© Jackson Pollock, "The She Wolf" (1943).
Jackson Pollock (28 de janeiro de 1912 — 11 de agosto de 1956) iniciou seus estudos de artes em Los Angeles. Teve contactos com os nativos americanos e posteriormente mudou-se para New York, onde trabalhou no atelier experimental do artista mexicano David Alfaro Siqueiros. Todos elementos que irão influenciar sua produção.
© Jackson Pollock, "Pasiphae" (1943).
Se em seus primeiros trabalhos o figurativo é o foco de sua produção, o inicio da ruptura se deu nos anos 1940, quando Pollock começa a tentar novas técnicas de pintura. A experimentação já estava presente em seu espirito, como percebemos em seus trabalhos ainda figurativos: o traço livre quase caótico, a dispersão da lógica e a busca de uma essência. Logo a tela convencional não era mais suficiente para Pollock, que, além de derramar tinta sobre suas obras aleatoriamente – dripping -, passa a colocá-las no chão de seu atelier. A partir daí, o artista começou a entender sua produção sob outra vertente: “A pintura tem vida própria. Procuro deixar que ela se manifeste.”
© Jackson Pollock.
O dripping era a técnica na qual respingava a tinta sobre suas imensas telas; os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam entrelaçar-se na superfície do suporte. Essa ação foi possibilitada em muito pelas tintas sintéticas à base de resina, uma novidade no período. Ao desenvolver essa técnica, Pollock passou a utilizá-la quase que exclusivamente - de 1947 a 1950 -, fazendo uso de ferramentas não convencionais, como varas, escovas duras e até seringas, regando para criar.
© Jackson Pollock, "Autumn Rhythm - Number 30" - pormenor (1950).
Esses trabalhos de Pollock estão ligados à
action painting – estilo que teve suas primeiras experimentações na primeira metade do século XX em Nova York, resultado das pesquisas dos surrealistas e de seus processos de pintura automática, e que sofreu influência da arte japonesa e chinesa. Mas foi com Pollock que o estilo ganho maior expressão.
© Jackson Pollock, "Number 1A".
Com a tela no chão, Pollock não só se colocava, mas sentia-se dentro do quadro, caminhando sobre ele e pintando em redor – em várias obras encontram-se resíduos de sangue de seus pés, cortados acidentalmente. A sua inserção em sua produção é tamanha que levou Hans Namuth – fotográfo alemão - a filmá-lo e fotografa-lo durante o processo. Apesar do trabalho de Namuth ser uma obra à parte, esses registros nos possibilitam penetrar e compreender o processo criativo de Pollock, como ele afirma em um dos trechos do filme:
“Não trabalho a partir de desenhos ou esboços em cores. Minha pintura é direta. (...) O método de pintar é o resultado natural de uma necessidade. Quero expressar meus sentimentos, e não ilustrá-los. A técnica é apenas um meio de chegar a uma declaração. Quando estou pintando, tenho uma ideia geral do que estou fazendo. Posso controlar o fluxo da pintura: não há acidentes, assim como não há começo nem fim.”
© Jackson Pollock, "Number 7" (1951).
Percebemos como suas pinturas operam na esfera do inconsciente e os elementos presentes nelas são prolongamentos do eu do artista. Pollock desafiou as convenções da pintura ocidental – que pensava a pintura verticalmente – e transformou o pintar em um ato quase performático, tratando o próprio corpo como um instrumento de pintura, explicitando o ato físico de pintar e ampliando as dimensões de ação do corpo dentro da pintura.
© Jackson Pollock, "Number 1 (Lavander Mist)" (1950).
Pollock mesclou o controle e o descontrole no ato de criação de cada obra: se cada movimento de seu corpo é pensado e controlado, o mesmo não ocorre com a tinta que cai e escorre sobre a tela. Com suas obras, Pollock obrigou – e ainda obriga – o observador a refletir sobre a pintura além da representação – tanto que ele abandonou a titulação de suas obras e apenas as numerava, afastando preconcepções.
© Jackson Pollock, "Number 31" (1950).
© Jackson Pollock, "Number 29" - pintura sobre vidro (1950).
“Minha pintura não vem do cavalete. Dificilmente estendo minha tela antes de pintar. Prefiro abri-la numa parede ou no chão. Preciso da resistência de uma superfície dura. No chão estou mais à vontade. Sinto-me mais próximo, mais parte da pintura, pois desta forma eu posso andar em torno dela, trabalhar dos quatro lados e estar literalmente na pintura. Esse método assemelha-se ao método dos pintores de areia índios do Oeste. (...) Quando estou em minha pintura, eu não estou ciente do que estou fazendo. Só depois de uma espécie de período de "conhecimento" é que vejo o que estive fazendo. Não tenho medo de fazer mudanças, destruindo a imagem, etc., porque a pintura tem uma vida própria. Procuro deixar que esse mistério se releve. Só quando perco o contato com a pintura é que o resultado é confuso. Caso contrário, há harmonia pura, um dar e tomar livre, e a pintura sai bem.”
Jackson Pollock, Minha Pintura (1947/48)
© Jackson Pollock, "Number 2" estudos.
Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2012/05/pollock_um_homem_no_centro_de_sua_tela.html#ixzz1v4wEemwp
Aprende-se tanto, Aline,neste recanto, nesta viagem de sentidos, recupera-se a memória de outros quadros que não víamos, e abre-se os olhos para uma arte, a arte que completa os dias
ResponderExcluirAbraço grande
José
O que seria de nós José sem uma boa memória?
ResponderExcluir"A gratidão é a memória do coração!"
Mesmo depois de 100 anos sou grata a Pollock pela liberdade dos seus traços, e também por saber que há vida na pintura quando a direção vem dela mesma. Beijos! Bom dia!