O Grande Prêmio de Pintura que Sigmar Polke (1941-2010) recebeu na 13.ª Bienal de São Paulo, em 1975, foi um marco em sua carreira, como diz Tereza de Arruda, curadora da atual mostra do artista no Masp. 'É a primeira premiação de sua trajetória', conta. Uma década depois, em 1986, o artista se consagrou na mais tradicional das bienais, a de Veneza, quando recebeu o Leão de Ouro da exposição. Agora, na atual 54.ª Biennale italiana, inaugurada em junho e em cartaz até 27 de novembro, com curadoria da suíça Bice Curiger, Sigmar Polke é destaque mais uma vez.
No Pavilhão Central nos Giardini de Veneza, onde está um dos segmentos da exposição ILLUMInazioni (Iluminações), título da Biennale de 2011, Polke participa da mostra com conjunto de pinturas de 2007. São trabalhos da série Strahlen Sehen - ou Vendo Raios, na tradução -, nas quais o artista usa sobre a tela pintada uma superfície transparente/opaca de acrílico, que muda a visão da obra conforme a posição do espectador.
'A superfície ondulada nos desafia a nos mover para apreender diferentes relances da obra, que tem sua estrutura pictórica distorcida', define Bice Curiger. Ela ainda destaca o 'novo conceito' que Sigmar Polke criou a partir dos anos 1980, o da 'concreta' abstração que 'trata os aspectos materiais como pivô da pintura e ponto de transição', nas palavras da curadora.
A presença de obras do artista alemão na 54.ª Bienal é uma homenagem à sua participação na edição de 86, quando ele colocou na área externa do Pavilhão Alemanha, pinturas da série Polícia Porca (Polizeischwein). A mostra deste ano recupera uma das obras daquele conjunto, uma tela de três metros de comprimento. As pinturas daquela série, realizadas com tinta acrílica, são composições em preto e branco, baseadas na fotografia, publicada em um jornal, que mostra um guarda de fronteira colocando seu quepe na cabeça de um porco.
A ironia está presente em Polícia Porca, numa vertente mais explícita dentro da produção do artista. Já no conjunto Vendo Raios, de 2007, que integra o ciclo Pinturas de Lentes, Polke é sutil, promove a experiência, a distorção/construção/desconstrução da imagem. São composições que misturam o gráfico e o pictórico - como se vê na imagem reproduzida ao lado, as figuras, os raios e a árvore no lado direito da tela são desenhos estampados. 'O alquimista' Polke, define Curiger, está sempre desafiando noções - da pintura pura, da natureza pura -, e essa inquietação do artista é possível descobrir ainda na mostra do Masp. / C.M.
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