quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

SOBRE PONTOS E ROSTOS: ERIC DAIGH

"Cinco cores, alfinetes e rostos comuns. Nada mais simples. Da simplicidade emerge a arte de Eric Daigh - do improvável, do cotidiano, do comum. Um artista que traz de volta o espaço do tempo para a arte de hoje: o tempo de parar e contemplar a obra. Um pedido tão suave quanto inebriante.


© Eric Daigh, processo de trabalho.

Fotografias de rostos humanos em close, alfinetes comuns em cinco cores diferentes e uma técnica tão antiga quanto atual: o pontilhismo. Na era do pixel - os pontinhos minúsculos que formam as imagens na tela do seu monitor - Eric Daigh, artista americano, cria sua arte sobre o ato de revelar os pontos compositórios das imagens que estamos acostumados a ver nas telas da vida.

Esse impulso artístico de revelar o que todo o mundo vê, mas não enxerga, não é novo. Roy Lichtenstein, artista pop, se utilizava da técnica ben-day, um tipo de pontilhismo, para compor suas obras que não passavam de comics com zoom. O efeito era tornar visualmente claro o que o artista desejava: mostrar ao público que as comics também poderiam ser arte, utilizando a mesma técnica para fazer uma arte de linguagem comum. Eric Daigh utiliza de igual modo algo banal, cotidiano, como os alfinetes coloridos que seguram recados ou fotografias em quadros, para compor suas obras.


© Eric Daigh, "Chloe".

Os alfinetes alcançaram a arte. Alfinetes em cinco cores, normalmente encontrados nos mercados, possibilitam a criação de rostos humanos em close nas mãos de Daigh. Ele inicia com as fotos dos rostos, depois começa a compor a obra com os alfinetes: como um pintor poderia utilizar tinta, ele utiliza os pequeninos pontos coloridos de metal. Através da combinação das cores e da localização precisa de cada alfinete nasce um rosto.

Acostumados a ver o mundo em pontos, por causa do pixel das telas tão comuns ao dia-a-dia, parece ser uma grande ideia revelar ao público o que ele já vê mas não percebe. Como os primórdios do pontilhismo já traduziam: o mundo em pontos necessita de distância para ser compreendido. Hoje sabemos que, se os pontos estiverem bem próximos, a distância tende a diminuir. O que Daigh propõe é o contrário: a distância que faz ver. Os pontos das cabeças de alfinetes saltam da obra como quem pede licença, como quem quer ser visto, dizer que está ali. Os pontos que formam rostos não deixam de ser alfinetes, apenas possuem algo a mais: a arte de ser o que não se é – um rosto.


© Eric Daigh, "Megan".


© Eric Daigh, processo de trabalho.


© Eric Daigh, processo de trabalho.


© Eric Daigh.

Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2013/01/sobre_pontos_e_rostos_eric_daigh.html#ixzz2IkuU0CLP

2 comentários:

Agradeço sua participação que é muito importante para mim.