domingo, 17 de fevereiro de 2013

O cenário só modificou o entorno, mas o tema central ainda urge em nossa pátria mãe gentil "Acalanto do seringueiro".








II 

Acalanto do seringueiro 



Seringueiro brasileiro, 

Na escureza da floresta 

Seringueiro, dorme. 

Ponteando o amor eu forcejo 

Pra cantar uma cantiga 

Que faça você dormir. 

(...) 

Seringueiro, seringueiro, 

Queria enxergar você... 

Apalpar você dormindo, 

Mansamente, não se assuste, 

Afastando esse cabelo 

Que escorreu na sua testa. 

Algumas coisas eu sei... 

Troncudo você não é. 

Baixinho, desmerecido, 

Pálido, Nossa Senhora! 

Parece que nem tem sangue. 

Porém cabra resistente 

Está ali. Sei que não é 

Bonito nem elegante... 

(...) 



Mas porém é brasileiro, 

Brasileiro que nem eu... 

Fomos nós dois que botamos 

Pra fora Pedro II... 

Somos nós dois que devemos 

Até os olhos da cara 

Pra esses banqueiros de Londres... 

Trabalhar nós trabalhamos 

Porém pra comprar as pérolas 

Do pescocinho da moça 

Do deputado Fulano. 

Companheiro, dorme! 



(...) 

Seringueiro, dorme! 

Num amor-de-amigo enorme 

Brasileiro, dorme! 

Brasileiro, dorme. 



(ANDRADE, Mário. Clã do Jaboti. In: ________. Poesias completas. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1980) 

CHICO MENDES

Vamos falar sobre um homem
Um homem que luta e que defende
A preservação das florestas
E os direitos da gente

Analfabeto sem esperança
Trabalhou desde criança
Chico Mendes seringueiro
Hoje conhecido pelo país inteiro 

Em sindicalista se transformou
Leu e escreveu sozinho
Abrindo seu próprio caminho

Perdemos uma pérola de vida
Dedicada à defesa do meio ambiente
Assassinado por fazendeiros indecentes.

Celine Bernard



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