintes questões de desprendimento e ruptura, além de Godard seguir uma linha compositiva completamente diferente do que os amantes do cinema estão acostumados, psicologicamente, ele cria personagens com características atípicas, personagens que se importam com o subjetivo, que personificam um ponto gigante de interrogação e exclamação.
A linguagem godardiana é muito dúbia, existe uma vasta gama da visão que se tem do filme, podendo interpreta-lo de maneiras muito particulares. Pierrot le fou nos elucida bem isso, quando aventuramos a analisar a sua lógica, nos perdemos, porque o filme é composto de uma pessoalidade gritante, cada espectador o enxerga de uma maneira, assim como seus personagens se aventuram a enxergar o mundo. Posso me arriscar a dizer que, Pierrot, é um filme enigmático, ao passo que ainda observando sua narrativa, não se traduz todo o seu mistério, Godard sempre deixa um ar etéreo pairando sob nossas opiniões. Godard é como se fosse um poeta cinematográfico, ele filma como quem constrói arranjos poéticos.
O filme se inicia com Ferdinand (ou Pierrot, como é chamado por Marianne), desgastado da falsidade de sua vida, ele se enxerga em uma encruzilhada, onde decide fugir com sua amante. Esse é o prelúdio de todas as questões filosófica e existenciais do filme. Ferdinand e Marianne são personagens que buscam a essência de viver, e, por vezes, questionam o conceito de vida e liberdade. O encantamento se evidência no momento que Ferdinand e Marianne partem em busca da procura por experiências e preenchimentos existenciais. Na sede de descobrir quem são, o casal usa como muleta para essa odisseia a literatura e a pintura. O casal encontra beleza onde as pessoas comuns não conseguem encontrar, evidenciam a arte, a arte propriamente dita e a arte do simplório. Não existe a necessidade de almejar a felicidade, a dupla busca seguir em frente, busca questionamentos, a felicidade fica aquém das expectativas sensórias, eles não querem uma coisa só - comum a todos - como a felicidade, querem a assiduidade de seguir a vida. Eles fogem dos padrões da sociedade, rompem com a tradição dos sujeitos, e se preocupam apenas em seguir em frente e apreciar a jornada.
Anna Karina, musa de Godard, interpreta majestosamente Marianne. Confundo Anna Karina com todos os seus personagens, ela os absorve de tal maneira que fica difícil separar quem é Anna Karina e quem é ficção. Esse sentimento também existe em mim para com as obras de Godard, existe a sensação engraçada de achar de extrema dificuldade separar o que é real e o que não é, porque o conceito de real se perde. Na atmosfera de Godard não existe concreto, não existe dois extremos e só, o leque de possibilidades é infinito.
Pierrot le fou é uma obra de arte do abstracionismo, o filme se encaixa justamente naquilo que as pessoas reprimem e expelem. Ferdinand, Marianne e Godard não temem a sequência libertária de se permitir seguir em frente, questionar, romper e olhar - com um olhar demorado - para suas próprias questões e questões da vida. O encanto de Pierrot le fou se inicia na liberdade cromática, evocando a pintura, fazendo uma dança entre os tons de azul-vermelho-amarelo, e termina na grandeza de se permitir buscar respostas.
O experimentalismo estético de Godard - e como ele trabalha o ato de olhar - é um assunto muito complexo. Não diria autobiográfico (a nomenclatura pode sugerir uma coisa que não é), diria projetivo. A delicadeza de Godard é resultado do seu olhar para com ele e as coisas ao seu redor, a verdadeira percepção de algo, um jogo íntimo de aproximação e apropriação.
O filme Pierrot le fou (O demônio das onze horas 1965), ilustra bem essa empreitada, um dos filmes que melhor representam Godard e a Novelle Vague. Ele é um diretor que enxerga o mundo de outra maneira, existe uma singularidade no seu olhar para com o cinema, como se fosse uma espécie de poeta fílmico. Pierrot le fou se caracteriza pela premissa do subjetivo, é um filme assimétrico, inusitado e questionador. Fazendo uma breve análise de Pierrot le fou, levantamos as seguintes questões de desprendimento e ruptura, além de Godard seguir uma linha compositiva completamente diferente do que os amantes do cinema estão acostumados, psicologicamente, ele cria personagens com características atípicas, personagens que se importam com o subjetivo, que personificam um ponto gigante de interrogação e exclamação.
A linguagem godardiana é muito dúbia, existe uma vasta gama da visão que se tem do filme, podendo interpreta-lo de maneiras muito particulares. Pierrot le fou nos elucida bem isso, quando aventuramos a analisar a sua lógica, nos perdemos, porque o filme é composto de uma pessoalidade gritante, cada espectador o enxerga de uma maneira, assim como seus personagens se aventuram a enxergar o mundo. Posso me arriscar a dizer que, Pierrot, é um filme enigmático, ao passo que ainda observando sua narrativa, não se traduz todo o seu mistério, Godard sempre deixa um ar etéreo pairando sob nossas opiniões. Godard é como se fosse um poeta cinematográfico, ele filma como quem constrói arranjos poéticos.
O filme se inicia com Ferdinand (ou Pierrot, como é chamado por Marianne), desgastado da falsidade de sua vida, ele se enxerga em uma encruzilhada, onde decide fugir com sua amante. Esse é o prelúdio de todas as questões filosófica e existenciais do filme. Ferdinand e Marianne são personagens que buscam a essência de viver, e, por vezes, questionam o conceito de vida e liberdade. O encantamento se evidência no momento que Ferdinand e Marianne partem em busca da procura por experiências e preenchimentos existenciais. Na sede de descobrir quem são, o casal usa como muleta para essa odisseia a literatura e a pintura. O casal encontra beleza onde as pessoas comuns não conseguem encontrar, evidenciam a arte, a arte propriamente dita e a arte do simplório. Não existe a necessidade de almejar a felicidade, a dupla busca seguir em frente, busca questionamentos, a felicidade fica aquém das expectativas sensórias, eles não querem uma coisa só - comum a todos - como a felicidade, querem a assiduidade de seguir a vida. Eles fogem dos padrões da sociedade, rompem com a tradição dos sujeitos, e se preocupam apenas em seguir em frente e apreciar a jornada.
Anna Karina, musa de Godard, interpreta majestosamente Marianne. Confundo Anna Karina com todos os seus personagens, ela os absorve de tal maneira que fica difícil separar quem é Anna Karina e quem é ficção. Esse sentimento também existe em mim para com as obras de Godard, existe a sensação engraçada de achar de extrema dificuldade separar o que é real e o que não é, porque o conceito de real se perde. Na atmosfera de Godard não existe concreto, não existe dois extremos e só, o leque de possibilidades é infinito.
Pierrot le fou é uma obra de arte do abstracionismo, o filme se encaixa justamente naquilo que as pessoas reprimem e expelem. Ferdinand, Marianne e Godard não temem a sequência libertária de se permitir seguir em frente, questionar, romper e olhar - com um olhar demorado - para suas próprias questões e questões da vida. O encanto de Pierrot le fou se inicia na liberdade cromática, evocando a pintura, fazendo uma dança entre os tons de azul-vermelho-amarelo, e termina na grandeza de se permitir buscar respostas.
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