quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Em homenagem ao calor: HISTÓRIA DO SORVETE!




A culinária foi sempre com muita propriedade considerada uma arte. E dentre as suas obras primas não podia faltar o delicioso sorvete. Este querido amigo dos meses quentes de verão possui também uma história e um passado ilustre.

O uso de bebidas geladas como refrigério contra a sede ardente remonta aos egípcios e persas. Esses eram amantes dos sucos de frutas variadamente aromatizados. Segundo uma antiga gravura, os requintadíssimos persas teriam conhecido o famoso “pezzi duri”, que era apresentado em forma de ovo.

Grandes degustadores de sucos foram também os romanos. Conta-se que Júlio César fazia grande uso deles durante as suas atormentadas incursões militares. Nero disponha de um conjunto de escravos que tinham a difícil tarefa de buscar constantemente blocos de gelo nas montanhas e retornar rapidamente antes que derretessem, a fim de que os cozinheiros pudessem preparar sua sobremesa gelada. Tão apreciadores deles foram também os árabes, de cuja língua deriva a palavra “chorbat” que deu origem ao nome sorvete.

Mas o verdadeiro sorvete, o amanteigado de creme, como hoje se conhece remonta ao século XVI. Teve sua origem na cidade de Florença, Itália. Talvez por obra de Berardo Buontalenti.

Como toda invenção que se preza, não poderia faltar seus protetores. A primeira de todas foi Catarina de Médicis. Esta introduziu o seu uso na corte de França, mandando vir de Florença dois habilíssimos sorveteiros.

No século seguinte encontramos na Itália um verdadeiro “exército” de sorveteiros ocupados em descobrir novas receitas, novas decorações, novas especialidades. É deste período que surgiram o “Spumone” florentino, as “Tortas geladas” napolitanas e o Alerquim ou sorvete misto, cujo nome recorda uma origem veneziana.


A Primeira Sorveteria do Mundo

O inventor da máquina de sorvete ainda para uso doméstico foi outro florentino, Procópio Colteli. Este em 1660 abriu em Paris, em frente a Comédie Francease a primeira sorveteria, o Café Procope, que até o século passado era frequentadíssimo pela alta sociedade francesa, por literatos, artistas e políticos.

Teve também um grande renome o Café Napolitano aberto por Torloni. Pouco a pouco os italianos foram difundindo o sorvete nos demais países europeus.
A Inglaterra foi conquistada para o consumo do sorvete em 1680, por um cozinheiro da Catânia que, em um jantar na City, coração político e comercial londrino, teria apresentado uma enorme torta gelada, mas tão artisticamente decorada que chegou a provocar inveja nos mais hábeis cozinheiros britânicos.
As crônicas chegam até mesmo a citar numerosos “litígios” entre damas ocorridos porque uma oferecendo um ótimo salário, conseguia roubar da outra o seu mestre sorveteiro.
Carlos I da Inglaterra pagava o fabuloso ordenado de vinte libras esterlinas por ano ao seu cozinheiro, especializado na confecção de sorvetes em forma de ovo, com casca de baunilha e a gema de framboesa.
O receituário que os sorveteiros italianos empregavam com o máximo segredo foi finalmente descoberto por um cozinheiro francês de nome Clermont em fins do século XVII. Tendo emigrado para os Estados Unidos, ali estabeleceu uma fábrica de sorvetes com bastante sucesso. A idéia do “cone” (copinho) e de outros sistemas mais adequados para saborear o sorvete a qualquer hora é dos americanos.
Com a industrialização desta refinada guloseima, a sua confecção perdeu aquele toque artístico que sempre os sorveteiros italianos lhe haviam dado. Entretanto, foram criados novos receituários tornando o sorvete um companheiro indispensável das tardes quentes de verão.
Mas também entre nós, tal hábito é bastante difundido. A julgar pelas numerosas sorveterias espalhadas pelo Brasil, especialmente no Norte e Nordeste que, dado a variedade de frutas como o cupuaçu, caju, mangaba, bacuri e outras, proporcionam aos seus “afeiçoados degustadores” o frescor do corpo e a alegria da alma.

Fonte: Enciclopédia Ilustrada em Cores Trópico, Martins Editora volume VII

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