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O recente escândalo envolvendo a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira, com envolvimento de políticos e funcionários públicos, reacendeu os questionamentos a respeito da postura que os trabalhadores devem ter em relação à administração pública e ao erário, alimentado, em grande parte, com os impostos pagos por milhões de assalariados brasileiros.
De acordo com Wadih Damous, presidente da OAB-RJ, a data deve dividir os cidadãos, que convivem ao mesmo tempo com o crescimento econômico e com seguidas denúncias de má conduta dos poderosos:
“Os trabalhadores brasileiros, nesse 1º de maio, devem estar experimentando sentimentos distintos. Por um lado, se beneficiam do crescimento econômico do país, que trouxe mais empregos, melhores salários e aumento do consumo; por outro, se indignam por verem parte do dinheiro que pagam em impostos - altos - ser desviado para a corrupção, ao invés de investimentos em saúde, segurança e educação”, explica. “Os últimos acontecimentos que culminaram com a instalação da chamada "CPI do Cachoeira", mostram que os tentáculos do polvo da corrupção se estendem em diversas esferas da administração pública, dos poderes constituídos e do mundo empresarial, além de revelarem a promiscuidade de homens públicos com personagens de conduta duvidosa da iniciativa privada. Espera-se que a CPI não redunde em "pizza" e que constitua um duro golpe na corrupção endêmica existente na vida pública brasileira e leve à punição de corruptos e corruptores”, afirma.
Já o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, destaca que o trabalhador comum não deve ser tentado a cometer desvios éticos por conta do exemplo que recebe da classe política. Segundo ele, toda a sociedade é responsável por construir um país melhor:
"Diante dos desafios do mundo de hoje, aqueles trabalhadores que buscam o sustento de sua família devem continuar acreditando que o sustendo deve ser obtido com honestidade. Só assim o trabalhador tem bons frutos para ele e para o país. Só desta forma é possível construir um mundo melhor. Todos somos responsáveis pela construção de uma sociedade justa e completa. Só quem vive na justiça e na ética com seu trabalho está colaborando para isso".
Coordenador do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ), Cláudio Monteiro destaca que a cobrança da sociedade deve ser pela implantação de mecanismos de fiscalização à conduta do dinheiro público:
“O trabalhador tem que cobrar mais transparência. A gente enfrenta esse problema da corrupção, que é um dos problemas mais sérios que temos. Isso será resolvido com informação e transparência por parte dos governantes. Só com acesso às informações sobre a administração pública, tanto por parte da imprensa, quanto por parte do cidadão, é assim que evoluiremos para combater esses problemas”, sentenciou.
A Associação Brasileira de Imprensa também se manifestou sobre o assunto. Segundo o presidente da entidade, Maurício Azêdo, a indignação da sociedade com os corruptos pode ser uma barreira importante para impedir que políticos corruptos conquistem cargos:
“O conjunto da cidadania não pode perder a esperança de que as mazelas que o país apresenta atualmente sejam superadas, graças a iniciativas como a criação da CPI que investigará os negócios do Senhor Carlinhos Cachoeira e seus cúmplices enquistados no Legislativo e em outros cargos públicos. A sociedade está cansada de tanta corrupção e esse sentimento generalizado pode vir a se constituir em uma barreira para os aventureiros que encontram na vida pública formas de enriquecimento ilícito”, completa.
Fonte: Jornal do Brasil
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