terça-feira, 12 de março de 2013

As casas de Oscar Niemeyer



A célebre Casa das Canoas, no Rio de Janeiro, projeto de 1953


Oscar Niemeyer há de ser lembrado para sempre como arquiteto de edificações monumentais – palácios, catedrais, museus, parques –, mas seu vasto legado atesta que não só o grandioso o interessava. As mesmas curvas e formas sinuosas que ele usou para levar o modernismo a um patamar inimaginável foram aplicadas em diversos projetos residenciais, com o mesmo espírito livre e revolucionário. Muitas vezes até antecipando características que apareceriam depois nos edifícios públicos.

A mais conhecida, claro, é a Casa das Canoas, projetada para ser sua própria morada no bairro carioca de São Conrado, e uma das grandes responsáveis pelo sucesso de Niemeyer fora do Brasil. Mas há uma extensa lista de residências no currículo do arquiteto, nomeadas de acordo com os respectivos proprietários: Juscelino Kubitschek; Cavalcanti; Francisco Pignatari; Darcy Ribeiro; Anne e Joseph Strick; e Orestes Quércia. Em todas elas, o arquiteto priorizou a perfeita implantação na topografia e sua integração com a paisagem. Várias possuem painéis e jardins de gente do calibre de Athos Bulcão e Burle Marx.

Niemeyer nunca deu às casas que projetou o mesmo valor das construções públicas, fruto, talvez, de sua declarada orientação política comunista, em que obras pensadas para o coletivo são sempre mais importantes do que aquelas feitas para indivíduos. Arquitetonicamente, no entanto, casas oferecem um terreno mais livre para experimentações. E foi experimentando que Niemeyer forjou seu estilo – do modernismo aprendido com Le Corbusier à mistura com as influências do período colonial brasileiro, que culminou na supremacia da curva feita de concreto.

Casa Nara Mondadori, em Cap Ferrat, na França, projeto de 1972


“Tudo começou quando iniciei os primeiros estudos de Pampulha – minha primeira fase –, desprezando deliberadamente o ângulo reto e a arquitetura racionalista feita de régua e esquadro para penetrar corajosamente nesse mundo de curvas e retas que o concreto oferece”, disse o mestre numa antiga entrevista. “Devo confessar também que, quando comecei os meus projetos em Brasília (1956), eu já estava cansado de dar tantas explicações. Eu sabia que tinha experiência para ser livre, e não me importavam as críticas inevitáveis contra meus projetos.”

São incontáveis os livros já escritos sobre o trabalho de Niemeyer. O primeiro a tratar exclusivamente das casas, porém, foi lançado nos Estados Unidos há apenas seis anos – e há poucas semanas ganhou versão brasileira. Casas, aqui publicado pela editora GG Brasil, tem textos editados por Alan Hess e centenas de fotografias de Alan Weintraub (as que ilustram esta página foram gentilmente cedidas pela editora). A obra comprova a importância vital dos projetos residenciais na carreira de Niemeyer.
Casa Nara Mondadori, em Cap Ferrat, na França, projeto de 1972



Outra vista da Casa das Canoas, no Rio de Janeiro, projeto de 1953



Casa Edmundo Cavanelas, em Petrópolis (RJ), projeto de 1954




Casa Edmundo Cavanelas, em Petrópolis (RJ), projeto de 1954




Casa Leonel Miranda, no Rio de Janeiro, projeto de 1955



Casa Sebastião Camargo, em Brasília, projeto de 1985


Casa Sebastião Camargo, em Brasília, projeto de 1985


Casa Carmen Baldo, no Rio de Janeiro, projeto de 1969


Casa Carmen Baldo, no Rio de Janeiro, projeto de 1969


Casa Ana Elisa Niemeyer, no Rio de Janeiro, projeto de 2005



Catetinho (residência temporária do presidente Juscelino Kubitschek), em Brasília, projeto de 1956


Casa Oscar Niemeyer na Lagoa, Rio de Janeiro, projeto de 1942


Escritório de Oscar Niemeyer em Copacabana, projeto de Rio de Janeiro

Fonte: Casa Vogue

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