Do que é feito todo seu manancial literário, se não da busca constante de dar forma ao vazio do inaudito, do silêncio. Ao que não tem razão de ser, mas é. E todo seu impulso ficcional tendo intrinsecamente sua condição existência singular, sua vida, posta na mesa, nos dedos. Em uma escrita intensa e imediata no processo de gerar formas, filhos, textos, retratos, imagens simbólicas que invadem a visão da alma como um grito perturbador, que subversivamente, hora acalenta. Como a própria Clarice disse: "Fotografia é o retrato de um côncavo, de uma falta, de uma ausência."
E nesta aproximação do ato de fotografar e escrever. Trago o depoimento da fotógrafa Claudia Andujar, contando como retratou a escritora, em 1961. A foto ilustrou a capa da biografia "Clarice", de Benjamin Moser, lançado em 2009, pela Editora Cosac Naify.
"Fui à casa de Clarice Lispector para fotografá-la a pedido da revista Claudia, que naquele ano de 1961 preparava uma reportagem sobre a escritora. Pouco me lembro daquele dia perdido no tempo, mas há detalhes que guardo para sempre. Ninguém da revista me acompanhava e fui recebida com muita simpatia por aquela mulher linda, vestida com simplicidade e elegância. Conversamos pouco. Quis deixá-la à vontade para a foto, e perguntei como gostaria de se posicionar. Se não me engano, a ideia de sentar diante da máquina de escrever e começar a trabalhar em algum texto foi de Clarice. E então ela se deixou absorver pelo ato de escrever, completamente entregue, sem quase notar minha presença". (Fonte: Cosac Naify)
Falo mais de Clarice em um texto crítico quanto à sua atual popularidade no seguinte artigo: A impopularidade de Clarice Lispector. E compartilho um conto da transfiguração da menina em mulher neste: Clarice, Mulher
Leia mais: http://lounge.obviousmag.org/embriaguez_artistica/2012/04/um-vazio-um-retrato-de-clarice.html#ixzz1szWIUBO3
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