Cheirinho de pipoca no ar... Não resisti! Minha querida aluna Yasmin Cerqueira Calzolari do Colégio Estadual Chequer Jorge fez uma linda crônica que aguçou minha imaginação. Por favor, leiam! Divirtam-se!

                                  Por um descuido do pipoqueiro

     Era um final de tarde como tantos outros. Dona Amália varria a calçada enquanto o pipoqueiro passava na rua. Era a hora das crianças saírem da escola, era uma correria só. Tudo rotineiro, nada de anormal até que por um descuido do pipoqueiro, ao colocar muito milho na panela, a deixou transbordar. E as pipocas que saem da panela aos poucos vão caindo no asfalto. Pegam carona no vento, passam pela vassoura de dona Amália e não demoram estão no centro da cidade.

      No centro encontram muitos outros pipoqueiros que, na correria do povo e dos carros, deixam muitas outras panelas transbordarem. Agora já são pipocas de todos os tamanhos, cores e sabores e mais algumas queimadas que logo se dissolvem no calor do asfalto. Grandes demais e pequenas demais, também não duram muito. Massacradas por carros, dissolvidas pela chuva. Só as mais fortes permanecem.
     Já não são mais tantas pipocas. Queimadas desmancham, muito doces grudam em plantas, muito salgadas esfarelam. E as poucas que ainda restam resistem ao sol e a chuva, a altos e baixos, mas não são mais como antes. Estão murchas, sujas e esfarelando-se pouco a pouco e agora já se transformaram em lixo, em pó.

                                                                                              
                                                            Yasmin Cerqueira Calzolari