quarta-feira, 8 de agosto de 2012

AS JANELAS DAS RAÍZES POR JORGE ARRIMAR



Eu sei que as paredes grossas 
da casa onde nascemos 
se começaram a construir 
no tempo de outras gerações. 
E ambos descobrimos isso 
quando gatinhávamos 
pelas primeiras letras 
dos livros mais antigos 
que lhe serviram de alicerces. 

Ainda os vemos de páginas abertas 
no chão úmido da memória, 
como se fossem as janelas 
das raízes que nos suportam.

-X-X-X-X-X-
Jorge Manuel de Abreu Arrimar nasceu em Chibia, Huíla (Angola), em 1953. Na década de 1970, criou com amigos o Grupo Cultural da Huíla (Grucuhuíla). Estudou na Faculdade de Letras da Universidade de Luanda, tendo concluído a licenciatura em História e especializando-se em Ciências Documentais. Foi professor de português em Açores, onde dirigiu, com Carlos Loureiro, um suplemento literário chamadoPágina Africana.  Publicou, entre outros títulos, Ovatylongo (1975), Poemas (1979, em parceria com Eduardo B. Pinto), 20 Poemas de Savana (1981), Murilaonde (1990), Fonte do Lilau (1990), Secretos Sinais (1992) e Confluências (1997, em parceria com Manuel Yao). Em 1985 radicou-se em Macau, onde ocupou o cargo de diretor da Biblioteca Nacional. É colaborador do Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, organizado pelo Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro e prepara uma Antologia de Poetas de Macau em parceria com Yao Jingming.  Reside hoje em Portugal.

2 comentários:

  1. "As janelas das raízes" é um belíssimo poema de memórias...Jorge Arrimar, borda as palavras com as lembranças que lhe trazem, através de janelas, as raízes que o sustentam enquanto homem e poeta.

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  2. Este poema é belíssimo e nos faz acreditar nas raízes que fazem o sustentáculo de nossa história através deste bordado único da vida.
    Obrigada Graça por seu comentário.

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