segunda-feira, 16 de julho de 2012

Grafiteiros mostram o que mudou com as UPPs em exposição


Rio -  Leandro Tick, morador da Ladeira dos Tabajaras, grafitou uma casa na árvore. É o símbolo, para ele, de um lugar simples e seguro. Enquanto isso, na tela de Wark, da Rocinha, um menino com um pincel na mão — pintado em preto e branco — representa o futuro da comunidade. As obras fazem parte da exposição ‘A Cor da Paz’, que abre amanhã, às 19h30, com o olhar de oito grafiteiros de comunidades cariocas sobre as transformações ocorridas após a chegada das UPPs.

A mostra faz a abertura do X-Tudo Cultural, que tem programação até o dia 27 no Teatro Sesi, no Centro. A entrada é gratuita. “A pacificação é a mistura de vários elementos. A união de vários tons é que culmina numa cor conjunta e coletiva. O grafiteiro, com toda sua vivência, traz um olhar bem diferenciado sobre o assunto”, afirma o curador da exposição, Airá Ocrespo. “ ‘A Cor da Paz’ faz um grito: acorda, paz!”.
Foto: Divulgação
Obra do grafiteiro e curador da exposição Airá Ocrespo é um dos trabalhos inéditos feitos para a mostra | Foto: Divulgação
Todos os trabalhos são inéditos, feitos para a exposição. Uma visão positiva sobre o processo de pacificação predomina na maioria deles, de acordo com Airá. Mas, entre os tons de esperança, também há os de alerta e de crítica. Wark, por exemplo, usou as cores como símbolos de necessidades da comunidade:

“O azul representa o saneamento básico, que ainda é precário. O vermelho lembra que, antes da pacificação, tivemos uma guerra. O preto e branco, no menino, simboliza um artista que está sem cor, pois não é visto. Ao lado dele, coloquei cinco linhas de caderno, vazias, usando o azul bebê. Nelas, vamos escrever uma nova história. Que história será essa?”, pergunta ele, que ensina grafite a jovens em seu ateliê montado na Rocinha.

Nascido em Guaraciaba do Norte, no Ceará, e morador da Ladeira dos Tabajaras há 20 anos, Leandro Tick admite que já foi pessimista em relação à ação policial. “Era tudo muito opressivo. O morador era visto como o cara mau, o bandido”, ele diz. A opinião mudou. Tanto que sua casa na árvore representa paz, segurança e harmonia.

“Costumo sempre grafitar barraquinho de madeira. Ele mostra que ali é um bom lugar para se viver, por mais modesto que seja. Espero que isso não seja momentâneo”

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