© Xistu, "Jardim Xistu".
A origem do crochê continua a ser segredo dos deuses. Algumas teorias apostam que se trata da evolução de práticas tradicionais na Arábia, América do Sul ou China. Sem evidências, trata-se de uma jogada de lotaria sem solução até ao século XIX, quando esta arte assume popularidade na Europa.
© Xistu, "Margarida".
A autobiografia da autora Elizabeth Grant - The Memoirs of a Highland Lady”(As memórias de uma mulher da Serra, 1812) - retrata a história social da Irlanda em 1840 e o olhar mais atento sobre a diferença das classes sociais no que concerne o trabalho nas fazendas. É a primeira referência da palavra crochê.
© "Famine Memorial Dublin" (Wikicommons).
Durante o período da Grande Fome na Irlanda, que ocorreu entre 1845 a 1849, caracterizado pela fome, doenças e emigração, as freiras ursulinas (termo utilizado pela ordem religiosa da Igreja Católica para designar a formação e assistência de meninas pobres), no seu lema de união INSIEME (que significa “juntas”), ensinavam mulheres e crianças a tecer rendas de crochê que eram vendidas em toda a Europa para ajudar a população.
O desfiar da história revela ainda que a Rainha Vitória de Inglaterra, ícone nacional e a figura que encarnava o modelo idílico de valores rigorosos, chegou a comprar renda feita de crochê, aprendendo a sua técnica.
© Victoria na manhã da sua Ascesão ao Trono (Wikicommons).
© Victoria na manhã da sua Ascesão ao Trono (Wikicommons).
O fio do novelo também abraçou a II Guerra Mundial com o baby boom (elevadas taxas de natalidade), sendo condutor dos valores domésticos e das técnicas artesanais. Na década de 60, crochês coloridos celebravam os ideais hippie “Paz e Amor” com os famosos “quadrados da vovó” nas suas mantas.
© "Occupy Wall Street Hippies" (Wikicommons, David Shankbone).
Hoje em dia, a arte felina de desfiar novelos é livre, não sendo necessário seguir receitas ou modelos. Os bonecos tricotados recheados (amigurumi, em japonês) e as medalhas são outras das novidades. A criatividade alavanca a agulha, que desfia um novelo sem limites. Aqui ficam alguns exemplos.
Na lógica da língua sânscrita, que reúne um conjunto de vinte e três línguas da índia, a artista Erin Endicott segue o antigo "sutra" em que, para coser, o fio ou a linha têm que unir. Nos Sutras de Cura, o uso do bordado contemporâneo em tecido antigo serve de tela para explorar tópicos que unem gerações de mulheres. As feridas, ao nível físico ou psicológico, correspondem a um ponto de meditação. Estas obras poderão ser visualizadas no website de Erin.
© Erin Endicott, "Healing Sutra #10 (Detalhe)".
Emily Barletta é uma artista que absorve a natureza e toda a sua estrutura orgânica em fios de novelo. A sua arte lembra seres marinhos. A qualidade surreal dos seus trabalhos pode ser acompanhada também no seu website.
© Emily Barletta, "Horizon".
© Emily Barletta, "Rocks".
O projeto XISTU - Design e Artesanato é um dos exemplos que procuram articular a arte e o artesanato, mantendo tradições numa abordagem muito pessoal. Poderá visualizar estas e outras imagens de medalhas artesanais no website xistu ou na página de facebook.
Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2012/03/a_arte_felina_de_desfiar_novelos.html#ixzz1qFN3ogUm
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