Quantas vezes um rio tem passado em minha vida?
Todas às vezes que molho meus pés nas águas da existência, uma porção de coisas passa em mim.
Neste momento submeto a um forte mergulho, e por mais que exista em mim a lei do "empuxo", não consigo ver a outra margem.
Talvez seja a mesma margem que me oprime faz anos, mas o fato é que nem o reflexo do sol nas borbulhas conseguem atrair-me para fora do fundo em que me encontro.
Consigo me lembrar do quanto é lindo o céu azul, as plantas da montanhas e o verde esmeralda das folhas que caem nas águas.
Sinto saudades do meu manso e bondoso carneiro brincando aos ocasos como se tudo fosse eternizado.
Infelizmente os momentos sim, mas as circunstâncias sufocam, nadar todos os dias contra corrente também cansa...
Ah! Minha casinha feita de palha, aquela rede que não sai do meu coração, onde embalei meus filhos por tantas vezes, está tão longe que só de pensar lacrimejam meus olhos.
É quarta-feira de cinzas, tudo ao meu redor se move e tem vida, o único elemento que está por dissolver é o meu ser.
Não tem como explicar o inexplicável, a nostalgia entrou sem pedir licença e não quer sair, como somos sempre eu e você TRIBARTE, eis-me aqui a digitar alguns paradoxos existenciais em você.
Você não é persona non grata, e eu também não, eu o escuto como fonte de pesquisa e você me entende como somatório de mim mesma.
Loucura?
Não... pois "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".
Obrigada pelas felizes lembranças aqui registradas, não vou ficar por mais tempo no fundo mergulhando, afinal de contas amanhã será um novo dia e teremos muito a fazer.
Já estou a nadar e descobri que posso mudar meu rumo, e que a canseira é esforço testado todos os dias para quem deseja viver.
Submergi para agradecer, afinal nós sabemos que somos frutos de milagres.
Com amor, Aline Carla Rodrigues.
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