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A “Medusa Murtola”, ilustra as características responsáveis por tornar Caravaggio conhecido.
Em fevereiro último, uma notícia sacudiu o mundo das artes: uma nova “Medusa” de Caravaggio havia sido descoberta numa coleção particular na Itália. Especialistas analisaram radiografias do que se pensava até então uma cópia da pintura do mestre barroco e concluíram que uma segunda peça, como a original de 1600, também havia sido feita pelo artista. Michelangelo Merisi Caravaggio (1571–1610) pintou a cabeça decapitada da outra Medusa num escudo, hoje no acervo da Galleria degli Uffizi, em Florença. A boa notícia é que em poucos dias, o público mineiro apreciador de arte vai poder conferir in loco as peças do artista que revolucionou a arte de seu tempo. E, não bastasse, dos que se filiaram à sua escola.
Da próxima terça, 22, ao dia 15 de julho, a Casa Fiat de Cultura apresenta “Caravaggio e seus Seguidores”, exposição com seis óleos do mestre e 14 pinturas dos chamados “Caravaggescos”, os mais importantes seguidores do artista. Na sexta-feira (18), oHoje em Dia acompanhou um momento bastante particular da engrenagem de todo o processo que culminará no cortar de fitas da mostra: a abertura de algumas das caixas contendo as obras de Caravaggio, que, previsivelmente, foi acompanhada de emoção por parte dos presentes.
Cumpre dizer que a “Medusa Murtola”, citada no início da matéria, e que compõe a exposição, ainda não chegou: a previsão é que o comboio que cumpre a hercúlea tarefa de fazer com que o capolavoro chegue à capital mineira fará sua parada final apenas na segunda. Mas os presentes ontem à Casa Fiat não puderam deixar de prender a respiração no momento em que a abertura das primeiras caixas revelou um conteúdo dos mais preciosos: as telas “San Girolamo che Scrive” e “Ritratto di Cardinale”.
Evento que integra a programação do Momento Itália-Brasil 2011-2012, “Caravaggio e seus seguidores” reúne obras da Itália, de Malta e da Inglaterra. Além de pertencentes a coleções particulares, as pinturas provêm de três dos mais prestigiados museus estatais italianos – Galleria Borghese (Roma), Palazzo Barberini (Roma) e a já citada Galleria degli Uffizi (Florença). Detalalhe: algumas, como a “Medusa Murtola” e “Ritratto di Cardinale”, saem da Itália pela primeira vez.
De Minas Gerais, a exposição segue, em julho, para o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP).
Caravaggio notabilizou-se pelo uso da técnica do chiaroscuro, em que o emprego de luzes e sombras confere dramaticidade às cenas retratadas.
De acordo com a curadoria da mostra, as pinturas de Caravaggio expostas no Brasil retratam diversos períodos pictóricos e da vida do artista, dividindo-se em três blocos: trabalhos consagrados e conhecidos do imaginário do pintor, novas descobertas e quadros considerados “problemas” pela história da arte – obras em estudo, quando comparadas a outras telas do gênio, por meio de pesquisas e publicações.
Assim, o público poderá apreciar as “bases” do revolucionário modo de pintar do gênio, bem como características fundamentais de suas composições: o tema retirado da realidade; o formato “ao natural” das figuras semelhantes ao espectador; a cena toda representada em primeiro plano, para envolver emocionalmente quem olha; o fundo neutro ou escuro – de modo a concentrar a atenção sobre o tema representado – e enfatizado pelo feixe de luz forte e direto, e, principalmente, a acentuada dialética do claro-escuro, que torna tudo “real”, vivo e vital.
A idealização da mostra é de Rossella Vodret, uma das principais especialistas em Caravaggio na Itália e chefe da Superintendência Especial para o Patrimônio Histórico, Artístico e Etnoantropológico e para o Pólo Museológico da Cidade de Roma. Na Itália, a curadoria tem participação de Giorgio Leone e, no Brasil, de Fabio Magalhães.
Na visão do curador italiano, Giorgio Leone, será uma oportunidade ímpar para o público brasileiro: “Das obras produzidas por Caravaggio, durante seus 39 anos de vida, apenas 62 chegaram aos nossos dias. Os visitantes, portanto, apreciarão dez por cento da produção do artista”.
Assim que foi aberto, “Ritratto di Cardinale” foi avaliado pelos especialistas presentes ontem na Casa Fiat. Motivo: certificar-se de que a tela não sofreu nenhuma avaria no trajeto, que, previsivelmente, foi acompanhado por batedores. Detalhe: com a preocupação de não fazer alarde. Tanto que as caixas azuis sequer continham especificações, no melhor estilo low profile. Questões de segurança.
O quadro foi realizado em significativo momento da trajetória do artista, quando o jovem Caravaggio chega a Roma com dificuldades financeiras e pede emprego em um dos ateliês (bottega, em italiano) da cidade. À época, o artista produzia muito para sobreviver, a ponto de fazer dois ou três retratos por dia. Acredita-se, pois, que “Ritratto di Cardinale”, que já ilustra o grande domínio da técnica pictórica pelo artista, seja desse período.
Ainda de acordo com a organização da mostra, é interessante a história por trás de “San Gennaro decollato o Sant’Agapito”, quadro encontrado em Palestrina, província de Roma, um dos locais onde Caravaggio refugiou-se depois de ser considerado culpado pelo assassinato de Ranuccio Tomasso, em 1606. Nessa fase, condenado à decapitação, o artista começou a retratar situações como a de San Gennaro decollato: figuras mórbidas, entre a vida e a morte.
À imprensa, José Eduardo Lima Pereira, presidente da Casa Fiat, falou sobre as dificuldades que teve que driblar para realizar o sonho da instituição de trazer a mostra. O público certamente será capaz de retribuir com um “bravo!”.
Exposição Caravaggio e seus Seguidores – Período: 22 de maio a 15 de julho de 2012
Local: Casa Fiat de Cultura – Rua Jornalista Djalma Andrade, 1.250, Belvedere.
Horários: Terças a sextas, de 10h às 21h. Sábados, domingos e feriados, de 14h às 21h. Entrada e transporte gratuitos.
Informações: 31 3289-8900 e www.casafiatdecultura.com.br
Visitas orientadas para grupos e escolas: 31 3289-8910 eagendamento1@casafiat.com.br
Confira a programação de palestras, cinema e atividades educativas no site.
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