© Edward Hopper, "Quarto de Hotel".
As épocas de crise sempre foram propícias à criação de grandes obras culturais. Estes acontecimentos dramáticos surgem como inspiração a escritores, fotógrafos, realizadores de cinema e pintores. A Primeira Guerra Mundial, a Grande Depressão Americana de 1929 e a Segunda Grande Guerra, foram vividas por Edward Hopper (1882- 1967), influenciando grande parte da sua obra.
Se F. Scott Fitzgerald (1896-1940) retratou na literatura o fracasso do “sonho americano”, Hopper fê-lo nas telas. Em “O Grande Gatsby”, Fitzgerald mostra-nos a solidão do milionário Jay Gatsby, embora sempre rodeado de multidões e festas na sua mansão. As pinturas de Hopper representam esse sentimento através das suas melancólicas paisagens e protagonistas.
São cenários urbanos e também rurais, onde reina a descrença: nas pessoas, na cidade, na perspectiva de uma vida melhor; onde o pessimismo se instala no quotidiano. Edward Hopper inspirou-se nas juventudes perdidas na Guerra, nos escravos da época e nos empregos perdidos aos milhares. O seu estilo de linhas finas e cuidadas, acompanhadas de formas largas e de uma iluminação invulgar, consegue captar exactamente o que pretendia: o vazio, a solidão, a imobilidade estática que aprisiona as emoções e as vidas dos personagens.
Em 1925, pinta “Casa ao lado da ferrovia”. Uma mansão isolada, sem ninguém por perto, mesmo em frente a um caminho-de-ferro. Hopper era um cinéfilo assumido e transpunha para estas paisagens os truques de mistério e suspense utilizados no grande ecrã. Mas o contrário também acontecia. Por exemplo em 1960, este quadro inspirou Alfred Hitchcock na criação do Hotel Bates do thriller “Psicose”.
© Edward Hopper, "House by the railroad".
Fachadas de prédios, ruas e praças praticamente vazias, bombas de gasolina em estradas isoladas foram outros dos cenários retratados pelo pintor, tipicos do modo de vida americano.
As figuras humanas pintadas por Edward Hopper demonstram uma melancolia e um silêncio que mais facilmente associaríamos a paisagens. O seu realismo capta a essência interior de cada uma dessas pessoas - sozinhas num quarto de hotel, acompanhas por estranhos numa viagem de comboio ou numa ida ao café, ou ao lado de conhecidos numa reunião familiar. Em “Aves nocturnas” de 1945, Hopper, mais que três pessoas juntas, pinta a forma como cada um se refugia na sua própria solidão. Já em “Noite de Verão” existe apenas distanciamento entre um casal de namorados, mostrando que mesmo alguém tão próximo de nós pode estar tão longe do nosso íntimo.
© Edward Hopper, "Noite de Verão".
© Edward Hopper, "Noite de Verão".
© Edward Hopper, "Nighthawks".
A obra de Edward Hopper continua a fazer sentido: um dia-a-dia preenchido por pessoas alienadas de si mesmas, sem ligações afectivas desinteressadas, vazias, imobilizadas e com um enorme sentimento de solidão.
© Edward Hopper, "Autorretrato".
© Edward Hopper, "Cadeira".
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