O carro abre-alas da Mocidade teve problemas ao longo do desfile e provocou correria no final
Foto: AFP
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Quarta escola a desfilar na Sapucaí, a Mocidade Independente de Padre Miguel levou ao sambódromo a arte de Cândido Portinari. A escola apostou no brilho e nas cores e imagens fortes pintadas pelo artista brasileiro para manter a empolgação do público nas primeiras horas da madrugada de segunda-feira (20).
Apesar de grandioso, o desfile contou com problemas no seu carro abre-alas. A alegoria saiu de rumo e colidiu com a lateral da Sapucaí. O incidente não deixou feridos, mas pode prejudicar a avaliação da escola. Na dispersão, novamente o carro atrapalhou a saída das alas. Com 22 metros de comprimento, a alegoria não conseguiu fazer a conversão e ficou cruzada na dispersão e contribuiu para atrasar o andamento o desfile.
Para contar a trajetória do pintor, cuja morte completa 50 anos em 2012, a escola apresentou 41 alas e 3,8 mil componentes. O tamanho do enredo causou apreensão no final da apresentação e provocou uma acelerada no desfile da Mocidade, que encerrou sua passagem no limite do tempo. A comissão de frente, que trouxe ao sambódromo o ateliê de Portinari. Vestidos de branco, os dançarinos representavam os traços utilizados pelo pintor nos seus esboços de quadros.
O abre-alas trouxe dois arcanjos com trombetas esculpidos em prata, em módulos separados na frente do carro. A escultura representou a inspiração e o talento divino do artista. O módulo principal mostrou uma escultura do pintor toda em branco, cor predominante no carro. A alegoria teve também uma estrela, símbolo da escola, composta com pequenos pedaços de espelho, produzindo efeitos de luz e brilho ao longo do desfile.
Após uma abertura em que o branco predominou, a Mocidade começou a mostrar as cores de Portinari nas alas seguintes ao carro abre-alas, mostrando a infância do pintor e temas usados em sua obra. Entre as alas, um tripé com um grande espantalho representou uma figura recorrente em suas obras.
Representando os pincéis utilizados por Portinari, e com as cores que compõem o arco-íris, a bateria fez um movimento ousado durante sua entrada para o recuo. Os ritmistas abriram um corredor por onde os passistas da ala seguinte, vestidos de branco, cruzaram a bateria, fazendo um belo efeito visual. À frente dos músicos, Antônia Fontenelle desfilou fantasiada de Rainha das Cores.
As cores da escola também variaram com as temáticas das suas obras. As obras de Portinari foram destacadas pelas alas e alegorias, mostrando as colheitas de café, o universo sertanejo, e o trabalho com azulejos. Sua obra mais conhecida com a técnica, a Igreja de São Francisco de Assis, em Belo Horizonte, foi lembrada em uma das alegorias. Outra alegoria, "Êxodo Sertanejo", mostrou a seca do Nordeste, com urubus, carcaça de bode e estatua de criança morta.
O encerramento do desfile lembrou os painéis Guerra e Paz, últimos quadros produzidos por Portinari e que são expostos na sede da ONU, em Nova York. As alas mostraram o embate e os detalhes das duas obras gigantescas que foram detalhadas no último carro alegórico, "Ainda Vivemos em Guerra, Porém Desejamos a Paz".
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