segunda-feira, 4 de junho de 2012

UMA VIAGEM PELA ROTA DO VINHO EM MENDOZA





A região do vale do Monte Aconcágua oferece diversas oportunidades de passeios com belas
paisagens.O imponente Monte Aconcágua, com seus 6.962 metros acima do nível do mar,
 é o primeiro contato que se tem com a província de Mendoza. 
Situada no centro-oeste da Argentina, ao pé da Cordilheira dos Andes –
o cinturão de montanhas mais alto das Américas -, a cidade de mesmo nome ocupa um 
extenso território, de cerca de 150 mil quilômetros quadrados. 
Plana e arborizada, Mendoza é pacata, apesar da população de um milhão de habitantes. 
As ruas são cortadas por canais que desviam o curso da água, proveniente do degelo andino.
Esta mesma técnica, aprendida pelos colonizadores espanhóis com os índios, 
ajuda a abastecer os vinhedos da região. Do outro lado da montanha encontra-se a
vizinha Santiago do Chile.





Em Cheval, a paisagem é recortada pela Cordilheira dos Andes


O clima aqui é geralmente agradável, temperado e com escassez de umidade. 
Tudo indica, porém, que imprevistos climáticos acontecem não apenas em países tropicais; 
quatro dias de chuva intermitente acompanharam a visita de um grupo de dez jornalistas brasileiros, 
pouco afeitos a acreditar na informação de que em Mendoza chove apenas quinze dias por ano.
 A temperatura, que em fins de abril deveria ser de 20º C, foi caindo gradativamente
 até estacionar em 4º C.


Come-se muito bem na região, como é comum em cidades onde a cultura do vinho predomina. 
Esta é a verdadeira terra do malbec, a uva símbolo do país. A presença de solos propícios ao cultivo –
 com altas temperaturas durante os dias de verão e noites mais amenas -, fez do lugar a mais importante região vitivinícola da América do Sul, responsável por cerca de 70% de todo o vinhedo argentino.





A degustação vertical de afincados e reservas é um dos pontos altos da viagem


O motivo da visita foi conhecer um dos destaques da região: os vinhedos de Cheval de Andes eTerrazas de los Andes, operação sulamericana do grupo LVMH – maior conglomerado de empresas de luxo do mundo -, proprietário de marcas de prestígio como Louis Vuitton, Moët & Chandon-Hennessy e os champagnes Veuve Cliquot e Dom Pérignon.


Ela começa por uma recepção no vine loft de Cheval des Andes, um espaço dedicado à degustação deste que é considerado um dos melhores vinhos argentinos do momento. Nicolás Audebert, nosso primeiro anfitrião francês, explica que a empresa organiza estes encontros anuais com o intuito de promover não apenas a marca, mas o vinho argentino como um todo. Ao que parece, o Brasil se tornou um grande mercado consumidor.


A propriedade de 40 hectares ao pé da Cordilheira de neve eterna impressiona. Aqui, o savoir-faire francês encontrou eco no charme argentino. Com a chuva e o frio inesperados, uma partida de pólo e outras atividades outdoor que estavam programadas foram canceladas. Sem alternativas para entreter o grupo pelo resto do dia, o almoço degustação transformou-se em consumo desenfreado, embalado pelo calor da lareira e por boa música francesa. Os generosos anfitriões permitiram algo inédito: experimentarmos todas as safras de Cheval des Andes desde o início de sua fabricação, em 1999.





Além da degustação, os visitantes recebem lições sobre como diferenciar os diferentes tipos de rótulos


No final da tarde, o retorno feliz para o cinco estrelas Diplomatic, localizado bem no centro da cidade. O ponto alto da viagem, entretanto, aconteceu nesta mesma noite, na casa sede da Terrazas de los Andes – uma antiga bodega de arquitetura colonial do século 19, cercada por plátanos, álamos e touceiras de lavanda. Ali ocorreu a degustação vertical de oito rótulos reserva e afincado da marca, com destaque para os malbec e syrah, sob a influência de uma intensa cenografia e ao som de violino e violoncelo. Em seguida, um jantar para convidados no interior da adega apresentou o restante dos vinhos, como o Chardonay e o Terrazas Torrontés, de sobremesa.


O dia seguinte foi dedicado a visita aos vinhedos de Las Compuertas, em Vistalba. Apesar do frio, uma espécie de vinho quente foi improvisado em uma fogueira, onde foi possível aprender o motivo pelo qual a Argentina se destaca hoje na produção da uva malbec. Originária da França, ela foi, juntamente com todas as outras espécies, dizimada pela praga filoxera, proveniente dos Estados Unidos, que atacou os vinhedos europeus em fins do século 19 . Mais de 25 anos se passaram até que a produção européia se recuperasse, mas, na Argentina, mudas trazidas antes do filoxera prosperaram e resistem à praga desde então.


Durante a tarde do útimo dia, a equipe de enólogos e agrônomos franceses responsável pelo acompanhamento de toda a produção nos levou para conhecer os bastidores do manuseio da uva e confecção do vinho em todas as suas etapas, desde o início do processo.


Mendoza é um destino turístico dos mais interessantes. Aos bravos que conseguirem sobreviver à chamada rota do vinho há, além dos vinhedos, belos spas de águas termais e diversas opções de passeios na natureza, inclusive pela Cordilheira dos Andes. (MARCOS ZEITOUNE)


* O repórter viajou a convite de Terrazas de los Andes





A degustação é seguida de um elegante jantar nas dependências da bodega colonial do século XIX





O cardápio é criteriosamente pensado de acordo com os vinhos selecionados,


Fonte: Casa Vogue

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