O artista chinês Ai Weiwei é um espelho de coragem e teimosia. Abordado diversas vezes pelas autoridades chinesas, Weiwei continuar a denunciar a corrupção, repressão e violência do regime comunista, não olhando a consequências. Conheça aqui um pouco do seu trabalho.
© Ai Weiwei, "Documenta".
Apesar de todos os constrangimentos e censuras, existem vozes que se erguem mais alto para dizerem o que está errado. Vozes corajosas que se ouvem para além da sua própria casa, cidade ou país. Mesmo que saibam que nada podem mudar sozinhos, as suas vozes erguem-se acima das nossas cabeças. Vozes como a voz do artista chinês Ai Weiwei.
Nascido em 1957 filho de um poeta activista, cedo este artista mostrou o seu espírito reinvindicativo e livre, criando o grupo Stars com apenas 21 anos. Pouco depois, rumou aos Estados Unidos da América para estudar e produzir arte durante mais de dez anos: viveu principalmente em Nova Iorque e apenas voltou a Pequim devido à doença do pai. Aí, dinamizou a cena artística de Pequim e publicou três livros acerca da nova geração de artistas. Contemporâneo e irreverente, já se dedicava à escultura, arquitectura, fotografia, cinema e produção de instalações.
Uma das paixões mais marcadas de Weiwei é a arquitectura e em 2003 abriu o estúdio FAKE Design. O único projecto de arquitectura levado a cabo pelo artista nos Estados Unidos (2006) ganhou vários prémios, entre os quais o "Best Private House" da revista Wallpaper.
© Ai Weiwei, "Fairy Tale 1001 Chairs".
© Ai Weiwei, "Chairs".
As exposições deste artista têm corrido o mundo, desde as capitais europeias aos Estados Unidos, à América Latina e ao Japão, onde o artista mostra essencialmente as suas instalações e fotografia. Por exemplo, para o festival de arte Documenta na Alemanha, Weiwei trouxe 1001 chineses para a pequena cidade de Kassel e deixou-os durante três meses a viver na cidade, de forma a observar o efeito que isso produzia. Desenhou a roupa, bagagem e até o alojamento, dividindo-os em cinco grupos. O resultado desta experiência foi observado não só nos residentes de Kassel, mas também nos 1001 deslocados.
Nas suas obras, Weiwei faz uma crítica rebuscada à política e à sociedade chinesas que lhe valeram uma inimizade por parte do Governo. O artista fala abertamente da falta de democracia no seu país e do desrespeito pelos direitos humanos. Investigou também por conta própria a corrupção do governo e as suas tentativas de encobrimento.
© Ai Weiwei.
© Ai Weiwei, "Descending Light".
A relação entre Weiwei e as autoridades chinesas tornou-se mais amarga desde 2008, quando o artista decidiu apoiar o trabalho de listagem que outro artista estava a desenvolver de todos os estudantes mortos pelo terremoto de Sichuan em 2008. Depois de terem espancado o artista numa tentativa de impedi-lo de testemunhar, em 2010 as autoridades chinesas demoliram o seu estúdio de Shanghai e proibiram-no de sair do país.
No entanto, a repressão não ficou só aí. Em Abril de 2011 Weiwei foi preso por alegados crimes fiscais, o que gerou a atenção dos meios de comunicação de todo o mundo para a falta de liberdade na China e levou a movimentos de intelectuais por todo o mundo a exigiram a sua libertação. Dois meses depois, foi libertado sob condição de não abandonar a cidade de Pequim e não emitir as suas opiniões na Internet. Contudo, em Agosto já Weiwei crticava publicamente as detenções violentas de outros activistas chineses, como Liu Zhenggang, Wen Tao, Hu Mingfen e Zhang Jinsong.
Infelizmente, o artista comparado a Andy Warhol é apenas um entre as centenas de dissidentes que têm sido abordados pelas autoridades chinesas desde fevereiro, numa tentativa do governo tentar calar as forças opositoras.
“Pequim é um pesadelo. Um pesadelo constante”, Ai Weiwei
© Ai Weiwei.
© Ai Weiwei, "Sunflower Seeds"
Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2011/10/voz_da_liberdade_ai_weiwei.html#ixzz1bXZswsVK
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