"Não é que o mundo seja só ruim e triste. É que as pequenas notícias não saem nos grandes jornais. Quando uma pena flutua no ar por oito segundos ou a menina abraça o seu grande amigo, nenhum jornalista escreve a respeito. Só os poetas o fazem."
Benjamins começam a namorar
Depois de tanto sufoco e timidez, finalmente se encontraram, no laguinho da pia. Ela, um pouco envergonhada de suas sardas e pintas e ele, como dizem, mais vermelho do que um pimentão, sem saber como lhe pedir um benjinho. Tinham tanto, tanto! a dizer que não achavam palavras. Então, ficaram em silêncio, olhando-se pelos reflexos, um sorvendo a presença do outro.
Sobre o agora
"Vivo tão intensamente o momento presente
que quase chego atrasada ao momento seguinte."
que quase chego atrasada ao momento seguinte."
"Essa casquinha fez uma ponte sobre a ferida porque
feridas abertas são como abismos por dentro."
feridas abertas são como abismos por dentro."
"Meus braços não são do tamanho do mundo, mas foram feitos no tamanho exato de abraçar alguém."
“Mariana lambeu as lágrimas que escorriam,
manchando a língua de tristezas, Quando o vazio é muito grande,
as lágrimas são transparentes”.
manchando a língua de tristezas, Quando o vazio é muito grande,
as lágrimas são transparentes”.
Pôr-do-sol/ Foto: Rita Apoena
Rita Apoena é daquelas pessoas que ao esbarrarmos, mesmo de longe, te leva para um mundo cheio de amor, esperança, amizade e ternura. Sua escrita simples cativa a todos que tem a oportunidade de ler e o seu uso constante de metáforas torna a leitura ainda mais prazerosa.
"A gente dorme de olhos fechados
que é para poder sonhar por dentro, amor."
que é para poder sonhar por dentro, amor."
"Olhei para cima e assoprei. Foi tanta estrela caindo que agora eu mal consigo enxergar de tanta esperança."
"Pensar é ser íntimo de si mesmo. Se não pensássemos, teríamos conosco várias formalidades, como nunca tirar a roupa para tomar um banho."
Do algodão
“Não te preocupa, vestido! Quando o sol voltar ao céu e as nuvens te quiserem de volta, dois pregadores, no varal, vão te salvar!"
“Rita Apoena não entende por que um guarda-chuva se chama guarda-chuva e não guarda-cabeça. Afinal, de que lado ele está?”
Chuva/ Foto: Rita Apoena.
Rita Apoena é natural do Rio Grande do Sul. Cursou a Faculdade de Letras na UFRGS/Português e Francês. Graduou-se em fotografia pelo Centro Universitário Senac e atualmente dedica-se a um novo curso de letras na USP.
Sua poesia é rica em ternura, e fala sobre dilemas humanos recorrentes a todos nós, como amizade, solidão, fim de relacionamentos e amor. Quando começamos a ler seu trabalho percebemos alguns traços da escritora Clarice Lispector e uma forte influência da narrativa poética de Mário Quintana, autor por quem diz ter uma enorme identificação e foi uma de suas maiores companhias de cabeceira na adolescência. Mas isso não tira a originalidade de sua obra de maneira alguma. Sem contar que além de escritora é uma ótima fotógrafa, suas imagens são tão poéticas quanto suas palavras, transbordam vida, só que em cores.
Sua poesia é rica em ternura, e fala sobre dilemas humanos recorrentes a todos nós, como amizade, solidão, fim de relacionamentos e amor. Quando começamos a ler seu trabalho percebemos alguns traços da escritora Clarice Lispector e uma forte influência da narrativa poética de Mário Quintana, autor por quem diz ter uma enorme identificação e foi uma de suas maiores companhias de cabeceira na adolescência. Mas isso não tira a originalidade de sua obra de maneira alguma. Sem contar que além de escritora é uma ótima fotógrafa, suas imagens são tão poéticas quanto suas palavras, transbordam vida, só que em cores.
"Não é difícil congelar a cena quando podemos cruzar o cenário e costurar uma estrela: pequeno botão que fecha a noite antes do dia se abrir."
Trapezista/ Foto: Rita Apoena.
Dos encontros/ Foto: Rita Apoena.
Apoena é uma escritora alternativa e completamente independente. Não tem nenhum livro sendo vendido, todo o seu trabalho é disponibilizado em páginas na internet. Ela diz não ter pretensão alguma em ganhar dinheiro com a venda de livros já que seu maior objetivo é ser amada, porque no fundo é tudo o que todos nós queremos.
"[...] Parece que ninguém é amado simplesmente pelo que é, por existir no mundo do jeito que for, mas pelo que faz em troca desse amor.[...]"
Começou a escrever muito pequena, visando colocar para fora sua angústia em ver um passarinho engaiolado, desde então, escreve para fazer carinho com as palavras em seus leitores, e para acariciar-se também.
"Em espanhol, ilusión significa: espécie de óculos tridimensionais habilitados a transmitir um sonho que só aconteceu em seus olhos."
"Em bengali, imaginário é um carrinho de livros invisíveis que um velhinho empurra através dos séculos para emprestar ao sonho dos meninos."
"Entre os olhos e os lábios daquele menino, alguém deixou respingar labirintos, e foi por ali que ela se perdeu."
Eu acompanho o trabalho da Rita há seis anos, e em um desses momentos tive a chance de trocar alguns e-mails com ela, eu era uma fã que imaginava ter encontrado alguém para habitar o meu mundo de ideias solitárias, um alguém quase perfeito, foi então, que eu tive a oportunidade de perceber que Ritinha era humana. Cheia de timidez, inseguranças e solidão. E é exatamente esse misto de sentimentos que faz com que sua escrita seja tão viva e original.
Das partidas/ Foto: Rita Apoena.
Essência
"Pessoas vestem roupas. Até a minha cama é forrada de lençol. Tem meia para o pé e luva para a mão. Tem calcinha, sutiã, touca e cachecol. Meu cachorro é cheio de pelos e a montanha é cheia de árvores. Hoje, até as nuvens esconderam o céu e a grama forrou o quintal. Uma coisa é por cima da outra. A bala veio enrolada no plástico e até a borboleta se cobriu. Quando eu tiro a minha roupa, a epiderme não me abre e, se eu me descascasse, ainda seria músculo a enrolar o osso. É. Ainda tem o osso. Talvez eu seja, então, só aquela carninha dentro do osso de uma coxa de galinha."
A verdade é que Ritinha é uma menina-mulher cheia de amor e talento, que tem a generosidade de dividir tudo isso conosco. Como boa poetisa do século XXI utiliza as novas mídias para alcançar o público e fazê-lo pensar por alguns instantes no melhor da vida. Seria ótimo se escrevesse um livro com poesias inéditas. Não tenho dúvidas que alcançaria sucesso de vendas, pois quem não iria querer um pouquinho de todo esse carinho em sua cabeceira?
Para quem desejar saber mais sobre essa linda poetisa, encontre aqui uma entrevista dada por ela.
Para ver mais fotos de Rita clique aqui
Para ler mais poesias clique nesta página.
E aqui está o seu twitter.
Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/entre_ocio_e_sonhos/2012/08/o-fabuloso-mundo-de-rita-apoena.html#ixzz23EQXkRDG
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