segunda-feira, 19 de março de 2012


 
 Óleo de Vladimir Valegov 


Quando nos mastros mais altos
das escarpas
as bandeiras em desassossego
caminhavam sibililinas
por uma nesga de sol


tu eras um rio
contra a vontade das águas
a desaguar


margens
pássaros
barcos
sedimentos


à procura de uma nova expressão
para todos os azuis


Ainda hoje não te descobri
mas estou a ver-te aqui dos mastros
tão infinita
sentada no cais


Um dia vou encontrar-te
antiga
olhos hasteados


a construir o fim da tarde

(Eufrázio Filipe)


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