terça-feira, 18 de setembro de 2012

O frágil vidro por José Ferreira




por vezes
pelo interstício das células faz-se o caminho
como se colocasses os pés dentro de água, impermeável
ao líquido e à escama que desliza –


a cidade não te surge como destino.
por vezes, a cidade é uma rua deserta
não tem qualquer significado
quando caminhas sozinho –


há um banco no jardim do universo
há uma física emoldurada de tílias
há um horizonte que se constrói na planície do sonho
e uma realidade difícil
que se ultrapassa todos os dias.


sempre que a parede, muro, líquen ou vidro
se ergue como a Babel do incompreensível
procura o fio, a curiosidade de descobrir o infinito
procura o linho, a mão unida, a sede dos olhos
a luz no caminho


há sempre uma saída –

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